jueves, 27 de diciembre de 2012
O tal de 2013
Tantas são as vezes que aqui venho, que já me acontece ter que pensar (uns segundos) para me lembrar da senha de acesso, Eu, que já falhei o "Bom Natal", Eu, que falho bem mais do que acerto e ainda assim tenho a lata da fazer balanços positivos (quer em zoom in, quer em zoom out), disto que é a Vida, aproveito para informar a TODOS (9486 a dividir por x pessoas, rezam as estatísticas - nunca saberei o valor de x) os que passam por aqui, que 2013 será um ano "em bom" e o facto de eu ter nascido a 13 tem só um bocadinho a ver com isso... O resto terá sempre que ver com a perspectiva e eu desejo que se coloquem a jeito ;)
jueves, 13 de diciembre de 2012
A transportar para 2013
Há ideias potencialmente luminosas e simultaneamente imprecisas, como raios de luz desenhados em parceria pela poeira e pelo Sol.
A que tenho para o futuro deste blogue (ou talvez de outro) parece-me assim...
PS: Achei que o devia escrever, como que a comprometer-me. Preciso de me comprometer com ideias para as concretizar, porque é-me tão mais fácil magicar outras...
A que tenho para o futuro deste blogue (ou talvez de outro) parece-me assim...
PS: Achei que o devia escrever, como que a comprometer-me. Preciso de me comprometer com ideias para as concretizar, porque é-me tão mais fácil magicar outras...
jueves, 29 de noviembre de 2012
lunes, 19 de noviembre de 2012
Portugueses?
Há uma multiplicidade de cinzentos entre o preto e o branco, mas há coisas que só são pretas e há outras que são apenas brancas.
Nesta espécie de diário, relato que se vivem dias de contestação perante a situação do país e o rumo político. Sobre os excessos ocorridos na mais recente manifestação, não tenho qualquer dúvida: à polícia cabia deter quem teimava em minar o direito à manifestação e meto no mesmo saco os que apedrejam, queimam, destroem, e os que assistem, cúmplices, ao apedrejamento e à destruição.
Sem ressalvas, porque a idade, neste contexto, não é um posto: se idosos (a menos que estejam senis, o que é válido para qualquer idade) se mantêm numa manifestação em que o respeito pelo ser humano é inexistente, sujeitam-se, de livre vontade, às consequências.
A ordem para reagir, só pecou por tardia.
Só não compreendo (há muito tempo) como é que aquela gente não é condenada a limpar matas, calcetar ruas e demais serviços cívicos? Era pô-los a limpar a (minha) serra da Estrela, a ver se lhes voltava a vontade de arruaçar!
Chamo-me Susana Marques e dou a cara por isto que escrevo.
Nesta espécie de diário, relato que se vivem dias de contestação perante a situação do país e o rumo político. Sobre os excessos ocorridos na mais recente manifestação, não tenho qualquer dúvida: à polícia cabia deter quem teimava em minar o direito à manifestação e meto no mesmo saco os que apedrejam, queimam, destroem, e os que assistem, cúmplices, ao apedrejamento e à destruição.
Sem ressalvas, porque a idade, neste contexto, não é um posto: se idosos (a menos que estejam senis, o que é válido para qualquer idade) se mantêm numa manifestação em que o respeito pelo ser humano é inexistente, sujeitam-se, de livre vontade, às consequências.
A ordem para reagir, só pecou por tardia.
Só não compreendo (há muito tempo) como é que aquela gente não é condenada a limpar matas, calcetar ruas e demais serviços cívicos? Era pô-los a limpar a (minha) serra da Estrela, a ver se lhes voltava a vontade de arruaçar!
Chamo-me Susana Marques e dou a cara por isto que escrevo.
martes, 6 de noviembre de 2012
"Caravelas"
Ganhei com esta fotografia o desafio lançado pela Sancha, ou melhor: a minha foto foi uma das vencedoras!
Acho que a sorte também carregou no gatilho: a sorte de estar naquela altura no varandim do Elevador de Santa Justa!
Claro que o hábito de descobrir formas menos abstratas nas nuvens também ajudou...
miércoles, 31 de octubre de 2012
jueves, 25 de octubre de 2012
Paixão, País, Amor
Os substantivos deste título deveriam estar no plural...
No início era Amesterdão, era a Holanda.
Talvez por culpa do Van Basten e do Adam Curry, talvez por gostar da cor laranja, talvez porque os holandeses foram os primeiros estrangeiros de que me apercebi, talvez por culpa dos amigos holandeses que via nas fotos de férias da minha madrinha. Certamente também pela associação à água e às flores, às tulipas de quase todas as cores. Não era ainda por escutar o belga Brell sobre o brinde dos marinheiros, no porto de Amesterdão, aos sonhos e à saúde das prostitutas da cidade velha, nem pelas imagens das estreitas casinhas de encantar, nas margens, e das flutuantes, nos canais de Amesterdão, numa cidade que é mais curvilínea do que angulosa e que me perdoe o Marquês (a quem agradeço a geometria de Lisboa), mas sabe-me tão bem a sinuosidade medieval de cidades como o Porto e Amesterdão. (A natureza privou Lisboa de quase tudo o que era medieval e se era para reconstruir, claro que não fazia sentido recorrer, no século XVIII, à lógica do passado).
Enfim, era a Amesterdão que queria ir, era a Holanda que queria visitar se me fosse dado a escolher. Não foi e a Holanda surgiu no meu caminho bem mais tarde, por alturas da minha espécie de Erasmus em Antuérpia. Uma ida fugaz de um dia, que confirmou tudo o que eu sabia, tudo o que eu suspeitava sobre a Holanda e sobre os holandeses, com bonificações. Amesterdão não deve andar muito longe da cidade perfeita para se viver, pelo temperamento, por um lado, alegre e contagiante, de flores, bicicletas (já disse que ver gente a andar de bicicletas nas cidades me deixa feliz), animação e criatividade, por outro, suave, à força da chuva assídua e da água que por todo o lado nos ordena sensatez, respeito e tranquilidade. Quando uma cidade não precisa de sol para brilhar, é porque nos apaixonámos por ela. E eu apaixonei-me mesmo antes de a conhecer...
Voltei a Amesterdão mais duas vezes.
A primeira, assumidamente para a conhecer, passear de bicicleta, comprar queijos gigantes e roupa vintage nas feiras, confirmar a magia (alguns diriam loucura) das pinceladas de Van Gogh e o fulgor da arte no auge da Flandres, reviver o Diário de Anne Frank in loco, bisbilhotar por entre as cortinas mal corridas das casas-barco, despertar com o sino da igreja por detrás do hostal que me serviu de casa, no Red Ligh District, jantar às seis da tarde, beber cerveja em copos acabados de mergulhar numa bacia de água com higiene duvidosa, sentir-me ligeiramente holandesa, como se sentem os estrangeiros que os holandeses historicamente sempre gostaram de acolher, na cidade mais cosmopolita de toda a Holanda.
A segunda, a trabalho, mas com um fim de tarde livre para voltar aos "locais do crime", aqueles que mais me pedia a memória.
Os substantivos deste título não estão no plural, porque das outras paixões, países, dos outros amores escreverei noutros "capítulos"...
Em matéria de Amor, a regra é: um de cada vez ;)
No início era Amesterdão, era a Holanda.
Talvez por culpa do Van Basten e do Adam Curry, talvez por gostar da cor laranja, talvez porque os holandeses foram os primeiros estrangeiros de que me apercebi, talvez por culpa dos amigos holandeses que via nas fotos de férias da minha madrinha. Certamente também pela associação à água e às flores, às tulipas de quase todas as cores. Não era ainda por escutar o belga Brell sobre o brinde dos marinheiros, no porto de Amesterdão, aos sonhos e à saúde das prostitutas da cidade velha, nem pelas imagens das estreitas casinhas de encantar, nas margens, e das flutuantes, nos canais de Amesterdão, numa cidade que é mais curvilínea do que angulosa e que me perdoe o Marquês (a quem agradeço a geometria de Lisboa), mas sabe-me tão bem a sinuosidade medieval de cidades como o Porto e Amesterdão. (A natureza privou Lisboa de quase tudo o que era medieval e se era para reconstruir, claro que não fazia sentido recorrer, no século XVIII, à lógica do passado).
Enfim, era a Amesterdão que queria ir, era a Holanda que queria visitar se me fosse dado a escolher. Não foi e a Holanda surgiu no meu caminho bem mais tarde, por alturas da minha espécie de Erasmus em Antuérpia. Uma ida fugaz de um dia, que confirmou tudo o que eu sabia, tudo o que eu suspeitava sobre a Holanda e sobre os holandeses, com bonificações. Amesterdão não deve andar muito longe da cidade perfeita para se viver, pelo temperamento, por um lado, alegre e contagiante, de flores, bicicletas (já disse que ver gente a andar de bicicletas nas cidades me deixa feliz), animação e criatividade, por outro, suave, à força da chuva assídua e da água que por todo o lado nos ordena sensatez, respeito e tranquilidade. Quando uma cidade não precisa de sol para brilhar, é porque nos apaixonámos por ela. E eu apaixonei-me mesmo antes de a conhecer...
Voltei a Amesterdão mais duas vezes.
A primeira, assumidamente para a conhecer, passear de bicicleta, comprar queijos gigantes e roupa vintage nas feiras, confirmar a magia (alguns diriam loucura) das pinceladas de Van Gogh e o fulgor da arte no auge da Flandres, reviver o Diário de Anne Frank in loco, bisbilhotar por entre as cortinas mal corridas das casas-barco, despertar com o sino da igreja por detrás do hostal que me serviu de casa, no Red Ligh District, jantar às seis da tarde, beber cerveja em copos acabados de mergulhar numa bacia de água com higiene duvidosa, sentir-me ligeiramente holandesa, como se sentem os estrangeiros que os holandeses historicamente sempre gostaram de acolher, na cidade mais cosmopolita de toda a Holanda.
A segunda, a trabalho, mas com um fim de tarde livre para voltar aos "locais do crime", aqueles que mais me pedia a memória.
Os substantivos deste título não estão no plural, porque das outras paixões, países, dos outros amores escreverei noutros "capítulos"...
Em matéria de Amor, a regra é: um de cada vez ;)
jueves, 11 de octubre de 2012
Joana de Portugal
Consta-se que todas as princesas e rainhas Joanas da cristandade homenageavam Joana D'Arc. No entanto, quantas foram guerreiras?
Pelo menos uma, Joana de Portugal, casada com Enrique IV, de Espanha. Trocava os brocados e as rendas (importados da, na época, mais luxuosa e moderna corte portuguesa) com que limitava, generosamente, o decote, que paralisava os gulosos olhares castelhanos, pela armadura para lutar ao lado do rei contra os mouros que ainda sobravam na península.
À cobiçada rainha, linda, segundo as escrituras, a História não terá feito justiça, mas Marsílio Cassotti, autor de "A Rainha Adúltera. Joana de Portugal e o enigma da Excelente Senhora", reescreveu-a, com esse objectivo.
A mulher que criou a mais influente rainha espanhola - Isabel, a Católica, cuja vida, retratada em série, está a deixar, semanalmente, três milhões de espanhóis colados à televisão - por opção, já que a queria perto de si, de modo a evitar que casasse com Fernando de Aragão (com quem casou mesmo), comprometendo os planos portugueses (do mano Afonso V) de anexar Castela. Isabel muito terá aprendido com a culta, astuta e sedutora Joana de Portugal...
O mais singular legado de Joana terá sido, como tenta provar Marsílio, o facto de ter sido a primeira mulher do mundo inseminada artificialmente. A filha, Joana (a Excelente Senhora), que a História apelidou de bastarda e de Beltraneja (atribuída a uma relação adúltera com Beltrán de la Cueva), era, de acordo com as provas apresentadas por Marsilio, do rei Enrique, que se declarou impotente, mas não era estéril.
A ginecologia estava já bastante avançada porque assim convinha aos interesses de sucessão da realeza. E, no caso, serviu os de Castela, garantindo por inseminação artificial sucessora a Enrique. Como o que estava em jogo era o poder: difamaram a rainha para impedir que a princesa (também Joana) herdasse a coroa do pai.
Tudo seria inevitavelmente diferente se Isabel não chegasse a rainha, se Afonso V casasse com a sobrinha, para anexar Castela.Talvez não nos tivéssemos virado para o mar...
Ah! Sim, a rainha foi adúltera (por amor), mas bem depois de ter tido Joana. Nos sete primeiros anos de casamento não engravidou, nem do marido impotente, nem de nenhum outro: na época, não havia contraceptivos! Logo...
Joana tinha os traços germânicos de Enrique, contrastando com os latinos da mãe.
Isto parece fofoca histórica, mas é bem mais do que isso: é a ciência e o jogo político ao serviço do poder, na mesma família, a ibérica (casavam uns com os outros, para consumar a desejada união ibérica).
PS: Reapaixonei-me pela História!
Pelo menos uma, Joana de Portugal, casada com Enrique IV, de Espanha. Trocava os brocados e as rendas (importados da, na época, mais luxuosa e moderna corte portuguesa) com que limitava, generosamente, o decote, que paralisava os gulosos olhares castelhanos, pela armadura para lutar ao lado do rei contra os mouros que ainda sobravam na península.
À cobiçada rainha, linda, segundo as escrituras, a História não terá feito justiça, mas Marsílio Cassotti, autor de "A Rainha Adúltera. Joana de Portugal e o enigma da Excelente Senhora", reescreveu-a, com esse objectivo.
A mulher que criou a mais influente rainha espanhola - Isabel, a Católica, cuja vida, retratada em série, está a deixar, semanalmente, três milhões de espanhóis colados à televisão - por opção, já que a queria perto de si, de modo a evitar que casasse com Fernando de Aragão (com quem casou mesmo), comprometendo os planos portugueses (do mano Afonso V) de anexar Castela. Isabel muito terá aprendido com a culta, astuta e sedutora Joana de Portugal...
O mais singular legado de Joana terá sido, como tenta provar Marsílio, o facto de ter sido a primeira mulher do mundo inseminada artificialmente. A filha, Joana (a Excelente Senhora), que a História apelidou de bastarda e de Beltraneja (atribuída a uma relação adúltera com Beltrán de la Cueva), era, de acordo com as provas apresentadas por Marsilio, do rei Enrique, que se declarou impotente, mas não era estéril.
A ginecologia estava já bastante avançada porque assim convinha aos interesses de sucessão da realeza. E, no caso, serviu os de Castela, garantindo por inseminação artificial sucessora a Enrique. Como o que estava em jogo era o poder: difamaram a rainha para impedir que a princesa (também Joana) herdasse a coroa do pai.
Tudo seria inevitavelmente diferente se Isabel não chegasse a rainha, se Afonso V casasse com a sobrinha, para anexar Castela.Talvez não nos tivéssemos virado para o mar...
Ah! Sim, a rainha foi adúltera (por amor), mas bem depois de ter tido Joana. Nos sete primeiros anos de casamento não engravidou, nem do marido impotente, nem de nenhum outro: na época, não havia contraceptivos! Logo...
Joana tinha os traços germânicos de Enrique, contrastando com os latinos da mãe.
Isto parece fofoca histórica, mas é bem mais do que isso: é a ciência e o jogo político ao serviço do poder, na mesma família, a ibérica (casavam uns com os outros, para consumar a desejada união ibérica).
PS: Reapaixonei-me pela História!
jueves, 4 de octubre de 2012
Lisboa de Fernando Pessoa, Ary dos Santos e Eduardo Gageiro
A minha preferida é que revela D. José, lá do alto do seu absolutismo real (paradoxal que o monarca mais representativo desse regime político deva quase tudo a outra figura: o Marquês de Pombal). Eduardo Gageiro fotografou o monarca, como se ele estivesse em bico de pés, a querer aparecer de qualquer maneira: imagino que se tenha deitado no degrau mais baixo da escadaria do Cais das Colunas para assim o colocar. O que mais se vê é precisamente a sucessão de degraus, como se nos guiassem até essa representação do poder.
Gosto da fotografia por isso que vi nela e porque me lembrei das palavras de um certo marinheiro, do seu encanto por regressar a Portugal, pelo Tejo.
Também me lembrei de uma fotografia da Madona, que analisamos no curso de fotografia que fiz no CENJOR. Vê-se a cantora de costas e um batalhão de fotógrafos a tentar captá-la. O único que lá não estava era o autor da fotografia!
Gageiro também se pôs do lado de lá, dos que vêem Lisboa de fora, dos que a vêem do Tejo. E são muitos os que todos os dias a vêem assim.
Não consegui encontrar a fotografia da escadaria dos Cais das Colunas para a colocar aqui. Vai continuar exposta na Câmara Municipal de Lisboa, até ao dia 9 deste mês, na mostra: "Lisboa amarga e doce" de Eduardo Gageiro. A cidade, entre 1975 e 2010, pela lente de Gageiro, acompanhada das palavras de Fernando Pessoa e de Ary dos Santos.
"Outra vez te revejo — Lisboa e Tejo e tudo —,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver..."
Álvaro de Campos
"Nas minhas mãos a madrugada
abriu a flor de Abril também,
a flor sem medo perfumada
com o aroma que o mar tem,
flor de Lisboa bem amada
que mal me quis, que me quer bem."
Ary dos Santos
Gosto da fotografia por isso que vi nela e porque me lembrei das palavras de um certo marinheiro, do seu encanto por regressar a Portugal, pelo Tejo.
Também me lembrei de uma fotografia da Madona, que analisamos no curso de fotografia que fiz no CENJOR. Vê-se a cantora de costas e um batalhão de fotógrafos a tentar captá-la. O único que lá não estava era o autor da fotografia!
Gageiro também se pôs do lado de lá, dos que vêem Lisboa de fora, dos que a vêem do Tejo. E são muitos os que todos os dias a vêem assim.
Não consegui encontrar a fotografia da escadaria dos Cais das Colunas para a colocar aqui. Vai continuar exposta na Câmara Municipal de Lisboa, até ao dia 9 deste mês, na mostra: "Lisboa amarga e doce" de Eduardo Gageiro. A cidade, entre 1975 e 2010, pela lente de Gageiro, acompanhada das palavras de Fernando Pessoa e de Ary dos Santos.
"Outra vez te revejo — Lisboa e Tejo e tudo —,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver..."
Álvaro de Campos
"Nas minhas mãos a madrugada
abriu a flor de Abril também,
a flor sem medo perfumada
com o aroma que o mar tem,
flor de Lisboa bem amada
que mal me quis, que me quer bem."
Ary dos Santos
miércoles, 3 de octubre de 2012
Porto!
Publicidade goleia jornalismo
No caso da campanha da Cacharel, a minha leitura é a seguinte: fait divers 0 - campanha da Cacharel 10!
O "espírito benfiquista" (leia-se: a culpa é sempre de terceiros) contamina o caso: em vez de se reflectir sobre a razão pela qual "um rapaz alegadamente apaixonado e à procura da moça" mereceu tanta cobertura jornalística, é mais fácil crucificar a Cacharel!
Houve, no entanto, algum entusiamo desmedido e por isso ingénuo da Cacharel, ao permitir que o tal "Ricardo" fosse entrevistado pela TVI, sem antecipar que a opinião pública não paparia de bom grado o logro.
O "espírito benfiquista" (leia-se: a culpa é sempre de terceiros) contamina o caso: em vez de se reflectir sobre a razão pela qual "um rapaz alegadamente apaixonado e à procura da moça" mereceu tanta cobertura jornalística, é mais fácil crucificar a Cacharel!
Houve, no entanto, algum entusiamo desmedido e por isso ingénuo da Cacharel, ao permitir que o tal "Ricardo" fosse entrevistado pela TVI, sem antecipar que a opinião pública não paparia de bom grado o logro.
martes, 2 de octubre de 2012
Pedro Barroso, "na rua livre de um palco, entre canções"
"... seremos quase mil cantando pela Liberdade, em nome da memória e do futuro", promete Pedro Barroso na sua página no Facebook
Uns dias antes garantia: "Dia 2 quero fazer do palco uma pátria diferente. Que pelo mundo do sonho se distinga voe e saiba diferir do cinzento dos dias tristes. Quero q comigo sejam conjurados de um outro sentir, outro saber; o sitio onde o Douro encontra o Tejo e juntos arrasam todos os medíocres q nos controlam o prazer e a alegria.
Como detesto esta gente pintada de séria e corrupta até à raiz dos cabelos. Como me bast...ei de misérias impostas e roubos declarados.
Estarei como um povo inteiro, na rua; só q isso será na rua livre de um palco, entre canções. Mas o meu discurso embora poético, apela a tudo o que de positivo é possivel fazer e rejeita a submissão dos dias ao jugo germânico da esmola como moeda de exigência.
Temos mil anos de historia. Que raio! Nao podemos temer o futuro. Só há que saber dizer isto bem alto, sem medo de amanhã. Porque o futuro só meterá medo precisamente se não o dissermos.
Quero que todos no fim do Concerto sintam e digam: valeu a pena
E que sintam que é possivel mudar as coisas porque viver tem de ser mais que isto q nos estão a obrigar. E a memória que vos trago traz um futuro iminente de acontecer.
Que todos saiamos do Rivoli de portas abertas e vontade expressa.
Conto convosco. É tempo de agir."
E antes ainda, comentava: "Em relação ao 2 Out no Porto, acho sinceramente q a publicidade entre amigos é a q mais desejo e a q mais resulta. Quero ter a casa cheia de amigos cumplices e solidarios, bem precisamos todos dessa alma colectiva!"
Esta noite queria estar no Rivoli com este "trovador", que tão bem escreve para cantar.
Assim:
"Excesso"
Há amores estranhos fundos sem razão
- são secretos vivem na cumplicidade
indizíveis nas palavras que aqui vão
são impróprios de viver em liberdade
levaram a ternura ao exagero
e a um excesso saboroso a nossa pele
só compreende quem sente o latejar
bem mais dentro que os olhos do olhar,
há amores que não posso aqui explicar
pois quer queiram quer não inda vivemos
na pré-História de um Futuro de cem mil anos
nas grutas de um sentir que não sabemos
há uma palavra escandalosa e proibida
quando se fecha a porta e começa a fantasia
e me sento no sofá e desligo-me da vida
e fico Senhor completo do teu corpo
e o código começou e tu me ofereces
o máximo que alguém nos pode dar
e a guerra não tem hoje nem tabus
são duas vontades grandes que ali estão
e mais que as mãos e a boca e o Futuro
e o vício de dois corpos seminus
amarro em ti a vida que me escapa
e acordas-me explicando o mundo todo
e cedo a esta raiva que me mata
e sinto em ti Mulher, Mulher de mais
e houvesse aqui, agora, já, um altar
e eu casava-me contigo poro a poro,
casava-me contigo em todos os rituais
se é que não estou exactamente assim casando
o ontem com o presente e o infinito
e a cada jogo beijo salto ou grito
pressinto o chão fugir e o mundo longe
e há um abuso consentido que não peço
e tu olhas-me plácida e tremente raiva e calma
e a tormenta desabrocha e sai de nós
pela porta escancarada do excesso
"Viriato"
Trago comigo uma guitarra para a viagem
na minha voz esta canção antiga
tenho nos olhos mais do que a paisagem
a memória e o sal da gente amiga
não feneceu ainda em mim o velho sonho
trago na ideia uma razão e um sentido
que eu tenho o mar, o fundo mar, por testemunha
e a esse mar que em mim navega tudo é devido
e há qualquer coisa em tudo isto
que eu não posso ou sei esconder
e que faz com que vos cante esta canção
é uma história um gesto antigo
que eu nem sei como dizer
Viriato tem mil anos de razão
É do verde e fresco Minho que eu vos falo
e dessa calma alentejana que nos cala
e é em casa junto ao rio Tejo que me embalo
e é em Sagres que essa história mais nos fala
lá nas Atlântidas perdidas de um sonho
ou num velho cacilheiro que nos leva
e há nas ancas das varinas no Porto, na ribeira,
todo um mundo que nos lembra e que celebra
e há qualquer coisa em tudo isto
que eu não posso ou sei esconder
e que faz com que vos cante esta canção
é uma história um gesto antigo
que eu nem sei como dizer
Viriato tem mil anos de razão
Uns dias antes garantia: "Dia 2 quero fazer do palco uma pátria diferente. Que pelo mundo do sonho se distinga voe e saiba diferir do cinzento dos dias tristes. Quero q comigo sejam conjurados de um outro sentir, outro saber; o sitio onde o Douro encontra o Tejo e juntos arrasam todos os medíocres q nos controlam o prazer e a alegria.
Como detesto esta gente pintada de séria e corrupta até à raiz dos cabelos. Como me bast...ei de misérias impostas e roubos declarados.
Estarei como um povo inteiro, na rua; só q isso será na rua livre de um palco, entre canções. Mas o meu discurso embora poético, apela a tudo o que de positivo é possivel fazer e rejeita a submissão dos dias ao jugo germânico da esmola como moeda de exigência.
Temos mil anos de historia. Que raio! Nao podemos temer o futuro. Só há que saber dizer isto bem alto, sem medo de amanhã. Porque o futuro só meterá medo precisamente se não o dissermos.
Quero que todos no fim do Concerto sintam e digam: valeu a pena
E que sintam que é possivel mudar as coisas porque viver tem de ser mais que isto q nos estão a obrigar. E a memória que vos trago traz um futuro iminente de acontecer.
Que todos saiamos do Rivoli de portas abertas e vontade expressa.
Conto convosco. É tempo de agir."
E antes ainda, comentava: "Em relação ao 2 Out no Porto, acho sinceramente q a publicidade entre amigos é a q mais desejo e a q mais resulta. Quero ter a casa cheia de amigos cumplices e solidarios, bem precisamos todos dessa alma colectiva!"
Esta noite queria estar no Rivoli com este "trovador", que tão bem escreve para cantar.
Assim:
"Excesso"
Há amores estranhos fundos sem razão
- são secretos vivem na cumplicidade
indizíveis nas palavras que aqui vão
são impróprios de viver em liberdade
levaram a ternura ao exagero
e a um excesso saboroso a nossa pele
só compreende quem sente o latejar
bem mais dentro que os olhos do olhar,
há amores que não posso aqui explicar
pois quer queiram quer não inda vivemos
na pré-História de um Futuro de cem mil anos
nas grutas de um sentir que não sabemos
há uma palavra escandalosa e proibida
quando se fecha a porta e começa a fantasia
e me sento no sofá e desligo-me da vida
e fico Senhor completo do teu corpo
e o código começou e tu me ofereces
o máximo que alguém nos pode dar
e a guerra não tem hoje nem tabus
são duas vontades grandes que ali estão
e mais que as mãos e a boca e o Futuro
e o vício de dois corpos seminus
amarro em ti a vida que me escapa
e acordas-me explicando o mundo todo
e cedo a esta raiva que me mata
e sinto em ti Mulher, Mulher de mais
e houvesse aqui, agora, já, um altar
e eu casava-me contigo poro a poro,
casava-me contigo em todos os rituais
se é que não estou exactamente assim casando
o ontem com o presente e o infinito
e a cada jogo beijo salto ou grito
pressinto o chão fugir e o mundo longe
e há um abuso consentido que não peço
e tu olhas-me plácida e tremente raiva e calma
e a tormenta desabrocha e sai de nós
pela porta escancarada do excesso
"Viriato"
Trago comigo uma guitarra para a viagem
na minha voz esta canção antiga
tenho nos olhos mais do que a paisagem
a memória e o sal da gente amiga
não feneceu ainda em mim o velho sonho
trago na ideia uma razão e um sentido
que eu tenho o mar, o fundo mar, por testemunha
e a esse mar que em mim navega tudo é devido
e há qualquer coisa em tudo isto
que eu não posso ou sei esconder
e que faz com que vos cante esta canção
é uma história um gesto antigo
que eu nem sei como dizer
Viriato tem mil anos de razão
É do verde e fresco Minho que eu vos falo
e dessa calma alentejana que nos cala
e é em casa junto ao rio Tejo que me embalo
e é em Sagres que essa história mais nos fala
lá nas Atlântidas perdidas de um sonho
ou num velho cacilheiro que nos leva
e há nas ancas das varinas no Porto, na ribeira,
todo um mundo que nos lembra e que celebra
e há qualquer coisa em tudo isto
que eu não posso ou sei esconder
e que faz com que vos cante esta canção
é uma história um gesto antigo
que eu nem sei como dizer
Viriato tem mil anos de razão
Anonimato nas luzes da ribalta
No Abrupto, o que mais gosto é do nome. Ainda assim, de vez em quando, visito-o.
Cito o que escreve Pacheco Pereira sobre a manipulação política, com a cumplicidade do que alguns chamam de jornalismo:
"ÍNDICE DO SITUACIONISMO: "RECADOS" ANÓNIMOS
A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração.
E, nalguns casos, de respiração assistida.
Há vários problemas no nosso jornalismo político que são endémicos e contribuem para a sua má qualidade, entre eles a fusão de "recados" com fontes anónimas. Os "recados" são uma pura manipulação da opinião pública, transmitindo um discurso sem edição, que diz o que quer, que antecipa o que quer e que não precisa de ser confrontado com a realidade, nem com o contraditório. É um tipo de discurso político "limpo", sem mediação jornalística, que agrada aos políticos e manipula o jornalismo e a opinião.
O Expresso publica um por semana, tendo como origem o governo, e os gabinetes do Primeiro-ministro e do ministro Relvas, mais a sua multidão de assessores. Têm para quem os emite a vantagem de fornecer uma versão das coisas que é favorável ao poder, que ocupa normalmente uma primeira página e o seu título principal de forma vantajosa. Evita outra primeira página eventualmente mais hostil e pretende condicionar a opinião, fazer uma ameaça velada, ou testar a reacção a uma determinada medida. Muitas vezes pouco mais é do que a descrição de um "estado de alma" qualquer do primeiro-ministro (PM), destinado a sugerir que ele "sente" as mesmas indignações que o "povo", mesmo que não faça nada em consequência.
Os "recados" de hoje são mais do que isso:
"É preciso dar uma pedrada no charco e neste momento ele está claramente a pensar nisso e tem tudo em aberto: pode ser antes, durante ou após a apresentação do OE em 15 de Outubro" ("fonte próxima do PM").
"Se o PM recuou na TSU, também tem a agilidade, sem tabus, de rever o que está mal no governo." ("fonte oficial") .
Não tenho dúvidas sobre a fonte, foi o PM, ou alguém por "ele", como é identificado, que disse isto ao Expresso, usando o anonimato para exprimir não apenas opiniões, mas pressupostas intenções pessoais do PM. Num país em que houvesse um mínimo de vergonha, o Ministro da Economia apresentava a demissão de imediato, e se o ministro Relvas não estivesse envolvido na combinação, faria o mesmo. Para contentar a opinião pública, o PM ataca o seu próprio governo, debaixo da cobertura do anonimato, para transmitir uma "imagem" de determinação e firmeza em dia de manifestações. Não há uma linha destes "recados", que atravessam toda a "notícia", que não seja pura manipulação. No fundo é mais um sinal alarmante do grau de decomposição e desorientação do governo e do PM."
Cito o que escreve Pacheco Pereira sobre a manipulação política, com a cumplicidade do que alguns chamam de jornalismo:
"ÍNDICE DO SITUACIONISMO: "RECADOS" ANÓNIMOS
A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração.
E, nalguns casos, de respiração assistida.
Há vários problemas no nosso jornalismo político que são endémicos e contribuem para a sua má qualidade, entre eles a fusão de "recados" com fontes anónimas. Os "recados" são uma pura manipulação da opinião pública, transmitindo um discurso sem edição, que diz o que quer, que antecipa o que quer e que não precisa de ser confrontado com a realidade, nem com o contraditório. É um tipo de discurso político "limpo", sem mediação jornalística, que agrada aos políticos e manipula o jornalismo e a opinião.
O Expresso publica um por semana, tendo como origem o governo, e os gabinetes do Primeiro-ministro e do ministro Relvas, mais a sua multidão de assessores. Têm para quem os emite a vantagem de fornecer uma versão das coisas que é favorável ao poder, que ocupa normalmente uma primeira página e o seu título principal de forma vantajosa. Evita outra primeira página eventualmente mais hostil e pretende condicionar a opinião, fazer uma ameaça velada, ou testar a reacção a uma determinada medida. Muitas vezes pouco mais é do que a descrição de um "estado de alma" qualquer do primeiro-ministro (PM), destinado a sugerir que ele "sente" as mesmas indignações que o "povo", mesmo que não faça nada em consequência.
Os "recados" de hoje são mais do que isso:
"É preciso dar uma pedrada no charco e neste momento ele está claramente a pensar nisso e tem tudo em aberto: pode ser antes, durante ou após a apresentação do OE em 15 de Outubro" ("fonte próxima do PM").
"Se o PM recuou na TSU, também tem a agilidade, sem tabus, de rever o que está mal no governo." ("fonte oficial") .
Não tenho dúvidas sobre a fonte, foi o PM, ou alguém por "ele", como é identificado, que disse isto ao Expresso, usando o anonimato para exprimir não apenas opiniões, mas pressupostas intenções pessoais do PM. Num país em que houvesse um mínimo de vergonha, o Ministro da Economia apresentava a demissão de imediato, e se o ministro Relvas não estivesse envolvido na combinação, faria o mesmo. Para contentar a opinião pública, o PM ataca o seu próprio governo, debaixo da cobertura do anonimato, para transmitir uma "imagem" de determinação e firmeza em dia de manifestações. Não há uma linha destes "recados", que atravessam toda a "notícia", que não seja pura manipulação. No fundo é mais um sinal alarmante do grau de decomposição e desorientação do governo e do PM."
lunes, 1 de octubre de 2012
Woody Allen, o caricaturista! Mi piace!
"Porca miséria!", diz o polícia romano, em jeito de auto-apresentação. Todo o filme é uma caricatura a Roma, no que tem de bom, e aos romanos, no que têm de... caricato! E claro, a habitual caricatura à relação do casal e dos candidatos a casal, no que têm de mais rotineiro... E à desalmada hipocondria/angústia das personagens interpretadas por Allen. E aos costumes: hilariante a ascenção e queda do "novo famoso, sem nada ter feito por isso", na mesma linha da sátira do Bruno Nogueira em "O último a sair".
Nada de novo, mas agradável. É como rever um filme de Woody Allen, sem que seja bem o mesmo filme.
O que anda a mudar é a cenografia e isso agrada-me, porque gosto de viajar pelas cidades, também através do cinema, como gosto de o fazer através de um livro.
E não vejo problema algum no facto de Allen ser pago para promover uma cidade, ao mesmo tempo que faz o que sempre fez: caricaturar. Viaja mais, conhece mais, com o aliciante desafio de ter que inventar uma história para a cidade. Ele já fazia o mesmo antes com Paris, Veneza e Manhatan e tinha que arranjar dinheiro à mesma para pagar o filme.
Paguem-me a mim para fazer o mesmo! António Costa e Rui Rio estou à Vossa inteira disposição... A desculpa de que eu não sou tão popular quanto o Allen torna o cachet bem mais negociável!
E apeteceu-me voltar a Roma: esperemos que a moedinha que atirei à Fontana coopere!
(Woody, prueba superada!)
martes, 25 de septiembre de 2012
Histórias aos quadradinhos - capítulo IV
"Wear a piece of History", incita a Átrio, que tem peças lindas de bijuteria, em homenagem aos fantásticos azulejos portugueses.
Portugal
lunes, 24 de septiembre de 2012
Bom senso
Ando a levar-me demasiado a sério e este paleio está a ficar uma grande seca...
Se a independência catalã se concretizar, fica dado pontapé de partida para o fim do Euro. Se isso é bom ou mau, não sei responder.
P.S. Também me pergunto quantos deputados e governantes deste país lerão esta revista?
... mas apetece-me registar que aprecio o bom senso com que a revista The Economist aconselha o mundo:
Nesta edição, uma tartaruga faz o papel de editor ao responder "Sadly, yes" à pergunta da capa. No artigo ficamos a saber que a Ásia anda a brigar por uma pequena ilha (intencionalmente fotografada para ficar pequena na capa e assim ridicularizar a disputa), por uma questão de soberania. Oportunidade (escreve o jornalista) para a China mostrar que está mais empenhada em manter a paz, beneficiando do crescimento que protagoniza.
No site da revista, escreve-se sobre o eventual novo país europeu: o crescente apetite de alguns catalães (cada vez mais, aparentemente) pela independência, para que os impostos dos catalães permaneçam na Catalunha.
No fim do artigo, conclui-se: "The direct causes of Catalonia’s economic woes are recession and ruinous administration by previous regional governments. Independence does not change that."
Se a independência catalã se concretizar, fica dado pontapé de partida para o fim do Euro. Se isso é bom ou mau, não sei responder.
P.S. Também me pergunto quantos deputados e governantes deste país lerão esta revista?
miércoles, 19 de septiembre de 2012
Pois.
Merecem reflexão estas frases:
"A contradição entre o mundo rico e o mundo pobre marcará o século XXI e pode engendrar uma III Guerra Mundial."
Já não será a religião nem a posse territorial .
"Se daqui a 30 anos (a contar de 1994), não tivermos dois jovens a trabalhar para manter um reformado, terá ocorrido uma catástrofe ou estarão os robôs a desempenhar essa tarefa".
Quem o disse foi o Santigo Carrillo, dirigente comunista histórico espanhol, falecido ontem e hoje tema da crónica do Fernando Alves, que terminava com o alerta: "Resta uma década para evitarmos, pelo avanço tecnológico, o lado catastrófico da previsão de um homem cujos vaticínios foram quase sempre certeiros."
"A contradição entre o mundo rico e o mundo pobre marcará o século XXI e pode engendrar uma III Guerra Mundial."
Já não será a religião nem a posse territorial .
"Se daqui a 30 anos (a contar de 1994), não tivermos dois jovens a trabalhar para manter um reformado, terá ocorrido uma catástrofe ou estarão os robôs a desempenhar essa tarefa".
Quem o disse foi o Santigo Carrillo, dirigente comunista histórico espanhol, falecido ontem e hoje tema da crónica do Fernando Alves, que terminava com o alerta: "Resta uma década para evitarmos, pelo avanço tecnológico, o lado catastrófico da previsão de um homem cujos vaticínios foram quase sempre certeiros."
Ser ou não ser Jornalismo?
Lê-se na Monocolumn de ontem da fantástica Monocle: "Referring to a story the paper had recently run about allegations of voter fraud, national editor Sam Sifton said, “It’s not our job to litigate it in the paper. We need to state what each side says.” Fine, do that. But don’t call it journalism – that’s stenography.
O que acontece diariamente no jornais é mera estenografia: pouco se prova, pouco se questiona, apenas se denuncia - alegadamente, e a suspeita passou a protagonista de uma boa parte das histórias.
O desejável remata o mesmo artigo: “The more news organisations can state established truths and stand by them, the better off the readership – and the democracy – will be.”
O que acontece diariamente no jornais é mera estenografia: pouco se prova, pouco se questiona, apenas se denuncia - alegadamente, e a suspeita passou a protagonista de uma boa parte das histórias.
O desejável remata o mesmo artigo: “The more news organisations can state established truths and stand by them, the better off the readership – and the democracy – will be.”
Lucho González*
Porque as pessoas também se medem pela forma como canalizam a dor.
Mais do que merecida a braçadeira de capitão.
*«Tinha-lhe dito que ia marcar um golo. Quando soube da notícia, o treinador e os dirigentes falaram comigo e deram-me todo o apoio», explicou o jogador do Futebol Clube do Porto, no fim do jogo (que fez questão de jogar, depois de saber da morte do pai), em que marcou um golo.
Mais do que merecida a braçadeira de capitão.
*«Tinha-lhe dito que ia marcar um golo. Quando soube da notícia, o treinador e os dirigentes falaram comigo e deram-me todo o apoio», explicou o jogador do Futebol Clube do Porto, no fim do jogo (que fez questão de jogar, depois de saber da morte do pai), em que marcou um golo.
lunes, 17 de septiembre de 2012
Um rufo da multidão calará a arrogância?
Na Argentina, fizeram do bater em tachos, a banda sonora da manifestação, na semana passada. A maior, dizem, durante a "dinastia" Kirchner.
Quando lia sobre isso, pensava no embriagante que é sentir que estamos todos ou quase todos a torcer para o mesmo lado. Que o mundo está farto.
E que em Portugal, pela primeira vez (enquanto só se ia ao bolso de reformados e funcionários públicos era uma coisa, mas agora a ameaça paira sobre TODOS), o povo está todo a dizer NÃO. Por isso foi a maior maifestação de sempre.
Fico contente que tenha sido pacífica.
Não fui. Tinha um excelente álibi, mas não sei se teria ido,... de qualquer forma.
Espero, no entanto, que tenha servido para acordar quem de direito.
Mas parece que ainda não...
O meu Pai dizia-me, ontem, indignado, sobre o "Não tenho pressa para ser Governo (ou coisa assim)" de Seguro: Como tem o Seguro a lata de pôr a coisa desta maneira? Quem disse a esta alminha que ser eleito é uma inevitabilidade, caso houvesse eleições? Estamos mesmo entalados entre um PS que não deixa saudades e um PSD a quem queremos dizer basta!?
Quando é que se deixa de pensar nos partidos com a mesma parte do cérebro que sustenta o clubismo?
Quando lia sobre isso, pensava no embriagante que é sentir que estamos todos ou quase todos a torcer para o mesmo lado. Que o mundo está farto.
E que em Portugal, pela primeira vez (enquanto só se ia ao bolso de reformados e funcionários públicos era uma coisa, mas agora a ameaça paira sobre TODOS), o povo está todo a dizer NÃO. Por isso foi a maior maifestação de sempre.
Fico contente que tenha sido pacífica.
Não fui. Tinha um excelente álibi, mas não sei se teria ido,... de qualquer forma.
Espero, no entanto, que tenha servido para acordar quem de direito.
Mas parece que ainda não...
O meu Pai dizia-me, ontem, indignado, sobre o "Não tenho pressa para ser Governo (ou coisa assim)" de Seguro: Como tem o Seguro a lata de pôr a coisa desta maneira? Quem disse a esta alminha que ser eleito é uma inevitabilidade, caso houvesse eleições? Estamos mesmo entalados entre um PS que não deixa saudades e um PSD a quem queremos dizer basta!?
Quando é que se deixa de pensar nos partidos com a mesma parte do cérebro que sustenta o clubismo?
Cohen
(Faz de conta que eu fui ao Lux verificar se filho - Adam Cohen - de Peixe - Leonard - sabe nadar! Parece-me que sim. E parece-me também que o Cohen filho está a garantir a continuidade do emprego ao coro do pai...)
viernes, 14 de septiembre de 2012
Maquiavélica, Eu.
Ontem escrevi isto no meu mural do Facebook: "Desconto de tempo: fosse eu editora/directora de um jornal (um qualquer) e fazia uma edição AVESTRUZ, sem qualquer referência ao estado do Estado, à classe política, às maleitas várias... só de coisas boas, bons exemplos, boa vida!
Contratem-me, vá, que a OPV não dura para sempre!"
Estava consciente dos riscos que corria, sendo jornalista (sempre achei que testar o limite dos que me conhecem é a única forma honesta de os conhecer), mas a minha proposta de alienação era e é perfeitamente consciente porque não há quem escute no meio de tanto barulho, nauseante e potencialmente inócuo.
Acho que entrei numa espécie de greve pessoal, quando toda a gente decidiu acordar e desabafar.
(Há quem rejubile porque o PS já está à frente das intenções de voto: mas houve uma debandada geral do PS e entrou sangue novo e esclarecido sobre o que o socialismo significa e ninguém me avisou? Ou são os suspeitos do costume que alicerçam estas intenções de voto? Mas ainda há quem creia nesta alternância partidária?)
Estamos à beira da mudança, estamos a mudar já porque pensar nela é já um passo dela (perdoem-me, mas não estou a conseguir filosofar melhor do que isto)...
E eu acho, por não conceber outra posição que não a do optimismo (as discussões que Saramago teria comigo...), que mudaremos para melhor, para uma vida mais responsável e mais responsabilizante, em que progressivamente contaremos menos, cada vez menos com o Estado e mais connosco...
Eu não tenho lido o suficiente sobre o caso belga, sem governo durante meses, mas merece ser estudado. Inquieta-me.
E agora uma projeção absolutamente maquiavélica, que vai afastar a meia dúzia de leitores que ainda lêem este paleio (mas lá está, eu gosto de vos testar!), e que assenta no lado bom de Passos Coelho falhar:
1- Alguns iluminados do PSD vão contestar a actual liderança.
2- Cai o Governo e volta a haver eleições.
3- Novo congresso PSD empoleira Rui Rio (ainda estão a ler ou já estão a ligar para o 112???).
4- Rui Rio ganha as eleições.
5- Portugal recomeça!
Só Rui Rio mudaria a minha profunda convicção no voto em branco.
Contratem-me, vá, que a OPV não dura para sempre!"
Estava consciente dos riscos que corria, sendo jornalista (sempre achei que testar o limite dos que me conhecem é a única forma honesta de os conhecer), mas a minha proposta de alienação era e é perfeitamente consciente porque não há quem escute no meio de tanto barulho, nauseante e potencialmente inócuo.
Acho que entrei numa espécie de greve pessoal, quando toda a gente decidiu acordar e desabafar.
(Há quem rejubile porque o PS já está à frente das intenções de voto: mas houve uma debandada geral do PS e entrou sangue novo e esclarecido sobre o que o socialismo significa e ninguém me avisou? Ou são os suspeitos do costume que alicerçam estas intenções de voto? Mas ainda há quem creia nesta alternância partidária?)
Estamos à beira da mudança, estamos a mudar já porque pensar nela é já um passo dela (perdoem-me, mas não estou a conseguir filosofar melhor do que isto)...
E eu acho, por não conceber outra posição que não a do optimismo (as discussões que Saramago teria comigo...), que mudaremos para melhor, para uma vida mais responsável e mais responsabilizante, em que progressivamente contaremos menos, cada vez menos com o Estado e mais connosco...
Eu não tenho lido o suficiente sobre o caso belga, sem governo durante meses, mas merece ser estudado. Inquieta-me.
E agora uma projeção absolutamente maquiavélica, que vai afastar a meia dúzia de leitores que ainda lêem este paleio (mas lá está, eu gosto de vos testar!), e que assenta no lado bom de Passos Coelho falhar:
1- Alguns iluminados do PSD vão contestar a actual liderança.
2- Cai o Governo e volta a haver eleições.
3- Novo congresso PSD empoleira Rui Rio (ainda estão a ler ou já estão a ligar para o 112???).
4- Rui Rio ganha as eleições.
5- Portugal recomeça!
Só Rui Rio mudaria a minha profunda convicção no voto em branco.
jueves, 13 de septiembre de 2012
Como dizer "Não"?
Juro que estou a tentar ver "the big picture", mas a câmara afunila e foca apenas pessoas. É das pessoas que se esquecem os governantes, que preferem venerar os números. Não vislumbro estratégia, mas soluções que tapam os buracos imediatos de um lado, enquanto escavam covas fundas do outro.
Juro que estou a tentar pensar que nem todos são maus rapazes, os que lá vão parar, mas não me ocorrem exemplos ilustrativos.
Juro que não sou por manifestações (pelo maniqueísmo que as orienta, traindo mesmo os mais bem intencionados), mas não tenho, de momento melhor ideia.
Juro que estou a tentar pensar que nem todos são maus rapazes, os que lá vão parar, mas não me ocorrem exemplos ilustrativos.
Juro que não sou por manifestações (pelo maniqueísmo que as orienta, traindo mesmo os mais bem intencionados), mas não tenho, de momento melhor ideia.
martes, 11 de septiembre de 2012
A linha que os separa...
Por vezes parece que quase todos os pensamentos concorrem para o mesmo raciocínio. Os meus sondam as causas, os acasos que fazem de alguém o melhor ou dos melhores. Há muito de sorte? Sim. Mas concluo (o óbvio, ou talvez não) que há muito mais de mérito, de trabalho, de força, de talento...
Pensava nisto quando via a cerimónia de encerramento dos Jogos Paraolímpicos, penso nisto tantas vezes com Ronaldo, Mourinho, Joana Vasconcelos, com o senhor que teimava em fazer cestos para acolher as cerejas do Fundão, com tanta gente que considero especial na sua teimosia em fazer melhor, o melhor...
Já entrevistei algumas pessoas alegadamente e comprovadamente acima da média naquilo que fazem e o que as une é a racionalidade com que descrevem a sua fórmula simples: trabalho de qualidade + trabalho de qualidade.
A propósito disto e de querer uma espécie de porfolio de artigos que gostei especialmente de escrever, (re) publico mais um, decorrente de um encontro com Marc Meneau (3 estrelas Michelin).
*Artigo publicado no jornal OJE, em 2007.
Pensava nisto quando via a cerimónia de encerramento dos Jogos Paraolímpicos, penso nisto tantas vezes com Ronaldo, Mourinho, Joana Vasconcelos, com o senhor que teimava em fazer cestos para acolher as cerejas do Fundão, com tanta gente que considero especial na sua teimosia em fazer melhor, o melhor...
Já entrevistei algumas pessoas alegadamente e comprovadamente acima da média naquilo que fazem e o que as une é a racionalidade com que descrevem a sua fórmula simples: trabalho de qualidade + trabalho de qualidade.
A propósito disto e de querer uma espécie de porfolio de artigos que gostei especialmente de escrever, (re) publico mais um, decorrente de um encontro com Marc Meneau (3 estrelas Michelin).
“O paladar educa-se”*
Para Marc Meneau, o luxo reside na arte de comer com qualidade. Democratizar esse luxo passa mais pela educação do que pelo bolso, defende o chefe francês, reconhecido com três estrelas no guia Michelin...
A corte de Maria Antonieta, revisitada por Sofia Coppola, saboreia o talento de Marc Meneau. O chef francês foi responsável pelas iguarias que vemos desfilar no filme que retrata a vida de uma das figuras mais emblemáticas da História de França. A passagem pelo universo da sétima arte inspirou a Meneau a criação do morango Marie-Antoinette e Sofia Coppola. Sobremesa que chegou ao Hotel Lapa Palace, numa semana em que Marc Meneau foi o mestre de culinária de serviço. A convite do hotel lisboeta, o chef serviu as suas criações e deu uma aula de culinária a profissionais da restauração. Aliás, conversar com Marc Meneau é irresistivelmente aprender sobre gastronomia. Começa por desmitificar o significado de luxo e a sua falsa inacessibilidade: “O luxo é comprar menos pelo mesmo preço que se compraria mais, mas produtos de menor qualidade. Não é preciso ser rico para aceder à qualidade. Só é preciso fazer a escolha certa. Se compramos uns sapatos de má qualidade, mas baratos, eles vão durar menos e teremos que comprar outros. Se compramos uns bons sapatos, eles custam mais, mas duram mais. Quando temos o paladar saciado, o cérebro fica nutrido de prazer e não temos necessidade de comer muito. Comemos duas vezes menos. A saciedade depende do gosto e não do volume.”
A noção de economia foi sempre uma nota dominante na gastronomia de qualidade. A cozinha regional decorre dessa preocupação com a economia, recorda Meneau: “Cozinhava-se de forma a aproveitar os produtos da região. A cozinha sempre teve uma preocupação económica muito grande. Constatamos isso ao ler os clássicos. A cozinha dos reis era muito bem gerida.”
Marc Meneau aprendeu com os clássicos, não fez qualquer curso de cozinha oficial. Foram os livros de cozinheiros como Antonin Carême que lhe ensinaram a transformar a cozinha na sua arte. Platão também integrou a lista de professores: “Platão escreveu sobre o posicionamento do homem relativamente à cozinha. Um posicionamento simultaneamente sensual e intelectual.”
Hoje é Marc Meneau quem dá aulas, sempre que fala dos seus pratos. Isso mesmo constatará quem visitar l'Espérance, em Vézelay, na Borgonha. O hotel e restaurante de Meneau é simultaneamente o refúgio e montra maior do trabalho do chef francês, distinguido no guia Michelin com a classificação máxima, três estrelas.
Em Vézelay, tal como em Portugal, a máxima de Meneau será sempre saciar o gosto ou paladar. Mas afinal o que é o gosto? “O gosto é antes de mais uma emoção e, por isso, algo subjectivo”, diz, acrescentando que o gosto deve ser educado. Quanto mais cedo, melhor, advoga o chef: “A gastronomia deveria ser integrada nos programas escolares. Há muito que o defendo, mas não o consegui fazer ainda em França porque aos políticos não lhes interessa investir no paladar. As crianças comecem cedo a seleccionar o que gostam e o que não gostam. Gostam cada vez mais de açúcar e de fritos e cada vez menos de legumes, de ervas e de condimentos porque lhes falta uma educação do paladar. É preciso ter a inteligência de saber integrar novos paladares na alimentação. As cantinas escolares deveriam ser sensibilizadas nesse sentido. Os cozinheiros dos refeitórios das escolas deveriam estar abertos à mudança e receber formação. Na escola e em casa devemos aprender a reconhecer o que tem qualidade.”
Fã de bacalhau seco, “o caviar dos portugueses”, Meneau também tentou introduzi-lo no gosto dos seus clientes. Tentativa que não correu muito bem. “Perderam-se, não reconheceram aquele sabor e acabei por retirar o prato da ementa”, conta.
Na cozinha portuguesa, confessa que também não resiste aos pastéis de nata, às sardinhas e às cavalas. “Portugal tem uma costa marítima extensa e pouco poluída, onde se encontra peixes selvagens e de óptima qualidade”, assinala. Característica que aproxima mais a comida portuguesa da linha nórdica, do que da mediterrânica, observa: “Não penso que Portugal possua uma cozinha genuinamente mediterrânica. Não foi esse o caminho seguido. Portugal segue mais a linha nórdica, muito influenciada pelo mar. Não se usam muito as curgetes, nem as beringelas, muito características em França e em Espanha. Não tratámos da mesma maneira os alimentos.”
A unir as cozinhas do sul da Europa está o uso dos alimentos naturais em abundância. Marc Meneau acredita que a tendência é valorizar mais esse uso. “A sociedade deverá evoluir no sentido de respeitar a qualidade dos alimentos, de pagar o preço desse investimento”, diz, sublinhando que a qualidade tende a generalizar-se. Da mesma forma, a nutrição segue dois caminhos distintos: “Há que distinguir duas tendências da nutrição, a nutrição do trabalho e a do lazer. Os espaços onde se poderá comer no intervalo dos períodos de trabalho vão distinguir-se dos mais vocacionados para a procura do prazer e da singularidade. Esses exigem um tempo de fruição mais alargado. Acredito que esse é o caminho da qualidade.”
Perseguir essa qualidade implica abraçar determinados desafios, como o de explorar melhor as potencialidades dos legumes, sugere Meneau: “Os legumes vão ter mais peso no futuro porque a carne e o peixe escasseiam e a vida obriga a necessidades nutricionais diferentes. Por isso mudou a roda dos alimentos. O espaço da carne e do peixe é menor. Ainda não exploramos muito bem os legumes na gastronomia.”
A cozinha de Marc Meneau reflecte essa preocupação, assimilando influências de todo o mundo. “Invento entre sete a nove pratos novos por ano”, revela o chef, ressalvando quer “desses, um costuma ser excepcional!” Com a mesma sinceridade, assume que “a cozinha pode ter defeitos e deve ser imperfeita”. Ainda assim, a francesa é a mais perfeita, considera, silenciando aqueles que vêem na cozinha espanhola e em nomes como Ferrán Adrià, a nova bússola orientadora da gastronomia: “A cozinha francesa nunca foi tão boa e vai continuar a ser a melhor do mundo porque é muito intelectual. É praticada como arte. Ser cozinheiro em França é nobre, não é apenas mais um trabalho.” E conclui como uma pergunta: “Somos felizes com a cozinha de Adrià?”
*Artigo publicado no jornal OJE, em 2007.
jueves, 6 de septiembre de 2012
Um dia também escreverei sobre gatos. Hoje é o dia
Isto porque, esta manhã, passava o "Such a perfect day" do Lou Reed - que não vou linkar aqui por preguiça e suspeitas de que já o fiz - quando do outro lado da janela, no socalco traseiro a que tenho direito, brincavam os dois gatinhos vizinhos do rés do-chão.
A alternativa era intervir (um hábito, que poderia muito bem ser remunerado) a favor do Cristiano Ronaldo, que por ser podre de rico não tem, alegadamente, direito à tristeza! Não me vou alongar sobre este inspirador assunto, mas se me lês, ingénuo Cristiano: deverias estar mais ladino e antecipar que os portugueses e espanhóis invejosos do costume te iriam cair em cima, deverias saber que tristeza é coisa pessoal e intransmissível e que, a partilhá-la, só com amigos do peito, psicólogos ou padres (?), nunca com jornalistas!
A alternativa era intervir (um hábito, que poderia muito bem ser remunerado) a favor do Cristiano Ronaldo, que por ser podre de rico não tem, alegadamente, direito à tristeza! Não me vou alongar sobre este inspirador assunto, mas se me lês, ingénuo Cristiano: deverias estar mais ladino e antecipar que os portugueses e espanhóis invejosos do costume te iriam cair em cima, deverias saber que tristeza é coisa pessoal e intransmissível e que, a partilhá-la, só com amigos do peito, psicólogos ou padres (?), nunca com jornalistas!
miércoles, 5 de septiembre de 2012
A "nossa" ilha
Há lugares exclusivos, de tão pouco divulgados.
Gosto deles assim.
Durante a maior parte do ano, a ilha é só deles.
Mas no Verão partilham-na connosco!
miércoles, 8 de agosto de 2012
Aleppo, mais uma cidade perdida
Triunfa a estupidez na Síria.
Sírios contra sírios, como se não percebessem (e muitos não percebem) como são manipulados. Nada de novo.
20 mil mortos e uma cidade em escombros. Nada de novo.
E Aleppo não é uma cidade qualquer! Foi com o Cairo e com Constantinopla palco maior da política, economia e cultura do império otomano! Se eu for à Síria quero ir a Allepo, mais do que a Damasco.
Continua a ser determinante e por isso desputada. A arquitectura e a cultura são, impunemente, danos colaterais de todas as guerras.
Perde a História. Nada de novo.
Em que medida é que se reflecte sobre isto nas escolas? Nas famílias?
Quando dei aulas de história ao sexto ano, fiquei surprendida com a dificuldade de muitos dos alunos em perceber os malefícios da ditadura salazarista, talvez ofuscados com alguns inegáveis méritos do regime, como a construção de escolas, pontes... Das vidas perdidas, da liberdade acorrentada, da fome, dos "danos colateriais" reza pouco e mal a História. E, consequentemente, os programas curriculares da discilplina.
Sírios contra sírios, como se não percebessem (e muitos não percebem) como são manipulados. Nada de novo.
20 mil mortos e uma cidade em escombros. Nada de novo.
E Aleppo não é uma cidade qualquer! Foi com o Cairo e com Constantinopla palco maior da política, economia e cultura do império otomano! Se eu for à Síria quero ir a Allepo, mais do que a Damasco.
Continua a ser determinante e por isso desputada. A arquitectura e a cultura são, impunemente, danos colaterais de todas as guerras.
Perde a História. Nada de novo.
Em que medida é que se reflecte sobre isto nas escolas? Nas famílias?
Quando dei aulas de história ao sexto ano, fiquei surprendida com a dificuldade de muitos dos alunos em perceber os malefícios da ditadura salazarista, talvez ofuscados com alguns inegáveis méritos do regime, como a construção de escolas, pontes... Das vidas perdidas, da liberdade acorrentada, da fome, dos "danos colateriais" reza pouco e mal a História. E, consequentemente, os programas curriculares da discilplina.
martes, 7 de agosto de 2012
As vozes e a música delas
A Márcia (a nossa Carla Bruni - sim, eu gosto da Bruni cantora - numa canção perfeita com o JP Simões, cuja música também admiro).
A Luísa Sobral (already there!).
A Ana Moura (num fado com letra bem sacada da Amélia Muge, cujo nome me faz sempre sorrir, ao recordar do cartaz que, algures nos 90’s, anunciava a digressão: Amélia Muge “Todos os dias”).
lunes, 6 de agosto de 2012
A minha outra mexicana preferida
Chega a ser desonesto para com a Chavela Vargas só colocar este vídeo hoje, depois da senhora se finar, mas mais desonesto seria (para comigo) não o fazer... Raça de Voz!
... de interpretação! ... de letras! ... de cordas!
Se fosse portuguesa, seria fadista!
... de interpretação! ... de letras! ... de cordas!
Se fosse portuguesa, seria fadista!
(Seria inevitável reparar na Chavela, mas agradeço ao Almodóvar por abreviar o inevitável.)
miércoles, 25 de julio de 2012
Ocitocina em alta
Escutava a psicóloga e o psiquiatra de serviço na TSF falarem sobre "as pequenas coisas que fazem a Felicidade" e das hormonas afins... e dei-me conta de que ver gente a passear de bicicleta em Lisboa me deixa contente!
Estranho é o elevador hormonal!
Estranho é o elevador hormonal!
miércoles, 18 de julio de 2012
Praia de Matosinhos*
O vapor do café da garrafinha térmica misturado com o nevoeiro madrugador!
O pão ainda crocante untado de manteiga!
A ansiedade acelerada pela molenguice dos ponteiros do relógio que tardavam em chegar à desejável HORA DO BANHO!
Os mil e um jogos que inventávamos para driblar a tal ansiedade. Táctica muitas vezes bem sucedida, coroada de gargalhadas, ao ritmo de quedas na areia, de baloiços improvisados com as tolhas de praia entre postes humanos... As mesmas tolhas que trilhavam caminhos com o peso do nosso corpo, puxadas pela boa vontade de serviço, as mesmas toalhas que nos transformavam em sheiks árabes, semi-enroladas na nossa cabeça, as mesmas toalhas que dispunhamos em cruz para jogar ao "queime-se" (ou seja lá como se escreve)!
A corrida pelo imenso areal molhado (não há outro tão longo assim), na enfim chegada HORA DO BANHO, num mar quase sempre "pacífico", cúmplice de mergulhos mais ou menos criativos!
A areia mais fina, cristalizada na pele. O cheiro, também agarrado à pele (deveria ser a iodo), que carregávamos para casa!
A nossa barraquinha (toda a gente tinha uma)! O Todos, o estarmos Todos, ou pelo menos muitos e muitos dias seguidos, que pouca coisa nos demovia.
Os chinelos de solas fatiadas com as cores do arco íris e que eram tal e qual as havainas, mas que ainda não se chamavam assim (!!!!)!
O arroz branco da Brisa, o enorme aquário da Brisa!
A infância!
A Bola de Nívea! E a própria Nívea!
*Como uma foto postada inocentemente no Facebook se transforma em máquina do tempo. Obrigada :)
O pão ainda crocante untado de manteiga!
A ansiedade acelerada pela molenguice dos ponteiros do relógio que tardavam em chegar à desejável HORA DO BANHO!
Os mil e um jogos que inventávamos para driblar a tal ansiedade. Táctica muitas vezes bem sucedida, coroada de gargalhadas, ao ritmo de quedas na areia, de baloiços improvisados com as tolhas de praia entre postes humanos... As mesmas tolhas que trilhavam caminhos com o peso do nosso corpo, puxadas pela boa vontade de serviço, as mesmas toalhas que nos transformavam em sheiks árabes, semi-enroladas na nossa cabeça, as mesmas toalhas que dispunhamos em cruz para jogar ao "queime-se" (ou seja lá como se escreve)!
A corrida pelo imenso areal molhado (não há outro tão longo assim), na enfim chegada HORA DO BANHO, num mar quase sempre "pacífico", cúmplice de mergulhos mais ou menos criativos!
A areia mais fina, cristalizada na pele. O cheiro, também agarrado à pele (deveria ser a iodo), que carregávamos para casa!
A nossa barraquinha (toda a gente tinha uma)! O Todos, o estarmos Todos, ou pelo menos muitos e muitos dias seguidos, que pouca coisa nos demovia.
Os chinelos de solas fatiadas com as cores do arco íris e que eram tal e qual as havainas, mas que ainda não se chamavam assim (!!!!)!
O arroz branco da Brisa, o enorme aquário da Brisa!
A infância!
A Bola de Nívea! E a própria Nívea!
*Como uma foto postada inocentemente no Facebook se transforma em máquina do tempo. Obrigada :)
lunes, 2 de julio de 2012
La vie en rose, blanc et rouge
Provámos um rosé, depois um verde branco, antes de um tinto novo.
Já na mesa, um maduro branco leve, seguido de outro mais estruturado. Depois vieram mais dois tintos, um mais corrente, antes de um reserva. Declinei o licoroso e também a aguardente.
Acho que foi mais ou menos isto, numa mesa em que não conhecia bem ninguém, mas onde a conversa fluia. O vinho (des)trava a língua.
Ia moendo sobre o interessante que todas as pessoas são. Sempre. Se nos dermos aotrabalho/prazer de as conhecer. Ia moendo sobre o "único" que Portugal é: castas que ninguém mais tem, cada vez mais bem trabalhadas.
Já na mesa, um maduro branco leve, seguido de outro mais estruturado. Depois vieram mais dois tintos, um mais corrente, antes de um reserva. Declinei o licoroso e também a aguardente.
Acho que foi mais ou menos isto, numa mesa em que não conhecia bem ninguém, mas onde a conversa fluia. O vinho (des)trava a língua.
Ia moendo sobre o interessante que todas as pessoas são. Sempre. Se nos dermos ao
miércoles, 20 de junio de 2012
"A noite mais curta"*
Não é dos dias soalheiros, nem do horizonte tremido, à deriva com o delírio do termómetro, que eu mais gosto no Verão.
Do que eu gosto mesmo é das noites curtas, do esticar dos dias. Eu que até gosto de dormir, mas que detesto adormecer.
*É uma expressão/programação da RTP 2
lunes, 18 de junio de 2012
... e ao terceiro jogo
... o Ronaldo desenguiçou!
Que força é esta que nos põe o coração a tamborilar por um país?
É desta adrenalina que eu gosto! (por oposição à de arriscar o corpo, a vida!)
Que força é esta que nos põe o coração a tamborilar por um país?
É desta adrenalina que eu gosto! (por oposição à de arriscar o corpo, a vida!)
viernes, 15 de junio de 2012
Irlanda
Portugueses! (Roubei o estilo ao Presidente da República)
Viram como se apoia uma selecção?
Viram como os irlandeses (patrocinados pelo álcool, que, como se sabe, mostra o nosso verdadeiro eu) apoiavam os seus jogadores?
E que inchados que eles estavam, certamente, por gritar assim pelo país! Comovente. Passei a adorar os irlandeses! (Belo marketing em benefício de um povo e de um país)
Então, é favor parar de dizer mal do Cristiano Ronaldo e do Postiga (que já se vingou na baliza!) e afins...
Eu tenho muiiiiiiiiiita dificuldade em perceber os portugueses que não reconhecem o valor de gente como o Ronaldo... Ele pode ser bronco, mas é grandioso pelo talento e pela capacidade de trabalho, carago! E saiu de casa ainda tenrinho e refere-se à família com um respeito digno de respeito! E luta, nunca desiste de lutar!
Quantos de nós, portugueses, se gabam do mesmo?
Viram como se apoia uma selecção?
Viram como os irlandeses (patrocinados pelo álcool, que, como se sabe, mostra o nosso verdadeiro eu) apoiavam os seus jogadores?
E que inchados que eles estavam, certamente, por gritar assim pelo país! Comovente. Passei a adorar os irlandeses! (Belo marketing em benefício de um povo e de um país)
Então, é favor parar de dizer mal do Cristiano Ronaldo e do Postiga (que já se vingou na baliza!) e afins...
Eu tenho muiiiiiiiiiita dificuldade em perceber os portugueses que não reconhecem o valor de gente como o Ronaldo... Ele pode ser bronco, mas é grandioso pelo talento e pela capacidade de trabalho, carago! E saiu de casa ainda tenrinho e refere-se à família com um respeito digno de respeito! E luta, nunca desiste de lutar!
Quantos de nós, portugueses, se gabam do mesmo?
martes, 12 de junio de 2012
A nossa princesa em Versailles
É grande, sumptuosa, dourada e um festival de cristais! O rei "Sol" não fazia por menos! A galeria dos espelhos, que recebeu os lambe-botas do Luís XIV, recebe finalmente uns sapatinhos à altura: os da Joana Vasconcelos, ou melhor, as sandálias Marylin, feitas com tachos e testos da Silampos.
E os "Guardas" de mármore com rendas açorianas!
E o ferro também rendilhado - bule (feminino) e garrafão (masculino)!
E mais, de arrancar ais, muitos ais à Marie Antoinette!
Grande e Sumptuosa é a sua arte!
E os "Guardas" de mármore com rendas açorianas!
E o ferro também rendilhado - bule (feminino) e garrafão (masculino)!
E mais, de arrancar ais, muitos ais à Marie Antoinette!
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