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martes, 10 de febrero de 2015

Requiem pela Parnaso

As distinções atribuídas em Lausanne a dois estudantes da Escola de Dança do Conservatório Nacional de Lisboa guiaram-me até uma informação menos feliz...
A minha escola de ballet, a Parnaso, já não existe.
Vai resistir na memória dos alunos que a frequentaram: as aulas teatralmente austeras, mas quase sempre bem humoradas do César, que de vez em quando despia a personagem, distração fatal perante uma turma de potenciais indisciplinados!
Deve ter sido nas aulas do César que vi pela primeira vez um piano a três dimensões. Era o som do piano que, por vezes, nos ditava o ritmo do "plié", do "frappé", do "battement", do "jeté", do "adagio"... Outras vezes, quando faltava o pianista, era mesmo a toque de cassete que dançavamos!
Também foi na Parnaso que tive as primeiras aulas de música, dadas por Fernando Corrêa de Oliveira, o senhor de poucas palavras, com um ar levemente sinistro, de cuja genialidade só me apercebi muito mais tarde!
Foi dele o sonho "Parnaso": a escola de música, ballet e teatro fundada em 1957. Na altura em que a frequentei, penso que já não havia teatro e a música era apenas complementar ao ballet.

viernes, 4 de octubre de 2013

Rio volta a vencer no Porto!

Eu podia alegar que me tornei numa pessoa ponderada que procura analisar as coisas a frio (gelado) e que por isso só agora comento as autárquicas, mas na realidade este post foi mentalmente escrito no domingo, assim que a SIC avançou com o "Rui Moreira vence no Porto!", e ainda está por inventar a tal máquina de transformar o pensamento em escrita...
Parecia que o meu F.C. Porto tinha voltado a vencer a Champions! Não contive um grito de alegria!
Duvidei do bom senso do povo! Afinal, se os juízes não foram capazes de o demonstrar...
Mas os portuenses (e os lisboetas também) fizeram a justiça nas urnas! Orgulho!

Não tenho ainda uma opinião formada sobre o Rui Moreira: há qualquer coisa ali de vira-casacas, não sinto convicção... mas pelo menos as promessas eram as mais sensatas! 
E qualquer coisa era melhor do que Meneses!

Fiquei também bem impressionada com o discurso do candidato socialista: oportuno e astuto este Pizarro! Provavelmente teria chegado mais longe, se tivesse havido uma maior cobertura mediática nestas eleições e debates frente-a-frente!


lunes, 22 de julio de 2013

Luxo!

Maia - Palácio da Bolsa (centro do Porto): menos de 20 minutos de carro, às 9 da manhã, de um dia de semana!
Bem sei que estamos no verão, mas ainda assim, é de aplaudir! E com obras na Baixa!

Almoço razoável num restaurante na Ribeira, numa esplanada com vista, sem filtros, para o Douro, a escutar as conversas das gaivotas: 9€!
Compreende-se por que razão visitar o Porto (Lisboa também) seja conselho recorrente em jornais e revistas de todo o mundo! E comece a ser muito falada como excelente cidade para instalar novos negócios!

Temos tanto para dar certo, Portugal!

lunes, 11 de marzo de 2013

Aos 104 anos!

Às vezes sentimos vergonha pelo que não se faz, pela falta de reconhecimento do país aos que elevam o seu nome. Como também acontece (muitas vezes) o contrário: "Momento marcante foi a sessão especial dedicada aos 70 anos de estreia do mítico “Aniki Bóbó” que serviu de pretexto para uma homenagem ao decano dos realizadores mundiais – Manoel de Oliveira – e da protagonista feminina, Fernanda Matos  (a Teresinha) . Na altura (no passado dia 6) Manoel de Oliveira confessou: “Esta noite, para mim, foi como um sonho. É pena ter chegado um bocado tarde. Isto nem em Cannes”. Uma apoteótica recepção de um público muito jovem e uma impressionante cobertura mediática foram o merecido e sentido reconhecimento de um génio, pela sua cidade natal."
Fico feliz de saber que assim foi e gostava de ter estado!

miércoles, 3 de octubre de 2012

Porto!

Mais um vídeo sobre Portugal premiado- na Roménia, durante a 15ª edição do "International Film Festival Document Art". A cidade que me merece mais exclamações, que mais me altera o ritmo cardíaco, "Uma Cidade Chamada Porto", num vídeo que tenta captar o seu dia-a-dia.

lunes, 1 de octubre de 2012

Woody Allen, o caricaturista! Mi piace!


"Porca miséria!", diz o polícia romano, em jeito de auto-apresentação. Todo o filme é uma caricatura a Roma, no que tem de bom, e aos romanos, no que têm de... caricato! E claro, a habitual caricatura à relação do casal e dos candidatos a casal, no que têm de mais rotineiro... E à desalmada hipocondria/angústia das personagens interpretadas por Allen. E aos costumes: hilariante a ascenção e queda do "novo famoso, sem nada ter feito por isso", na mesma linha da sátira do Bruno Nogueira em "O último a sair".
Nada de novo, mas agradável. É como rever um filme de Woody Allen, sem que seja bem o mesmo filme.
O que anda a mudar é a cenografia e isso agrada-me, porque gosto de viajar pelas cidades, também através do cinema, como gosto de o fazer através de um livro.
E não vejo problema algum no facto de Allen ser pago para promover uma cidade, ao mesmo tempo que faz o que sempre fez: caricaturar. Viaja mais, conhece mais, com o aliciante desafio de ter que inventar uma história para a cidade. Ele já fazia o mesmo antes com Paris, Veneza e Manhatan e tinha que arranjar dinheiro à mesma para pagar o filme.
Paguem-me a mim para fazer o mesmo! António Costa e Rui Rio estou à Vossa inteira disposição... A desculpa de que eu não sou tão popular quanto o Allen torna o cachet bem mais negociável!

E apeteceu-me voltar a Roma: esperemos que a moedinha que atirei à Fontana coopere!
(Woody, prueba superada!)

miércoles, 18 de julio de 2012

Praia de Matosinhos*

O vapor do café da garrafinha térmica misturado com o nevoeiro madrugador!
O pão ainda crocante untado de manteiga!
A ansiedade acelerada pela molenguice dos ponteiros do relógio que tardavam em chegar à desejável HORA DO BANHO!
Os mil e um jogos que inventávamos para driblar a tal ansiedade. Táctica muitas vezes bem sucedida, coroada de gargalhadas, ao ritmo de quedas na areia, de baloiços improvisados com as tolhas de praia entre postes humanos... As mesmas tolhas que trilhavam caminhos com o peso do nosso corpo, puxadas pela boa vontade de serviço, as mesmas toalhas que nos transformavam em sheiks árabes, semi-enroladas na nossa cabeça, as mesmas toalhas que dispunhamos em cruz para jogar ao "queime-se" (ou seja lá como se escreve)!
A corrida pelo imenso areal molhado (não há outro tão longo assim), na enfim chegada HORA DO BANHO, num mar quase sempre "pacífico", cúmplice de mergulhos mais ou menos criativos!
A areia mais fina, cristalizada na pele. O cheiro, também agarrado à pele (deveria ser a iodo), que carregávamos para casa!
A nossa barraquinha (toda a gente tinha uma)! O Todos, o estarmos Todos, ou pelo menos muitos e muitos dias seguidos, que pouca coisa nos demovia.
Os chinelos de solas fatiadas com as cores do arco íris e que eram tal e qual as havainas, mas que ainda não se chamavam assim (!!!!)!
O arroz branco da Brisa, o enorme aquário da Brisa!
A infância!
A Bola de Nívea! E a própria Nívea!

*Como uma foto postada inocentemente no Facebook se transforma em máquina do tempo. Obrigada :)

lunes, 28 de mayo de 2012

Luanda

A conversa à hora de almoço girava sobre "e se pudesses escolher, onde estarias agora?"
Sem pensar, saíu: Luanda!
Até eu fiquei surpreendida com a minha resposta.
Não me mudaria para Luanda sem pestanejar, mas saíria de Lisboa agora, sem pestanejar. A cidade está ilibada de qualquer culpa. Sou mesmo eu que a quero abandonar.
A geografia desmente-me, mas eu acho que a meio caminho de uma e de outra está o Porto. O nosso.

martes, 21 de junio de 2011

Alegria

Paralela a Santa Catarina, fica a Rua da Alegria. E é mesmo uma alegria reencontrar estes prédios e ver que entretanto foram renovados e que estão habitados.

A Rua que desce e depois sobe

... a rua de Santa Catarina, no Porto.

A capela das Almas, do século XVIII, revestida com azulejos, que representam cenas da vida de São Francisco de Assis e de Santa Catarina e que foram feitos na Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego, já no século XX.
O velho, quando tem o tratamento que merece.

Detalhes como este, que se permitem, porque a aquitectura não tem culpa da simbolgia clubística :)




O tal Majestic, onde o café é servido em chávenas de porcelana e tem direito a dois pires... o café onde todas as paredes são espelhos e onde a ferrugem fica bem aos espelhos, medalhando o tempo...


E o eléctrico castanho, que voltou à rua, cruzando-a pela Passos Manuel.


Que rua, esta!

martes, 24 de mayo de 2011

Teoria da relatividade à dragão!

Muitos dragões e adeptos dos dragões indignam-se por não serem recebidos pela Câmara Municipal do Porto!
Curiosamente, não pareceram importar-se tanto quando, na semana passada, deixaram milhares de adeptos a babar à espera de ver os jogadores do FCP na varanda do estádio. Nada, niente, nem sequer as luzes acesas! E o povo estava lá, esperou lá por eles, mas como os títulos saciam perdoamos tudo.

E Biba o Porto! E Biba o FCP!

miércoles, 18 de mayo de 2011

Vale o que vale! E vale muito!

Dois clubes portugueses, orientados por dois treinadores portugueses, jovens, educados, com jogadores, cujos salários estão algo distantes dos que auferem os colossos do futebol mundial, jogam uma final europeia!

Isto é trabalho do bom! E mérito!
E pouco interessa se ganha o meu Porto ou o Braga do meu avô... Portugal já ganhou e o desportivismo também porque tem sido bonito ver a convivência de adeptos de ambos os clubes! O futebol faz-se festa, quando é apenas desporto!

lunes, 16 de mayo de 2011

O dever de fazer e o de não dever

Factos: De acordo com o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses de 2009 , a câmara de Lisboa continua a ser a mais endividada do país, Vila Nova de Gaia é a segunda da lista, Aveiro a terceira e Porto a quarta. Nestas coisas, o tamanho (do município) conta, pelo que estes nomes não aparecem só por má gestão, até porque o Porto lidera a tabela de eficiência financeira, seguido de Vila Franca de Xira, Almada, Oeiras, Amadora, Braga, Matosinhos, Sintra, Vila Nova de Famalicão e Setúbal.


Estas tabelas, quanto a mim, deveriam pesar mais de cada vez que há eleições autárquicas, mas estranhamente, quase ninguém fala nelas... Como se gerir as contas, dosear a relação entre o dever de fazer e o de não dever dinheiro, não fosse prioridade de quem governa!

Lá está, Rui Rio não se poderá recandidatar à CMP outra vez e, por ventura, mais algum destes autarcas que privilegiam a eficiência, mas merecem ser seguidos e considerados para outras funções (e como o PSD e o país precisam de Rio...) Excepção feita ao autarca de Oeiras, que eu tenho dificuldade em aplaudir condenados por fraude fiscal.

viernes, 15 de mayo de 2009

O Porto está a mudar... e em breve iremos notar


Praça do Duque da Ribeira, Porto, 8 de Maio de 2009


Olhares de um fim de tarde bem passado pelas futuras ex-ruínas do meu Porto (cada vez com mais) sentido!




Este edifício albergou o primeiro hotel do Porto... Será um hotel low-cost em breve...

A Costureirinha da Sé "morava" nesta casa!

martes, 5 de mayo de 2009

Camilo e Siza

Camilo Castelo Branco e Siza Vieira elegeram o mesmo cenário, o Porto. A convite da revista brasileira Viagem e Turismo (Editora Abril) tentei percorrer as pisadas ou o espírito da época de ambos...

Esta é a versão pré-adaptação ao português do Brasil...

O Porto de Camilo Castelo Branco

A cidade que inspirou o nome a Portugal tem séculos de argumentos para merecer uma visita. Vamos deter-nos no XIX e seguir o rasto do romancista e jornalista Camilo Castelo Branco. O Porto, que também emprestou o nome ao vinho, era por esta altura uma cidade mercantil, industrial, cosmopolita, revolucionária e romântica. O autor de “Amor de Perdição” e de “A Queda de um Anjo” alugou-a e contracenou com ela.

Da janela do quarto, Camilo Castelo Branco poderia, se quisesse, contar quantos barcos rabelos atracavam por dia no cais da Ribeira. Até serem substituídas pelo comboio, estas embarcações, que hoje encantam os turistas, desciam o Rio Douro carregadas de pipas de Vinho do Porto para armazenar nas caves de Vila Nova de Gaia (actualmente visitáveis). O vinho adoçava a boca aos ingleses e impelia a cidade a fazer justiça ao seu nome, sendo porto de chegada para as pipas provenientes do Alto Douro e de partida para as garrafas de Porto a exportar para Inglaterra. Tudo isto poderia Camilo confirmar porque estava preso na Cadeia da Relação numa cela voltada para o rio. Estávamos em 1860 e o escritor cumpria pena por adultério, no edifício em que pelo mesmo crime se encontrava também encarcerada a sua amada, Ana Plácido.
O bulício do Douro, que desagua no Porto, não seria distracção suficiente para o escritor, que encontrou no papel e no tinteiro melhor companhia. Hoje é possível conhecer esse espaço reduzido onde Camilo escreveu um dos seus mais afamados romances, “Amor de Perdição”, a história trágica de Simão e Teresa, inspirada no amor reprovado do escritor por Ana Plácido. A antiga cela de Camilo está aberta ao público bem como outras salas da Cadeia da Relação, transformada em Centro Português de Fotografia (cpf.pt, Campo Mártires da Pátria, entrada livre). Aí podemos espreitar por lentes arcaicas que congelaram momentos desde os primórdios da fotografia, admirar o espólio de um pioneiro fotógrafo e cineasta português, Aurélio da Paz dos Reis, e outras mostras que o centro vai rodando.
Recuar às primeiras experiências fotográficas, é viajar pelo século XIX, pelo romantismo artístico, político e filosófico em que encaixa a obra e a vida de Camilo. O escritor nasceu em Lisboa, em 1825, mas morou quase toda a sua vida no Norte de Portugal. O Porto foi palco de anos rebeldes: Camilo dividia-se entre inflamadas paixões e a boémia dos cafés e salões burgueses, onde era popular pelos seus escritos jornalísticos.
Descobrimos esse Porto burguês e romântico na encosta que se estende da Boavista ao rio. Descendo uma das suas estreitas ruas alcança-se o Museu Romântico (Rua de Entrequintas, 220, € 2 de terça a sexta, entrada livre aos sábados e domingos), alojado na Quinta da Macieirinha, reduto de férias da família Pinto Bastos, fundadora da conceituada fábrica de porcelanas Vista Alegre.
A casa envolta por jardins, denuncia quão forte era a presença britânica no Porto no século XIX, um pouco à boleia do comércio do vinho. O museu reconstitui a vivência da época, com móveis de diferentes estilos, que desvendam o eclectismo dos românticos. Testemunha-se igualmente a sua paixão pelo coleccionismo num quarto que exibe várias colecções. A ampla sala de baile deixa-nos imaginar saiotes a rodopiar em serões festivos e faustosos, ao som de Chopin ou Beethoven, autores certamente tocados nos dois pianos fortes Collard que permanecem no museu. Em algumas dessas festas participou o rei italiano Carlos Alberto de Piemonte e Sardenha, que esteve nesta casa exilado e nela faleceu em 1849.
Em frente à Quinta da Macieirinha fica a Quinta Tait (Rua de Entrequintas, 219), que abrigou várias famílias inglesas, como a do abastado negociante de Vinho do Porto William Tait. Mais tarde adquirida pela prefeitura, a casa mantém o traço romântico e acolhe exposições temporárias, merecendo uma visita também pelos seus perfumados jardins.
Colado à Quinta da Macieirinha fica outro legado do romântico, o Palácio de Cristal (Rua D. Manuel II), ou o que resta dele, já que o edifício, erguido em 1865, foi demolido em 1951, dando lugar ao pavilhão desportivo Rosa Mota. Camilo contestou a construção desse palácio que considerava o símbolo do Porto burguês e materialista. O imóvel original, assinado pelo inglês Thomas Dillen Jones, foi tal como o Palácio de Cristal de Petrópolis inspirado no Crystal Palace londrino. Actualmente o espaço atrai sobretudo pelos jardins românticos projectados pelo paisagista alemão Emílio David e pela moderna Biblioteca Almeida Garrett (outro escritor do romântico português).
O ponto final neste roteiro pelo Porto do século XIX pode ser temperado por um cálice da bebida que na época fermentou a cidade comercialmente, projectando-a no resto do mundo. Pode brindar à História e a Camilo, por exemplo, na Quinta da Macieirinha, onde também mora o Solar do Vinho do Porto. Das janelas deste bar/loja de vinho pode igualmente ver os rabelos a partir e a chegar. Em vez de vinho transportam agora turistas desejosos de o experimentar…

O Porto de Siza Vieira

O vencedor do Pritzker em 1992 conhece uma cidade empenhada em acordar depois da ditadura. O Porto de hoje tem o dedo de Álvaro Siza Vieira. A cidade onde o arquitecto trabalha preserva as heranças do passado, mas quer deixar marcas para o futuro. O projecto Porto Capital Europeia da Cultura 2001 agitou a cidade. O efeito continua contagiando vários sectores da vida da segunda maior urbe de Portugal.

Se a viagem pelo Porto de Camilo Castelo Branco pode terminar com um cálice do vinho licoroso que foi buscar o nome à cidade, é justo iniciar um percurso inspirado em Álvaro Siza Vieira com o mesmo copo na mão. O arquitecto português, é conhecido pelas formas que vai acrescentando ao espaço urbano, mas poucos sabem que é também o autor do copo oficial da bebida mais famosa de Portugal (à venda no Solar do Vinho do Porto). Assim é desde 2001, por encomenda do Instituto do Vinho do Porto. A peça de cristal Tritan mede 16,7 cm e é mais alta do que os até então copos usados para beber Vinho do Porto. No pé, o copo possui uma ligeira concavidade para indicar onde deve assentar o polegar, de modo a melhor movimentar e observar a bebida antes de lhe sentir o aroma e de a provar.
A experiência fica mais saborosa se a escassos metros de si estiver o mar, apenas filtrado por uma parede de vidro. Isto é possível na Casa de Chá da Boa Nova (Lugar da Boa Nova, Matosinhos), projectada por Siza Viera e concluída em 1963. O espaço parece ter sido cavado nos rochedos da Praia de Leça da Palmeira, uma das primeiras que encontra depois do Douro se render ao Atlântico. Quem visita o Porto dificilmente resiste a um desvio à cidade vizinha de Matosinhos para conhecer esta carismática obra de Siza. Aqui pode beber um Porto, um chá (a outra bebida, que os portugueses ensinaram os ingleses a gostar, através de Catarina de Bragança, esposa do rei Carlos II de Inglaterra) ou mesmo fazer uma refeição.
Ainda na praia de Leça da Palmeira, a convidá-lo para um mergulho, estão as Piscinas das Marés (Avenida da Liberdade, Matosinhos) também da autoria de Siza. A construção surge tal como a Casa de Chá camuflada entre os rochedos, como se não quisesse perturbar a Natureza. Antes tira partido dela, já que é da água salgada do Atlântico que se alimentam as piscinas.
Seguindo pela costa atlântica que nos leva até à Foz do Douro, já no Porto, faça escala no Parque da Cidade (Avenida da Boavista), uma conquista recente para a qualidade de vida dos portuenses. Idealizado pelo arquitecto paisagista Sidónio Pardal, o maior parque urbano do país é generoso em espaços verdes e lagos, sendo ideal para jogging, passear de bicicleta, ou simplesmente relaxar.
O recinto faz fronteira com a Boavista, zona de luxuosas vivendas que se estica até à Foz do Douro. Entre ambos está a Avenida da Boavista. Recomenda-se uma paragem a meio, não por se tratar da mais longa artéria da cidade, mas porque é imperioso visitar a Quinta de Serralves, onde está o Museu de Arte Contemporânea (serralves.pt, Rua D. João de Castro, 210), outra obra com o carimbo de Siza. O edifício branco, de linhas rectas e surpreendentes jogos de luz, concluído em 1999, alberga uma colecção permanente, que conta a evolução da arte desde a década de 60, e recebe mostras temporárias de arte contemporânea. O espaço é determinante no diálogo com outras instituições culturais, na projecção internacional da cidade, bem como na educação para a arte e na sedução de novos públicos.
O mesmo caminho parece trilhar a Casa da Música (casadamusica.com, Avenida da Boavista, 604-610), projectada por outro colosso da arquitectura actual, o holandês Rem Koolhaas. Este novo espaço, incontornável na programação musical da cidade, ficou pronto em 2005 e é já um ícone arquitectónico do Porto, justificando a visita guiada (€ 3).
A Casa da Música é um legado do Porto Capital Europeia da Cultura 2001, projecto que catalisou a revitalização de muitos espaços culturais e melhorias urbanísticas em zonas como a Praça Carlos Alberto ou o quarteirão do Jardim da Cordoaria. Os arranjos sublinharam a imponência da Igreja e Torre dos Clérigos (Rua dos Clérigos), projectadas pelo italiano Nicolau Nasoni. Concluída em 1763, a torre é o símbolo do Porto e permite aos que se atrevem a escalar os seus 225 degraus uma vista de 360 graus sobre o centro histórico da cidade, que vale a classificação de Património Mundial da UNESCO.
Desse ponto observa-se a remodelada Avenida dos Aliados, um trabalho de Siza em parceria com o também reputado arquitecto português Eduardo Souto Moura. Os Aliados foram reestruturados de modo a acumularem a função de praça, para maior usufruto das pessoas. O granito é o material de eleição, em homenagem ao maciço rochoso em que assenta a cidade e que agradou a vários estilos arquitectónicos: Sé (românico), Igreja de São Francisco (gótico), Igreja da Misericórdia (renascentista), Clérigos (barroco), Palácio da Bolsa, Câmara Municipal e Hospital de Santo António (neoclássico), entre outros…
Não se despeça da cidade de Camilo e de Siza sem antes a ver do lado de fora. Desça os Aliados até à Estação de Comboios de São Bento (obrigatório cruzar a porta de entrada e babar com os 20 mil azulejos de Jorge Colaço), embrenhe-se no Porto mais medieval até ao rio, atravesse pela Ponte D. Luís (projectada pela equipa de Gustav Eiffel no século XIX) para a Ribeira de Gaia. Eleja uma das esplanadas das caves de Vinho do Porto. À sua frente, em cascata, o Porto espelha-se no Douro. O cinzento granítico mistura-se com tons ocres. De cortar a respiração!