Mostrando entradas con la etiqueta esperança. Mostrar todas las entradas
Mostrando entradas con la etiqueta esperança. Mostrar todas las entradas

viernes, 4 de octubre de 2013

Rio volta a vencer no Porto!

Eu podia alegar que me tornei numa pessoa ponderada que procura analisar as coisas a frio (gelado) e que por isso só agora comento as autárquicas, mas na realidade este post foi mentalmente escrito no domingo, assim que a SIC avançou com o "Rui Moreira vence no Porto!", e ainda está por inventar a tal máquina de transformar o pensamento em escrita...
Parecia que o meu F.C. Porto tinha voltado a vencer a Champions! Não contive um grito de alegria!
Duvidei do bom senso do povo! Afinal, se os juízes não foram capazes de o demonstrar...
Mas os portuenses (e os lisboetas também) fizeram a justiça nas urnas! Orgulho!

Não tenho ainda uma opinião formada sobre o Rui Moreira: há qualquer coisa ali de vira-casacas, não sinto convicção... mas pelo menos as promessas eram as mais sensatas! 
E qualquer coisa era melhor do que Meneses!

Fiquei também bem impressionada com o discurso do candidato socialista: oportuno e astuto este Pizarro! Provavelmente teria chegado mais longe, se tivesse havido uma maior cobertura mediática nestas eleições e debates frente-a-frente!


martes, 17 de septiembre de 2013

Subversivo, à maneira de Gandhi ou Luther King

O mérito é do Rodrigo Leão. Foi por saber que ia ler o nome dele na tela e envaidecer-me com a música dele, que escolhi ver "O Mordomo".
Orgulho Luso!
Não sabia sobre o que tratava o filme, mas passa a estar na lista de filmes que um dia quero rever com a minha filha como mote para conversar sobre ser humano, sobre o descabido que é o racismo.
A vergonha tem memória fraca e este filme refresca-a.

lunes, 19 de noviembre de 2012

Portugueses?

Há uma multiplicidade de cinzentos entre o preto e o branco, mas há coisas que só são pretas e há outras que são apenas brancas.

Nesta espécie de diário, relato que se vivem dias de contestação perante a situação do país e o rumo político. Sobre os excessos ocorridos na mais recente manifestação, não tenho qualquer dúvida: à polícia cabia deter quem teimava em minar o direito à manifestação e meto no mesmo saco os que apedrejam, queimam, destroem, e os que assistem, cúmplices, ao apedrejamento e à destruição.
Sem ressalvas, porque a idade, neste contexto, não é um posto: se idosos (a menos que estejam senis, o que é válido para qualquer idade) se mantêm numa manifestação em que o respeito pelo ser humano é inexistente, sujeitam-se, de livre vontade, às consequências.
A ordem para reagir, só pecou por tardia.

Só não compreendo (há muito tempo) como é que aquela gente não é condenada a limpar matas, calcetar ruas e demais serviços cívicos? Era pô-los a limpar a (minha) serra da Estrela, a ver se lhes voltava a vontade de arruaçar!

Chamo-me Susana Marques e dou a cara por isto que escrevo.



lunes, 17 de septiembre de 2012

Um rufo da multidão calará a arrogância?

Na Argentina, fizeram do bater em tachos, a banda sonora da manifestação, na semana passada. A maior, dizem, durante a "dinastia" Kirchner.
Quando lia sobre isso, pensava no embriagante que é sentir que estamos todos ou quase todos a torcer para o mesmo lado. Que o mundo está farto.
E que em Portugal, pela primeira vez (enquanto só se ia ao bolso de reformados e funcionários públicos era uma coisa, mas agora a ameaça paira sobre TODOS), o povo está todo a dizer NÃO. Por isso foi a maior maifestação de sempre.
Fico contente que tenha sido pacífica.
Não fui. Tinha um excelente álibi, mas não sei se teria ido,... de qualquer forma.
Espero, no entanto, que tenha servido para acordar quem de direito.

Mas parece que ainda não...

O meu Pai dizia-me, ontem, indignado, sobre o "Não tenho pressa para ser Governo (ou coisa assim)" de Seguro: Como tem o Seguro a lata de pôr a coisa desta maneira? Quem disse a esta alminha que ser eleito é uma inevitabilidade, caso houvesse eleições? Estamos mesmo entalados entre um PS que não deixa saudades e um PSD a quem queremos dizer basta!?

Quando é que se deixa de pensar nos partidos com a mesma parte do cérebro que sustenta o clubismo?


viernes, 14 de septiembre de 2012

Maquiavélica, Eu.

Ontem escrevi isto no meu mural do Facebook: "Desconto de tempo: fosse eu editora/directora de um jornal (um qualquer) e fazia uma edição AVESTRUZ, sem qualquer referência ao estado do Estado, à classe política, às maleitas várias... só de coisas boas, bons exemplos, boa vida!
Contratem-me, vá, que a OPV não dura para sempre!"


Estava consciente dos riscos que corria, sendo jornalista (sempre achei que testar o limite dos que me conhecem é a única forma honesta de os conhecer), mas a minha proposta de alienação era e é perfeitamente consciente porque não há quem escute no meio de tanto barulho, nauseante e potencialmente inócuo. 
Acho que entrei numa espécie de greve pessoal, quando toda a gente decidiu acordar e desabafar.

(Há quem rejubile porque o PS já está à frente das intenções de voto: mas houve uma debandada geral do PS e entrou sangue novo e esclarecido sobre o que o socialismo significa e ninguém me avisou? Ou são os suspeitos do costume que alicerçam estas intenções de voto? Mas ainda há quem creia nesta alternância partidária?)

Estamos à beira da mudança, estamos a mudar já porque pensar nela é já um passo dela (perdoem-me, mas não estou a conseguir filosofar melhor do que isto)...
E eu acho, por não conceber outra posição que não a do optimismo (as discussões que Saramago teria comigo...), que mudaremos para melhor, para uma vida mais responsável e mais responsabilizante, em que progressivamente contaremos menos, cada vez menos com o Estado e mais connosco...
Eu não tenho lido o suficiente sobre o caso belga, sem governo durante meses, mas merece ser estudado. Inquieta-me.

E agora uma projeção absolutamente maquiavélica, que vai afastar a meia dúzia de leitores que ainda lêem este paleio (mas lá está, eu gosto de vos testar!), e que assenta no lado bom de Passos Coelho falhar:
1- Alguns iluminados do PSD vão contestar a actual liderança.
2- Cai o Governo e volta a haver eleições.
3- Novo congresso PSD empoleira Rui Rio (ainda estão a ler ou já estão a ligar para o 112???).
4- Rui Rio ganha as eleições.
5- Portugal recomeça!

Só Rui Rio mudaria a minha profunda convicção no voto em branco.

lunes, 7 de noviembre de 2011

"Química"

LÁGRIMA DE PRETA
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterlizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

António Gedeão (Rómulo de Carvalho, que para este poema não precisou do curso de Ciências Físico-Químicas, que tinha, para nada).

Isto porque gosto especialmente do fácil que é entender o quão estúpido é qualquer sentimento racista através deste poema, que troca as voltas ao preconceito, com uma prova científica... e porque hoje, no 144º aniversário da química Marie Curie, no Sociedade Civil, se aludiu "à química que há entre nós"...

martes, 1 de marzo de 2011

Timor

"Portugal foi sempre uma luzinha pequenina que se manteve acesa para nós."
Esta manhã, na TSF, Rui Marques, o catalizador da iniciativa Lusitânia Expresso (o navio missão "Paz em Timor", que em 1992 tentou chegar a Dili, chamando a atenção internacional para a causa timorense), sobre o que 10 anos depois escutava em Timor.

Timor para mim começou por ser um albúm de folhas de cartolina negra cheio de selos e de fotografias a preto e branco coladas, o albúm dos anos de tropa do meu pai. Nada ali lembrava guerra...

Depois?!... Depois é certo que temos do que nos envergonhar pela forma como deixamos Timor, mas temos mais do que nos orgulhar: da garra da sociedade civil portuguesa, de como se colocou ao lado de Timor e lutou pela liberdade do povo timorense.
Um exemplo bem inspirador do que também somos capazes!

martes, 15 de febrero de 2011

A foto

Na altura eu questionava-me sobre a ética desta capa da Time.

A foto da fotógrafa sul-africana Jodi Bieber venceu o World Press Photo 2010 e vai correr mundo em exposições. A história da jovem afegã Bibi Aisha, que agora está fisicamente recuperada, após várias cirurgias plásticas, vai correr mundo. E isso pode ser bom para todas as outras jovens.

miércoles, 13 de octubre de 2010

"Levantados do chão"

Fora do contexto, talvez tivesse reservas em afirmar que me interesso pouco pelas notícias, as dos noticiários, as das primeiras páginas dos jornais. Passo por elas. Na verdade, todos, apenas, passamos por elas, pelos títulos, pela imagem fugidia.
Mas neste contexto, neste Paleio, autorizo-me a revelar que, sendo jornalista, me interessam pouco as notícias. Já as histórias interessam-me bastante. Não é preciso explicar, pois não?

E como isto é uma espécie de diário, de auxilar futuro da memória, não quero não registar que hoje é o dia em que os 33 mineiros chilenos começam a ser devolvidos à luz do dia. O acaso, e talvez o espírito de entreajuda, fez deles heróis.

O El País tem contado bem a história. O que me lembra do mais perto que está a imprensa espanhola da América Latina! E o tão longe que estamos do resto do mundo com que partilhamos a língua e o mau que isso é culturalmente e o mau que isso é economicamente, já que desperdiçamos esse efeito de escala fantástico que é ter tantos milhões a falar português. Mas, não. É mais fácil continuar a afundar jornais, como o Público, e a ensaiar outros jornais, que incorrem nas mesmas lacunas dos restantes, como o I ou o Sol...
Pequeninos é o que nós somos, porque ainda achamos que o tamanho (do país) conta, já que temos curtas vistas.

martes, 10 de agosto de 2010

O pântano em que se movem as certezas absolutas

O problema é a multiplicidade de cinzentos que esticam o caminho entre o branco e o preto.
Admito que quando olhei para esta capa da Time condenei-a imediatamente e condenei o jogo que faz com este título. Condenei o "nós" que adoptaram os responsáveis editoriais da revista. Indiscutivelmente eu teria optado pela terceira pessoa.
Mas depois li o artigo disponível na edição online e lá vieram os cinzentos minar o meu julgamento a preto e branco...
É fácil a comparação com a edição da National Geographic que também colocou uma mulher menina afegã na capa. Duas mulheres num país onde ser mulher é um risco acrescentado à dificuldade que representa lá viver por estes e naqueles dias.

Aisha, a menina da Time, ficou neste estado, alegadamente, à custa do marido. Fugiu a tempo de garantir a sobrevivência. Diz a Time que Aisha foi recolhida por uma organização humanitária e será submetida a uma cirurgia reconstrutiva nos EUA. A revista pega na história de Aisha para questionar o que vai acontecer se os EUA retirarem as suas tropas do Afeganistão.
No site há também um vídeo da sessão de fotografias que permitiu chegar a esta capa. Considero demasiada a exposição que solicitaram à Aisha. Por outro lado foi precisamente o vídeo que me esclareceu. Estava a ser difícil não pensar no vampiresco desejo de vender à custa da polémica imediatista que uma imagem assim sugere...
É uma foto estudada e só possível com a cumplicidade da jovem. Eu não conheço Aisha, mas também é credível que ela queira expor-se ao mundo para que o mundo, ou alguém intervenha a favor dela e a favor dos direitos da mulher no Afeganistão. Se os EUA ficam ou não pode não ser a chave para que estes direitos sejam acautelados, mas o alheamento internacional não o é certamente.
Imagino que talvez tenham tido dúvidas os editores da Time, como confessaram ter tido os editores do primeiro jornal que publicou a foto do homem que caiu (forçou-se a cair) de uma das torres gémeas a 11 de Setembro de 2001... Há quem tente até hoje descobrir a identidade do homem e há até hoje famílias doridas que não perdoam os que publicaram a imagem. Mas a questão é que ela impede mais que qualquer outra que nos esqueçamos.

Esse é também o argumento em defesa do Museu que no Ground Zero irá garantir a memória daqui a 100 anos, quando os contemporâneos do 11/set já cá não estiverem...

E é também um pouco isso que me faz escrever aqui: questionar no futuro até que ponto eram a preto e branco as minhas certezas absolutas...

lunes, 2 de agosto de 2010

O amor é:

"No Japão não dizemos amo-te em voz alta, mas... se me dissessem que teria que morrer pela minha mulher e pelos meus filhos, fá-lo-ia. Acho que é isso o amor."

Seis realizadores partiram pelo mundo e perguntaram "o que é o amor?"
Esta é uma das cinco mil respostas que registaram num documentário, que conclui o óbvio, tantas vezes esquecido: somos seis milhões de seres iguais quando as borboletas nos tomam de assalto a barriga... e mesmo depois delas pousarem, quando o amor é dos que sobrevive e amadurece...

A RTP2 passa algumas das respostas de tempos a tempos.

martes, 27 de julio de 2010

O verbo entender

Voltando aos livros e aos autocarros, um miradouro que me apraz.

A conversa que escutei hoje, começou para mim com o nome António Quadros. Olhei para as dialogantes, duas senhoras autorizadas pelas rugas e por um entusiasmo que contagiava.
Apreciavam o Quadros e isso interessou-me. Confesso-me mais conhecedora da descendente, a Rita Ferro, que visito regularmente neste formato.
As senhoras, às tantas, já estavam a falar do "Fausto" de Goethe, que uma delas tentava ler, ainda que lhe estivesse "a custar" porque é "como os Lusíadas", ou seja "muitas vezes a gente não sabe do que está ele a falar". E assim concluía a senhora: "Muitas pessoas não gostam dos Lusíadas porque não entendem o que estão a ler".
Esta senhora é das que persiste, mesmo sem entender tudo, entende que alguma coisa vai apanhar e gosta. Gosta sobretudo de tentar.
E assim diagnostica-se o que falha no ensino da língua portuguesa: é que muitas vezes os professores (o sistema) esquecem que ensinar a entender é mais importante do que cumprir o programa. E ensinar a entender dá trabalho, já que obriga a uma cultura, que muitos professores não possuem, e a uma pesquisa, que muitos professores evitam, instalados que estão nas regalias e obcecados que se tornaram, à força de estatísticas...

martes, 29 de junio de 2010

Maradona e Kusturika


Maradona reconhece que é um actor, paradoxalmente não porque finja, mas porque vive. Responde assim a Kusturika no documentário que este realizador sérvio fez sobre o jogador argentino, que é também um documentário sobre ele próprio e sobre o seu olhar, sobre o seu cinema... Uma crítica que li na altura em que saíu o documentário mal dizia disso mesmo, de haver demasiado Kusturika no documentário sobre Maradona. A mim, pelo contrário, agrada-me. Nessa presença e identificação está a justificação do documentário: Kusturika admira o que é admirável em Maradona, a sua capacidade de renascer, de acreditar, de fazer os outros acreditarem, o seu sentido de justiça (ainda que possamos não estar de acordo com os pesos que ele coloca na balança) e o facto de pôr o coração e o sonho antes da razão, o facto de lhe importar mais do que o dinheiro... Não há como mostrar estas características sem as admirar.

Maradona é o jogador que perdeu para a cocaína, mas é também o homem que optou pelo Boca em detrimento de uma proposta mais choruda do Riverplat, para cumprir um sonho, é o homem que se recusou a conhecer Carlos de Inglaterra porque não tem memória curta, que marcou um golo (validado) com a mão à mesma Inglaterra no mundial de 86, no México, e chamou-lhe justiça (la mano de Dio), para vingar as Malvinas, que a Argentina perdeu para Inglaterra numa guerra quatro anos antes.

Por ter perdido a guerra, caíu a ditadura na Argentina e restaurou-se a democracia, mas isso parece não importar a Maradona, que se diz capaz de morrer por Fidel e revela ancorar nos escritos de Che Guevara as suas convicções políticas. Aqui também se deduz a cumplicidade existente entre o realizador e o jogador. E é aqui que eu deixo de entender a América do Sul, esta América do Sul que venera o comunismo... talvez quando a visitar perceba mesmo sem concordar... Talvez se eu fora Maradona

É estranho que da primeira vez que aqui coloque um trailer de um filme de Emir Kusturika seja sobre Maradona. É estranho porque deveria ser antes sobre o Underground, que é um dos filmes de que mais gostei na vida (e o na vida aqui fica bem) e o meu preferido deste realizador.

Mas foi ontem que vi o documentário e apeteceu-me este assunto de paleio, antes que me esqueça do que vi e do que senti...

martes, 15 de junio de 2010

Descontrolo e sonho

Apostei na Argentina e em Portugal. De acordo com as regras do meu clube (portugueses e espanhóis com quem trabalho) de apostas posso mudar de ideias, mas só até amanhã. Não mudarei.

Maradona está no pólo oposto ao do Mourinho, de quem sou fã sem reticências e sem "mas".
Maradona está de pé, contra as estatísticas, contra quase todas as apostas, contra a moral, contra o bom senso e contra muitas coisas de que eu sou a favor, mas ainda assim torço por ele, torço pelo seu poder de contrariar, pela capacidade de sonhar que ele inspira...

A menos de uma hora de entrarem no covil das vuvuzelas, os que vestem a nossa camisola estão a latejar, imagino...
Não somos todos iguais, mas para mim são esses os momentos que valem mais, como quando via e escutava os músicos da EPABI a afinarem os instrumentos mesmo antes de iniciar o concerto. Adorava aqueles sons, os gestos nervosos, o brilhozinho nos olhos... O mesmo brilho e os mesmos nervos que nos mantinham em frenesim antes de se abrir a cortina para a plateia negra e expectante...
Vale tudo mais quando nos sentimos assim: prestes a entrar em "campo" e a dar tudo por tudo para "pontuar"!

Agora mesmo, no meu cérebro, é como se ressoassem vuvuzelas!

PS: o melhor calendário do mundial

martes, 8 de junio de 2010

Es geht!

As imagens mostravam ratos e a voz-off estabelecia uma comparação entre ratos e judeus. Recordo-me destas imagens de um documentário que vi há uns anos sobre propaganda nazi...
Agora sabemos no que isso deu e agora é demasiado fácil recriminar o povo alemão por ter captado precisamente a mensagem pretendida pelo regime nazi. No caso, o facto de ser demasiado fácil, não torna a crítica menos legítima.
Há pouco tempo estranhava ouvir que é na Rússia que os skins se estão a propagar actualmente!
Também não deixa de ser insólito, irónico, que seja precisamente com a direita que os extremistas judeus são conotados! Hoje Hitler e os extremistas palestinianos estariam do mesmo lado da barricada?

Eu "estou" na Alemanha duas vezes por semana, nas aulas de alemão do Instituto Goethe.
A vantagem, quanto a mim, de aprender línguas numa escola como o Goethe (acontece o mesmo com o Cervantes) é que se aprende bastante sobre os alemães e sobre a Alemanha. Entender a língua de um povo tem que ser muito mais do que traduzir palavras. Descodificar o alemão é também descodificar os alemães. E aos poucos é isso que vamos fazendo... Ontem, por exemplo, numa aula diferente, conhecemos uma empresa que medeia negócios entre portugueses e alemães e ficámos a saber que aos alemães não lhes interessa os preliminares de apresentação, mas antes atalhar directamente para o que interessa ao negócio, pelo que uns e outros são aconselhados a abrandar ou acelerar, consoante a situação...
E na RTP 2 têm passado episódios de um documentário sobre a segunda guerra mundial, onde se contam os dois lados da história, onde se contextualizam, como eu ainda não tinha visto, os dois lados da história. Não se pretende desculpar nada nem ninguém, mas, parece-me, que as coisas são contadas com mais distanciamento, o distanciamento que só o passar do tempo autoriza...
Imagino que não seja fácil a nenhum alemão esgaravatar no passado, nem tão pouco facilitar a vida a outros que o queiram fazer, mas mesmo assim esta história está mais bem contada do que as versões que conheci antes... As ficcionadas e as dos livros de história.

Eu gosto dos alemães que conheço agora e não tenho como não respeitar a capacidade alemã de dar a volta por cima, bem como o rigor que aparentam...
Ontem falava-se dos cortes que a senhora Merkel quer impor, no país que ainda financia grande parte da Europa. Cortes que poupam a área da Educação, porque se pretende acautelar o futuro próximo, mas também o mais distante!

No último fim-de-semana lia no Expresso um artigo sobre o renascimento da revolta na Alemanha, com laivos xenófobos... Por que Europa estarão os alemães dispostos a sacrificar-se? Perceberão todos porquê? Seremos todos capazes de explicar as vantagens de uma Europa menos desequilibrada, mesmo aos que estão no prato mais generoso da balança ou cairemos na tentação de apontar o dedo aos que estão no prato mais fraco, ou aos que vêm de fora... Como o taxista que hoje se queixava dos brasileiros, como um todo, incriminando-os indiscriminadamente...

Acho agora demasiado fácil incendiar a mesquinhez porque fomos pouco educados para sermos grandiosos quando estamos pequeninos, ou quando nos sentimos ameaçados...

miércoles, 5 de mayo de 2010

O cenário de Anne Frank

´

Não sei se já distribuem o vídeo com o livro...
A mim, curiosamente, o filme chegou-me pela mesma pessoa que me emprestou o livro. Obrigada Madrinha.

miércoles, 7 de abril de 2010

Estranho a Grécia

Não me lembro do templo de Zeus, mas ainda tenho na memória a vista do Partenon. Dali parece que Atenas rebenta pelas costuras.
E rebenta, pelo menos rebentava a meio da década de 90, em ziguezague, sem passadeiras ou linhas brancas a direccionar o asfalto, os atenienses e os outros que vão a Atenas à procura das raízes.

Depois de me passar uma birra quase inconfessada por não ter ido mais para Leste, consolei-me com a ideia de que se era para começar a descobrir a Europa, que fosse pelas origens da civilização ocidental. Grécia e Itália estavam assim justificadas enquanto destinos de interail.

Ontem voltei à Grécia, à boleia da SIC...
Kolonaki square, a praça do luxo e das vaidades, dizia o taxista, que se queixava dos maus políticos gregos e da preguiça do povo.
Tanto que temos em comum... O fardo da função pública, até o facto da ditadura grega ter caído um mês antes da nossa...
Andam agora os gregos atiçados nas ruas a lutar por melhores condições sociais, deserdados da crise que já não é financeira, nem meramente económica. Em países como Portugal e Grécia nunca deixou de ser social. Formigas na hora da revolta, cigarras a prevenir as causas que a inflamam.
"Somos a primeira geração que sabe que vai viver pior que os nossos pais", dizia a arqueóloga, disposta a ser sindicalista por um ano (curiosa esta ideia)!

Às vezes fico entalada entre o conhecer mais e o conhecer pela primeira vez, entre o que não conheço e o que quero compreender melhor...
Acho que entendi mal Atenas quando lá estive e não me contento por não ter gostado da cidade. Tem que ser muito mais do que eu absorvi... Quero lá voltar e quero dar-lhe uma segunda oportunidade.

martes, 30 de marzo de 2010

Os cinco

A Maria quis pôr-nos a falar de livros, dos livros de que mais gostámos, dos que mexeram connosco... A Anita começou por ser para mim "o livro do sapo"... Conheci-o em casa da minha Tia Alice, que frequentava quase todos os sábados, muito antes de saber que sons desenhavam as letras. Tanto a minha madrinha como a minha prima Paula tinham vários "sapos"... De cada vez que assaltava a estante da sala de estar e abria um desses livros encontrava o meu amigo sapo e outros animais que forravam o papelão duro interior da capa e da contracapa dos livros da Anita antigos... São os primeiros livros de que tenho memória e provavelmente por eles comecei a gostar da ideia de ler. A minha madrinha tratou de me saciar esse apetite pela leitura, ao ritmo de um livro por mês, assim que eu comecei a ler e que ela começou a trabalhar. Foi sem qualquer dúvida a pessoa que mais livros me ofereceu na vida: os livros da Anita, da Patrícia...
Destaco o "Anita no Ballet" por ter sido lido vezes sem conta, por ver repetidamente aquelas posições, por treinar a partir delas, por ter decidido que queria aprender ballet também por elas, por depois ter percebido o tanto que gostava de dança e por ser a dançar que passo dos melhores momentos da minha vida!
Voltas a ser tu a culpada deste madrinha ;) Foste tu que me emprestaste "O Diário de Annne Frank". Eu teria talvez uns 12, 13 anos... e era com esta capa velhinha das Edições Brasil... Adorei na altura. Acho que me marcou como nenhum outro livro me viria a marcar: porque era a história da descoberta da adolescência de uma menina mulher numa altura em que eu também estranhava essa passagem, que tanto me questionava sobre ela; porque foi um contacto tão real com a História, o meu primeiro relatado na primeira pessoa. Uma História tão recente, tão vergonhosa e tão elucidativa e desmitificadora do bom senso e da bondade humana. Fiz questão, quando estive em Amesterdão, de conhecer os cantos e contornos do espaço que serviu de esconderijo e casa a Anne, à sua família e ao amiguinho Peter, antes de ser apanhada pela polícia e acabar num campo de concentração. E faço questão de lá levar os filhos que eventualmente venha a ter. E isso é uma promessa, como prometo motivá-los para a leitura deste diário.
Uma vez escrevi que este era o livro que gostaria de ter escrito, de tal maneira a poesia se encontra com a prosa nesta história, mas é mentira! Na verdade não quereria tê-lo escrito. Não mais. Sobre a história de amor, esta, nem sou capaz de escrever. Seria sempre pouco e desajustado.
Por que nã0? A proposta deste livro faz-nos pensar até que ponto somos capazes de amar apenas uma pessoa de cada vez, se sentimos desejo por tantas outras ao longo da vida e muitas vezes em simultâneo. Somos todos capazes de ser sacanas se formos devidamente postos à prova? Estamos apenas presos por um código de conduta, que não discutimos, não aprovámos, nem reprovámos? Aceitámo-lo tacitamente, quase só porque sim.
Penso num livro português de que tivesse gostado particularmente e este sai quase sempre entre os primeiros na minha cabeça. Coloca problemas semelhantes aos colocados em "Três Sereias". Defende o amor. Atiça-se contra os preconceitos. Um grande livro é também aquele que nos coloca a torcer pelo que habitualmente não torceríamos. Troca-nos as voltas, rasga caminhos novos. Fechada a última página, somos mais pessoa.

domingo, 14 de marzo de 2010

Um café e um jornal

Numa das manhãs em que estive em Burgos entrei num café, com vista para o rio, encostado às traseiras do bonito edifício do teatro. Um café antigo, que faz gala disso. Elegante, com um pé direito generoso, janelas gigantes espalhadas por três das quatro paredes. Na outra impõe-se uma longa barra, como é usual na restauração à espanhola. Deveriam ser umas 11 horas e o café/restaurante estava meio cheio. Senhores e senhoras com mais de 70 anos, em pequenos grupos, à conversa ou a ler o Diário de Burgos. Um café com jornais, que é como devem ser todos os cafés. Estivesse eu ao leme da promoção de um jornal e fá-lo-ia chegar gratuitamente a todos os cafés e lançava a campanha "Um café e um jornal", contratando o Rui Veloso para dar voz à coisa...