viernes, 31 de octubre de 2008

They Find!


Um hotel flutuante, botões instantâneos para jeans, um anexo desdobrável, um sofá de papel... ideias que funcionam, negócios que prosperam... Tudo condensado num site português (http://www.wefind.pt/) que pesquisa tendências no mundo inteiro... Uma ideia de alguém que percebeu que os media nacionais têm vistas curtas!

Eu agradeço e algo me diz que os empresários portugueses também vão agradecer!!

A porta que dá para os dois lados

O protagonista da minha memória é um senhor de uma certa idade. Gosto de pensar que se trata de um octogenário, talvez por gostar da sonoridade do número oito e de o desenhar entrelaçado e redondinho, a provar que as histórias se interligam e que podem começar no mesmo ponto em que terminam. Na verdade a minha acontece assim: eu saía do lugar para onde o meu octogenário entrava, ou então entrava eu para o mundo de onde ele saía. Pouco importa por agora...Vi o meu octogenário contrariada, como quando se senta alguém ao meu lado no mesmo banco do autocarro e me obriga a partilhar, a ajustar-me no meu canto, a escapar da minha abstracção e a pedir licença para sair. Desagrada-me pedir licença para sair. Vi-o do outro lado da porta de vidro, daquelas que democraticamente abrem para os dois lados, bamboleiam dependendo, ora do desabafo dos que a empurram em fuga, ora da convicção dos que a puxam para si, determinados a entrar, muito mais do que a sair. O meu octogenário alcançou-a antes que eu pudesse decidir. Ele decidiu puxar a porta de vidro. Decidiu isso e decidiu sorrir-me com os olhos, com a face toda e com as mãos que me cediam a passagem, sem pressa nenhuma. A ausência de pressa de quem valoriza a vida, com a autoridade de a viver efectivamente. Se não fossem as convicções sociais, a vergonha, a estupidez, ou outra desculpa menos óbvia, o que teria feito era dar-lhe um beijo. Não me lembro de melhor forma de retribuir aquele momento quentinho que me impediu de continuar contrariada... Em vez disso, disse-lhe um vazio obrigada, mais ou menos desmaiado num sorriso, e adiei para depois os olhos humedecidos e a felicidade mais escancarada. Por essa altura ele já estava do outro lado da porta e ela já se tinha fechado. Não o voltei a ver. Mentira! Acho que o reencontrei porque poderia muito bem ser ele o octogenário que se mudou para o meu prédio e uma semana depois tocou à minha campainha. Abri a porta e lá estava ele com um cesto de molas de roupa de muitas cores diferentes. Ofereceu-mas a sorrir com os olhos e com a face toda. Talvez desconfiasse que eram molas coloridas os meus brinquedos preferidos quando ainda só gatinhava atrás deles e aprendia que as cores tinham nomes. Sempre que me cruzo com este meu octogenário no prédio ou na minha rua, sorrimos os dois. Eu regresso à recordação do meu outro octogenário e da porta de vidro. Imagino que afinal vou conseguir dar-lhe um beijo como quem termina o oito mesmo no ponto em que o iniciou. Penso depois que devo ter desenhado vários oitos imperfeitos, que não terminam de acontecer. Penso que um sorriso é quase um beijo por terminar, por acontecer.

miércoles, 29 de octubre de 2008

... ensaio sobre a cegueira do mundo adulto

... é um lugar comum dizer que as crianças são o melhor do mundo, mas é mesmo através delas que o mundo pode mais facilmente melhorar...

Ainda não li o livro do Saramago e ainda não vi o filme do Fernando Meireles, mas parece ser sobre a cegueira dos adultos que trata...
o filmezinho que se segue também...

Piegas? Talvez... Mas mais do que isso certamente.


miércoles, 8 de octubre de 2008

Mais um terço...

Estou prestes a cumprir aquele terço do desígnio/imperativo/seja lá o que for (um dos dois que ainda me faltam): escrever um livro... Presumindo que livro é palavra suficientemente generosa para encaixar várias definições e potenciar distintos suportes!... Vamos esquecer que gosto do cheiro do papel e de manusear e da ansiedade da página seguinte e do êxtase da última e da angústia de iniciar a primeira... vamos pensar que nos livramos do julgamento do editor e ou da generosidade do patrocinador, ou, em desespero de causa, da despesa da edição de autor... e ainda mimamos o planeta com a nossa consideração, poupando-lhe umas dezenas de árvores... Afinal, (e eu não fui das primeiras a perceber!) podemos escrever onde e quando nos apetecer, podemos assumir uma escrita esquizofrénica, hoje ser de esquerda e amanhã de direita, podemos mentir e dizer a verdade, podemos criticar e elogiar e analisar e palpitar, tudo no mesmo dia ou em dias diferentes e tudo sem sanções, e até podemos não ser lidos e não ficar ofendidos, e tudo de graça, sem remuneração, tudo sem compromisso, sem obrigação, escrever só ao sabor da vontade e da imaginação e da realidade... e até me chateia um bocadinho estar a rimar, mas a palavra que encaixa mesmo bem aqui é a tal... a Liberdade!

... e também é muito, mesmo muito provável que o livro comece e termine aqui...