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viernes, 8 de mayo de 2015

Azul e verde

- Não conheço os países nórdicos (é declaradamente um projeto), porém não posso deixar de ficar fascinada pelo que dos nórdicos se sabe: a riqueza que geram e como a administram, o respeito que parecem prestar à Natureza, a estética que conquista meio mundo (sim, IKEA e H&M também), ...
- Nunca votei em Cavaco Silva, mas reconheço que a ele (certamente através de um assessor mais arejado) muito se deve o impulso dado ao assunto Mar: colocou-o na agenda e nos discursos desde que chegou a Belém, percebendo a tendência e a oportunidade.
Desde aí não há órgão de comunicação que não faça "especiais" sobre a economia ligada ao mar e gente motivada para o pôr a render.


Por tudo isto tenho acompanhado com interesse a visita presidencial à Noruega, país que deve ao mar 45% do seu PIB!
Acresce que ser o terceiro maior exportador de hidrocarbonetos não impediu a Noruega de dar cartas também no campo das renováveis!
A Noruega tem também políticos que dizem colocar a ciência no topo das prioridades, porque sem ela a Natureza rende menos.

Se um norueguês olhar para o mapa de Portugal e reparar no enorme vizinho que temos a Oeste e a Sul deve ter vontade de rir quando escuta portugueses a dizer que Portugal é pobrezinho por falta de recursos naturais!
Ao que parece estamos a mudar: a economia verde já fatura e a azul também está bem encaminhada!

Eu acredito que é justamente o mar que nos poderá impedir de naufragar.
Eu mudava as cores da bandeira portuguesa!
Eu mudava as cores da bandeira portuguesa!


miércoles, 9 de enero de 2013

Fazer render a renda

Era uma vez uma tolha de renda que virou fronha, temporariamente...
Gosto desta coisa das coisas de renda/crochet, feitas por mãos, jeito e paciência, e de as descontextualizar.
Já fazê-las é outra conversa, já que me faltam o jeito e sobretudo a paciência: fiz, em tempos, um naperão (o Priberam diz que é esta a versão portugaise do napperon)
para a minha avó com menos de meio metro x 20 cm (?) destinado a prenda de anos - junho, mas só foi entregue pelo Natal (ou ao contrário...!?)!
Há por aí algum cãozinho de louça que queira testar a "Joana Vasconcelos" que há em mim? :)

martes, 2 de octubre de 2012

Pedro Barroso, "na rua livre de um palco, entre canções"

"... seremos quase mil cantando pela Liberdade, em nome da memória e do futuro", promete Pedro Barroso na sua página no Facebook
Uns dias antes garantia: "Dia 2 quero fazer do palco uma pátria diferente. Que pelo mundo do sonho se distinga voe e saiba diferir do cinzento dos dias tristes. Quero q comigo sejam conjurados de um outro sentir, outro saber; o sitio onde o Douro encontra o Tejo e juntos arrasam todos os medíocres q nos controlam o prazer e a alegria.
Como detesto esta gente pintada de séria e corrupta até à raiz dos cabelos. Como me bast...ei de misérias impostas e roubos declarados.
Estarei como um povo inteiro, na rua; só q isso será na rua livre de um palco, entre canções. Mas o meu discurso embora poético, apela a tudo o que de positivo é possivel fazer e rejeita a submissão dos dias ao jugo germânico da esmola como moeda de exigência.
Temos mil anos de historia. Que raio! Nao podemos temer o futuro. Só há que saber dizer isto bem alto, sem medo de amanhã. Porque o futuro só meterá medo precisamente se não o dissermos.
Quero que todos no fim do Concerto sintam e digam: valeu a pena
E que sintam que é possivel mudar as coisas porque viver tem de ser mais que isto q nos estão a obrigar. E a memória que vos trago traz um futuro iminente de acontecer.
Que todos saiamos do Rivoli de portas abertas e vontade expressa.
Conto convosco. É tempo de agir."

E antes ainda, comentava: "Em relação ao 2 Out no Porto, acho sinceramente q a publicidade entre amigos é a q mais desejo e a q mais resulta. Quero ter a casa cheia de amigos cumplices e solidarios, bem precisamos todos dessa alma colectiva!"

Esta noite queria estar no Rivoli com este "trovador", que tão bem escreve para cantar.

Assim:

"Excesso"

Há amores estranhos fundos sem razão


- são secretos vivem na cumplicidade

indizíveis nas palavras que aqui vão

são impróprios de viver em liberdade

levaram a ternura ao exagero

e a um excesso saboroso a nossa pele

só compreende quem sente o latejar

bem mais dentro que os olhos do olhar,

há amores que não posso aqui explicar

pois quer queiram quer não inda vivemos

na pré-História de um Futuro de cem mil anos

nas grutas de um sentir que não sabemos



há uma palavra escandalosa e proibida

quando se fecha a porta e começa a fantasia

e me sento no sofá e desligo-me da vida

e fico Senhor completo do teu corpo

e o código começou e tu me ofereces

o máximo que alguém nos pode dar

e a guerra não tem hoje nem tabus

são duas vontades grandes que ali estão

e mais que as mãos e a boca e o Futuro

e o vício de dois corpos seminus

amarro em ti a vida que me escapa

e acordas-me explicando o mundo todo

e cedo a esta raiva que me mata



e sinto em ti Mulher, Mulher de mais

e houvesse aqui, agora, já, um altar

e eu casava-me contigo poro a poro,

casava-me contigo em todos os rituais

se é que não estou exactamente assim casando

o ontem com o presente e o infinito

e a cada jogo beijo salto ou grito

pressinto o chão fugir e o mundo longe

e há um abuso consentido que não peço

e tu olhas-me plácida e tremente raiva e calma

e a tormenta desabrocha e sai de nós

pela porta escancarada do excesso    

"Viriato"

Trago comigo uma guitarra para a viagem

na minha voz esta canção antiga

tenho nos olhos mais do que a paisagem

a memória e o sal da gente amiga

não feneceu ainda em mim o velho sonho

trago na ideia uma razão e um sentido

que eu tenho o mar, o fundo mar, por testemunha

e a esse mar que em mim navega tudo é devido

e há qualquer coisa em tudo isto

que eu não posso ou sei esconder

e que faz com que vos cante esta canção

é uma história um gesto antigo

que eu nem sei como dizer

Viriato tem mil anos de razão

É do verde e fresco Minho que eu vos falo

e dessa calma alentejana que nos cala

e é em casa junto ao rio Tejo que me embalo

e é em Sagres que essa história mais nos fala

lá nas Atlântidas perdidas de um sonho

ou num velho cacilheiro que nos leva

e há nas ancas das varinas no Porto, na ribeira,

todo um mundo que nos lembra e que celebra

e há qualquer coisa em tudo isto

que eu não posso ou sei esconder

e que faz com que vos cante esta canção

é uma história um gesto antigo

que eu nem sei como dizer

Viriato tem mil anos de razão

lunes, 24 de septiembre de 2012

Bom senso

Ando a levar-me demasiado a sério e este paleio está a ficar uma grande seca...

... mas apetece-me registar que aprecio o bom senso com que a revista  The Economist aconselha o mundo:

Nesta edição, uma tartaruga faz o papel de editor ao responder "Sadly, yes" à pergunta da capa. No artigo ficamos a saber que a Ásia anda a brigar por uma pequena ilha (intencionalmente fotografada para ficar pequena na capa e assim ridicularizar a disputa), por uma questão de soberania. Oportunidade (escreve o jornalista) para a China mostrar que está mais empenhada em manter a paz, beneficiando do crescimento que protagoniza.

No site da revista, escreve-se sobre o eventual novo país europeu: o crescente apetite de alguns catalães (cada vez mais, aparentemente) pela independência, para que os impostos dos catalães permaneçam na Catalunha.
No fim do artigo, conclui-se: "The direct causes of Catalonia’s economic woes are recession and ruinous administration by previous regional governments. Independence does not change that."

Se a independência catalã se concretizar, fica dado pontapé de partida para o fim do Euro. Se isso é bom ou mau, não sei responder.

P.S. Também me pergunto quantos deputados e governantes deste país lerão esta revista?

miércoles, 19 de septiembre de 2012

Pois.

Merecem reflexão estas frases:

"A contradição entre o mundo rico e o mundo pobre marcará o século XXI e pode engendrar uma III Guerra Mundial."
Já não será a religião nem a posse territorial .

"Se daqui a 30 anos (a contar de 1994), não tivermos dois jovens a trabalhar para manter um reformado, terá ocorrido uma catástrofe ou estarão os robôs a desempenhar essa tarefa".

Quem o disse foi o Santigo Carrillo, dirigente comunista histórico espanhol, falecido ontem e hoje tema da crónica do Fernando Alves, que terminava com o alerta: "Resta uma década para evitarmos, pelo avanço tecnológico, o lado catastrófico da previsão de um homem cujos vaticínios foram quase sempre certeiros."

miércoles, 5 de septiembre de 2012

A "nossa" ilha


Há lugares exclusivos, de tão pouco divulgados.
Gosto deles assim.
Durante a maior parte do ano, a ilha é só deles.
Mas no Verão partilham-na connosco!

miércoles, 2 de mayo de 2012

Mercedes, Leica e biberões

No biberão da minha filha diz ao lado do desenho de um bebé: "Quality made in Germany".!
Não diz apenas "made in Germany"!

Há muitos anos que o meu pai ambiciona comprar um Mercedes porque vê a marca como a melhor garantia de qualidade num automóvel!

Hoje li aqui, o que por cá já se sabia: as carismáticas máquinas fotográficas Leica são feitas em Famalicão.
Nós já sabíamos, mas o resto do mundo não sabe porque a máquina exibe o "made in Germany" ou "quality made in Germany"! O artigo frisa isso mesmo, começando por citar um funcionário que diz: "aqui tudo funciona de maneira diferente do que no resto de Portugal". Mais à frente o director assinala: "A máquina é feita em Portugal, mas vivemos a mentalidade alemã"!

Por isso é que eu concordo com o primeiro-ministro, quando sugeriu aos jovens que emigrassem: para abrir horizontes e ver como fazem os outros, quando fazem melhor!
É outra forma de contornar a injustiça que lamentava Martin Schulz, o alemão que preside ao Parlamento Europeu. Numa visita a Espanha, reuniu-se com um grupo de jovens espanhóis. Um artigo escrito por uma dessas jovens puxava para título:"Schulz envergonhou-se de que os seus filhos tenham mais possibilidades do que eu". Aqui

Foi disto que tratou Fernando Alves hoje.

lunes, 5 de diciembre de 2011

E nem é bem pelo mérito de D. João IV...

Portugal é um Estado laico, certo?
Então, por que razão teremos que negociar com a Igreja a eliminação de determinados feriados?
Já ameaçadoramente mais fácil parece ser abolir os feriados que celebram a Independência (o facto de Portugal existir como nação) e a passagem de monarquia a República (que é como quem diz, o direito que o povo conquistou de eleger o seu máximo representante, destronando o poder herdado em sede de ADN, que a mim ainda me custa que a monarquia seja assim uma questão de 'pedigree', que ainda se discuta se uma mulher pode ser rainha - atente-se à alegada azáfama espanhola para gerar herdeiro macho -, e que nem por sombras nada disto seja confundido com exclusão e discriminação social!)...

E mesmo não me importando que a Ibéria fosse um só país (porque acredito que entre portugueses e espanhóis é mais o que une do que aquilo que separa, porque me gusta España, me gustam los españoles, porque até compreendo que, dada a proximidade de alcovas das famílias reais portuguesa e espanhola era difícil resistir à tentação de unir os dois reinos), sou respeitadora da História, daquilo que nos fez o que somos e dos dias em que alguém lutou para que Portugal fosse nação e venceu, por estratégia mais do que por força bruta. Bem sei que começar um país à custa de uma desavença entre mãe e filho não é lá muito dignificante, porém Aljubarrota (tanto pela alegada táctica do quadrado de Nuno Álvares Pereira, como pelo alegado talento da padeira com a pá) é motivo de orgulho e três séculos depois foi reinventada em moldes mais diplomáticos para travar um iberismo, que, na altura, se vivia a duas velocidades. Festejar isso com um feriado não me parece mal.

Por último, mesmo podendo fazer feriados quando quero e posso (regalia do recibo verde), sou completamente a favor dos feriados por decreto, não só, mas também por razões económicas, já que acredito piamente que na base da produtividade está a motivação e na base da motivação estão coisas como o descanso, regalia de quem faz pela vida.

Esta proposta da supressão de feriados está em linha com a da meia hora diária a mais de trabalho: meus senhores, quem trabalha por gosto, até trabalha mais sem que lhe peçam, já quem o faz por decreto?... Pelo menos são coerentes em matéria de estupidez.

lunes, 24 de octubre de 2011

Sim, Sr. Ministro

Hoje ouvi na RTP alguém cujo nome não registei a dizer que o mau momento da economia portuguesa pode obrigar-nos a fazer antes, o que todos deverão, obrigatoriamente, fazer depois: poupar, no que gastamos no que consumimos e sobretudo na forma como consumimos, pouco saudável, pouco ecológica...

E por isso, no meio de medidas absurdas, como aumentar mais meia hora diária ao horário de trabalho (em vez de aumentar a produtividade gastando menos horas de trabalho, e consequentemente menos energia... E os custos de produção como ficam???), há medidas que saúdo e que só pecam por tardias:

Aumentar de 6% para 23% o IVA aos refrigerantes e às batatas fritas e de 13% para 23% aos enlatados! Além de não serem bens de primeira necessidade, são nocivos para a saúde!

Manter o IVA baixo para os produtos da terra e do mar locais, o que além de estimular a economia, poupa o ambiente, já que a distância percorrida por esses bens é menor do que a dos importados, logo gastam-se menos combustíveis e produzem-se menos danos ambientais.

viernes, 7 de octubre de 2011

Carta aberta ao Sr. Ulrich

A Joana tem pouco mais de um mês e é cliente do BPI e gostaria de continuar a sê-lo. O balcão de que a Joana é cliente não possui rampa de acesso a clientes com mobilidade reduzida, coisa em que os pais da Joana não repararam no dia em que abriram a conta. Mas repararam hoje, pelo que reclamaram por escrito. Em função da resposta, decidirão se a Joana e se eles próprios se manterão clientes do banco. Estão optimistas, já que há uns dias, a fachada do banco foi vandalizada com spray e no mesmo dia foi limpa. Certamente que o Sr. Ulrich não se preocupará apenas com a fachada e resolverá esta questão com celeridade, neste e noutros balcões com a mesma limitação.

lunes, 30 de mayo de 2011

Alemanha, a inspiradora!

A Alemanha anunciou que vai prescindir da energia nuclear atómica a partir de 2022, o que, por outras palavras, significa que vai arranjar maneira de substituir a potência dos 17 reactores que vai desactivar! Que é como quem diz, investir em alternativas... em 10 anos!
É que a Alemanha, país bem menos soalheiro do que Portugal, começou mais cedo e com mais pujança a investir na energia solar (por exemplo)! O sol pode ser mais tímido por lá, mas aquece-lhes as casinhas, em vez do recurso à energia eléctrica!
E quem diz solar, diz várias outras alternativas!
Se eles conseguem e eu acredito que conseguirão...
Bem sei, que nisto acelerámos o passo nos últimos anos! Ainda bem, mas podemos e devemos ambicionar mais, que não nos falta sol, vento, mar, florestas a precisarem de serem limpas, a bem delas e da biomassa como fonte de energia...

lunes, 16 de mayo de 2011

O dever de fazer e o de não dever

Factos: De acordo com o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses de 2009 , a câmara de Lisboa continua a ser a mais endividada do país, Vila Nova de Gaia é a segunda da lista, Aveiro a terceira e Porto a quarta. Nestas coisas, o tamanho (do município) conta, pelo que estes nomes não aparecem só por má gestão, até porque o Porto lidera a tabela de eficiência financeira, seguido de Vila Franca de Xira, Almada, Oeiras, Amadora, Braga, Matosinhos, Sintra, Vila Nova de Famalicão e Setúbal.


Estas tabelas, quanto a mim, deveriam pesar mais de cada vez que há eleições autárquicas, mas estranhamente, quase ninguém fala nelas... Como se gerir as contas, dosear a relação entre o dever de fazer e o de não dever dinheiro, não fosse prioridade de quem governa!

Lá está, Rui Rio não se poderá recandidatar à CMP outra vez e, por ventura, mais algum destes autarcas que privilegiam a eficiência, mas merecem ser seguidos e considerados para outras funções (e como o PSD e o país precisam de Rio...) Excepção feita ao autarca de Oeiras, que eu tenho dificuldade em aplaudir condenados por fraude fiscal.

miércoles, 2 de marzo de 2011

Entender África

Barcos estrangeiros andaram durante anos a pescar desalmadamente nas águas da Somália, país onde o (des)Governo não conseguiu impedir que isso acontecesse, negligenciando a protecção da actividade piscatória, garante de sobrevivência de muitos somalis.
A pirataria surgiu, incialmente, como tentativa de impedir esse saque ao peixe somali, o que não os desculpa, mas permite perceber que essa culpa deve ser partilhada com os países saqueadores!
Isto, de acordo com um documentário que passou na passada sexta-feira na RTP 2, que contava a história da pirataria na Somália...
Já lá vão seis anos de pirataria no Golfo de Adén e a coisa rapidamente se tornou num lucrativo negócio de extorquir dinheiro a partir de sequestros. Ainda esta semana bombava a notícia de mais uma família dinamarquesa sequestrada. O valor exigido para os resgates é cada vez maior. A capacidade das autoridades ocidentais e somalis para controlarem a pirataria é cada vez menor... E na terça-feira foram pela primeira vez mortos reféns.

Somos historicamente péssimos a entender África...

martes, 8 de febrero de 2011

Fui à horta


Há mais verdade agora no meu frigorífico e eu tenho mais certeza (melhor substituir por ambição) de que um dia me dedicarei a isto de ter um quintal com legumes e árvores de fruto de verdade. Apesar das desanimadoras experiências com as plantações de hortelã e de salsa na minha varanda...

lunes, 20 de septiembre de 2010

Tiros no pé

“O modelo cubano nem para nós já funciona”, terá dito Fidel Castro e até admite que o disse, mas logo veio alertar que foi mal interpretado, pois queria significar justamente o contrário. Na verdade custa-me a crer que o Senhor tenha tido um momento de clarividência e se teve, está provado, foi mesmo um momento apenas.
Entretanto o mesmo Fidel anuncia que o Governo vai despedir um milhão de funcionários públicos! E metade é já nos próximos seis meses. Se isto não é dizer por outras palavras, as mais claras, que o modelo cubano não funciona, é o quê então?

Mas tudo isto é perigosamente relativo, como é relativo o sucesso do socialismo sueco, posto em xeque pelo feito dos Democratas (o partido de extrema direita sueco), que conseguiu entrar no Parlamento e eleger 20 deputados. Estamos a falar do partido que terá manifestado intenção de acabar com a forte imigração (mais de 100.000 pessoas ao ano) no país...

O conceito de imigração parece-me obsoleto... Somos todos cidadãos do mundo desde que capazes de respeitar o próximo. Quem vier por bem (leia-se disposto a aceitar as regras de cidadania) deve ser bem recebido. Caso contrário, percebo muito bem que deva ser sancionado, da mesma forma que os nativos... E que eu saiba não exportamos nativos quando eles se portam mal?
Convém é não pegar no assunto da forma trôpega como o está a fazer Sarkozy, arriscando-se a ser ele o sancionado, tal é a sua falta de tacto...
E estamos ou não estamos com problemas de natalidade na Europa? Não seria melhor pensar a sério numa política inclusiva para estes imigrantes em prole do equilíbrio demográfico? O desafio é converter os fora-da-lei em gente de bem? Esse dá muito mais trabalho, pelo que toca a contornar o problema e contornar o problema é o mesmo que ampliá-lo.

E antes que avancem os extremismos, convinha também repensar a educação política e a forma como se ensina História nas escolas.

jueves, 9 de septiembre de 2010

Eu, mas na versão "fada do lar"

Fada do lar graças aos toques mágicos de varinhas alheias... O Verão não foi rico em deriva geográfica, mas foi generoso em dicas gastronómicas!

... Há cerca de um ano, um italiano quase me batia porque estava a cozinhar massa em calda de estrugido com tomate, ao qual ia acrescentar atum! "Isso nunca, jamais se faz à massa", dizia... Na altura o rapaz irritou-me um bocadinho e não desenvolvemos muito o assunto... Até porque a minha massa preferida, a "massa à lavrador da minha mãe", é cozinhada em mixórdia com couve, feijão e restos da carnes do cozido à portuguesa! E porque não concebo que possa haver limite (a não ser o do bom senso/paladar) para a criatividade gastronómica.
Este Verão voltei à carga com uma prima que já vive em Itália há muitos anos... Explicou-me que por lá a massa é apenas cozinhada em água e sal. Só assim se consegue perceber se é boa, dependendo da viscosidade que deixa na água (ao que percebi, quanto menos viscosa, melhor). Depois é que deve ser misturada com molho e aí é que os italianos gostam de ser criativos. Gostei da explicação e das receitas, o que não me fará prescindir da "massinha à lavrador"...

Já na Corunha, onde tivemos direito a visita guiada feita por um galego encantador, indaguei uma vez mais junto da portuguesa, agora também galega, que é sua mulher, como fazer tortilha, a simples, de batata, ovo e cebola, que é a de que mais gosto... Vou tentar que a coisa não volte a ficar com aspecto de ovos mexidos!

Mas no topo das dicas, coloco as que me deu o dono de um restaurante (recomendado no guia Michelin) que entrevistei em Caminha. Além de já identificar quem é a peixeira de confiança, a que mais percebe do que está a fazer, no mercado da cidade, passei a saber que "o melhor tamboril é o de barriga preta", ao contrário do "branco que não sabe a nada", e que o linguado mais saboroso é o pintarolado (apresenta pintas). Já o robalo e a dourada, não há que enganar: "as escamas devem ter um aspecto colorido e selvagem"!

E lembro-me agora que há uns anos foi um pescador de Vila Praia de Âncora que me explicou que o polvo deve ser congelado antes de cozinhado. Conhecimento que aprofundei em Tavira, onde o especialista local me fez saber que o polvo é dos mais inteligentes seres marinhos que há e é bicho que demora muito a morrer. Por isso é que tem que ser congelado, antes de ir para a panela, para ter tempo de morrer... Ah! E nada de panelas de pressão, que não há dois polvos iguais, pelo que é impossível determinar o tempo de cozedura como se fosse uma regra! É ir picando!

martes, 27 de julio de 2010

Sinais de fogo

Cinzas. Era a isso que cheirava com e mesmo sem a janela aberta. As cinzas que pareciam mirar-se ao espelho, tal era a cor do céu. E era também de cinzas que falavam os noticiários de meia em meia hora: 12 incêndios activos e 600 bombeiros a tentar travá-los.
The same old story.
Há muitos anos, na saudosa Grande Reportagem, já se denunciava o como e o porquê. Fazia-se o diagnóstico e prescrevia-se a receita de cura. Diagnóstico várias vezes repetido. Receita parcialmente adoptada. Como os antibióticos que não se tomam até ao fim...
A reflorestação continua a primar pela desorganização. Aquela imagem das florestas alinhadas quase geometricamente, de solos arejados, não nos pertence ainda, o que facilita a vida dos que as querem ver a arder.

Remoía isto tudo enquanto seguíamos o caminho que apelidámos de "o caminho das cegonhas". E lá estavam elas, empoleiradas nos ninhos que montaram nas "pontes" metálicas que sustêm as tabuletas azuis de sinalização das estradas, como estão sempre, aparentemente indiferentes ao tráfego, que, diga-se, é reduzido. Ainda não se paga neste troço de auto-estrata que compete com a A1, mas que quase toda a gente, generosamente, faz questão de ignorar, contribuindo para o sossego dos que por lá passam... Na volta foi construída em abono do aumento da taxa de natalidade das cegonhas!?

De repente anoitecia e detrás de um arvoredo ainda esquecido, mostra-se-nos a Lua Cheia. Mais alaranjada do que dourada, atrevida, num céu cinzento...
A máquina fotográfica estava na mala do carro e fingi que não sabia que fotografar a Lua Cheia, mesmo com uma boa objectiva, é quase sempre registar uma bolinha minúscula, infiel à original. Saquei do telemóvel e Tu, mesmo sem eu te pedir, cúmplice da minha ilusão, chegas-nos para a faixa da esquerda, favorecendo o meu ângulo, como que a dizer-me "agora, dispara agora!"

Destes sinais eu gosto.

Destruir antes de ler

Nada nos defende mais do que o conhecimento e nada nos oprime mais do que a ignorância. A muralha que nos impede de chegar a saber não nos protege, encurrala-nos.

Isto porque me lembrei de que o imperador chinês que construiu a Grande Muralha da China foi o mesmo que queimou todos os livros que o precederam. Isto porque este post do Pedro Rolo Duarte me lembrou que séculos depois de Shih Huang Ti, séculos depois da Inquisição, décadas depois da Ditadura Militar em Portugal, ainda se queimam literal e metaforicamente livros. É a censura do mercado, dizem.

Dizem também que há uma lei que impede de os oferecer (a partir de um determinado número). Dizem que todos os anos há milhares de livros que são encaixotados, destruídos antes de alguém os ler...
Distribuí-los por escolas, bibliotecas, prisões, colectividades, pelos PALOPs, ... deve estar fora de questão! Já não é a primeira vez que leio sobre essa possibilidade, mas não li ainda sobre a sua concretização.

Há tempos, o dono da Lello (a livraria que nos corta a respiração) me falava dessa tirania da montra e da prateleira. A que exclui indiferenciadamente nomes como o de Ramalho de Ortigão ou o de Fernando Namora...

Ideia de negócio: curiosamente ainda não vi nenhuma livraria nos Mega outlets que visitei. Porquê?

lunes, 28 de junio de 2010

China?

Afixaram a foto de um jovem no quadro da cantina da fábrica de aviões. Ela apreciou-o como todos e se no princípio não gostou que a acasalassem com ele, só porque a sua beleza condizia com a dele, de tanto olhar aquela foto começou a interiorizar a ideia. Especulava sobre quem seria e como seria e como seriam os dois...
Um dia foram todos chamados à cantina e um superior explicou-lhes que o rapaz da foto tinha vinte e poucos anos, pilotava aviões e perdeu a vida em serviço porque uma das peças falhara. Uma das peças que saíra daquela fábrica de aviões, porque alguém falhara... "Pensem nisso", ter-lhes-á dito o chefe!

Esta é uma das histórias que o filme - documentário 24 City conta. O realizador Jia Zhang Ke entrevistou antigos empregados de uma ex-fábrica de aviões chinesa, bem como alguns descendentes de antigos empregados, para nos mostrar um bocadinho da antiga China da segunda metade do século XX e da actual China. O filme é construído a partir das suas respostas. Um filme que nos deixa cheio de perguntas e com a suspeita de que a China está mais perto do que parece.

miércoles, 7 de abril de 2010

Estranho a Grécia

Não me lembro do templo de Zeus, mas ainda tenho na memória a vista do Partenon. Dali parece que Atenas rebenta pelas costuras.
E rebenta, pelo menos rebentava a meio da década de 90, em ziguezague, sem passadeiras ou linhas brancas a direccionar o asfalto, os atenienses e os outros que vão a Atenas à procura das raízes.

Depois de me passar uma birra quase inconfessada por não ter ido mais para Leste, consolei-me com a ideia de que se era para começar a descobrir a Europa, que fosse pelas origens da civilização ocidental. Grécia e Itália estavam assim justificadas enquanto destinos de interail.

Ontem voltei à Grécia, à boleia da SIC...
Kolonaki square, a praça do luxo e das vaidades, dizia o taxista, que se queixava dos maus políticos gregos e da preguiça do povo.
Tanto que temos em comum... O fardo da função pública, até o facto da ditadura grega ter caído um mês antes da nossa...
Andam agora os gregos atiçados nas ruas a lutar por melhores condições sociais, deserdados da crise que já não é financeira, nem meramente económica. Em países como Portugal e Grécia nunca deixou de ser social. Formigas na hora da revolta, cigarras a prevenir as causas que a inflamam.
"Somos a primeira geração que sabe que vai viver pior que os nossos pais", dizia a arqueóloga, disposta a ser sindicalista por um ano (curiosa esta ideia)!

Às vezes fico entalada entre o conhecer mais e o conhecer pela primeira vez, entre o que não conheço e o que quero compreender melhor...
Acho que entendi mal Atenas quando lá estive e não me contento por não ter gostado da cidade. Tem que ser muito mais do que eu absorvi... Quero lá voltar e quero dar-lhe uma segunda oportunidade.