Então, por que razão teremos que negociar com a Igreja a eliminação de determinados feriados?
Já ameaçadoramente mais fácil parece ser abolir os feriados que celebram a Independência (o facto de Portugal existir como nação) e a passagem de monarquia a República (que é como quem diz, o direito que o povo conquistou de eleger o seu máximo representante, destronando o poder herdado em sede de ADN, que a mim ainda me custa que a monarquia seja assim uma questão de 'pedigree', que ainda se discuta se uma mulher pode ser rainha - atente-se à alegada azáfama espanhola para gerar herdeiro macho -, e que nem por sombras nada disto seja confundido com exclusão e discriminação social!)...
E mesmo não me importando que a Ibéria fosse um só país (porque acredito que entre portugueses e espanhóis é mais o que une do que aquilo que separa, porque me gusta España, me gustam los españoles, porque até compreendo que, dada a proximidade de alcovas das famílias reais portuguesa e espanhola era difícil resistir à tentação de unir os dois reinos), sou respeitadora da História, daquilo que nos fez o que somos e dos dias em que alguém lutou para que Portugal fosse nação e venceu, por estratégia mais do que por força bruta. Bem sei que começar um país à custa de uma desavença entre mãe e filho não é lá muito dignificante, porém Aljubarrota (tanto pela alegada táctica do quadrado de Nuno Álvares Pereira, como pelo alegado talento da padeira com a pá) é motivo de orgulho e três séculos depois foi reinventada em moldes mais diplomáticos para travar um iberismo, que, na altura, se vivia a duas velocidades. Festejar isso com um feriado não me parece mal.
Por último, mesmo podendo fazer feriados quando quero e posso (regalia do recibo verde), sou completamente a favor dos feriados por decreto, não só, mas também por razões económicas, já que acredito piamente que na base da produtividade está a motivação e na base da motivação estão coisas como o descanso, regalia de quem faz pela vida.
Esta proposta da supressão de feriados está em linha com a da meia hora diária a mais de trabalho: meus senhores, quem trabalha por gosto, até trabalha mais sem que lhe peçam, já quem o faz por decreto?... Pelo menos são coerentes em matéria de estupidez.
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