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miércoles, 13 de julio de 2016
PORTUGAL
Há três imagens que se irão fossilizar no coração de quem por Portugal viveu a final do Europeu de Futebol de 2016: a dor de Ronaldo, sentado, indiferente à traça que lhe pousava no rosto, por lhe terem roubado a oportunidade de continuar a lutar; o consolo inesperado do pequeno adepto de Portugal ao choroso adepto rival e o camião a transbordar de timorenses e de bandeiras portuguesas, em festejos nas ruas de Dili.
martes, 20 de octubre de 2015
Histórias aos quadradinhos - capítulo V
Se eu fosse cega e tivesse que escolher uma cor pela
sonoridade seria a azul a eleita. Junta só a minha vogal e a minha consoante
preferida: o u e o l.
Não devemos ignorar os argumentos da sonoridade nisto de angariar simpatias com as palavras. Não é à toa que William Hurt (a voz masculina mais sedutora de que me consigo lembrar) foi o escolhido para interpretar a personagem que conquista a cega de “Filhos de um Deus Menor” e não é à toa que alguém dos Madredeus informava há alguns anos que procuravam os sons doces e sibilantes quando escreviam as letras das músicas: os mm e os aa, exemplificavam.
Não devemos ignorar os argumentos da sonoridade nisto de angariar simpatias com as palavras. Não é à toa que William Hurt (a voz masculina mais sedutora de que me consigo lembrar) foi o escolhido para interpretar a personagem que conquista a cega de “Filhos de um Deus Menor” e não é à toa que alguém dos Madredeus informava há alguns anos que procuravam os sons doces e sibilantes quando escreviam as letras das músicas: os mm e os aa, exemplificavam.
Já os mestres da azulejaria portuguesa terão escolhido a
cor azul para a maioria dos seus trabalhos por outras razões: o corante óxido de
cobalto encontrava-se mais facilmente.
Por coincidência leio a justificação para as grossas pinceladas de azul, que ameaçam esconder Helena Almeida nas suas "pinturas habitadas" (agora expostas em Serralves e que julgo ter visto no CCB). “Uso o azul porque é uma cor
espacial. Tem de ser azul (…). É mesmo o espaço, é engolir a pintura”, terá
justificado Helena aos curadores da exposição de Serralves.
Espacial, acessível, de sonoridade sedutora, azul é a cor que conta, por ventura, mais histórias da arte portuguesa. A comprovar no Museu do Azulejo, em todo Portugal e em todo o mundo em que os portugueses pousaram quadradinhos.
(lamento, mas não estou a conseguir subir as fotos dos azulejos que se impunham nesta história: to be continued...)
Espacial, acessível, de sonoridade sedutora, azul é a cor que conta, por ventura, mais histórias da arte portuguesa. A comprovar no Museu do Azulejo, em todo Portugal e em todo o mundo em que os portugueses pousaram quadradinhos.
(lamento, mas não estou a conseguir subir as fotos dos azulejos que se impunham nesta história: to be continued...)
viernes, 8 de mayo de 2015
Azul e verde
- Não conheço os países nórdicos (é declaradamente um projeto), porém não posso deixar de ficar fascinada pelo que dos nórdicos se sabe: a riqueza que geram e como a administram, o respeito que parecem prestar à Natureza, a estética que conquista meio mundo (sim, IKEA e H&M também), ...
- Nunca votei em Cavaco Silva, mas reconheço que a ele (certamente através de um assessor mais arejado) muito se deve o impulso dado ao assunto Mar: colocou-o na agenda e nos discursos desde que chegou a Belém, percebendo a tendência e a oportunidade.
Desde aí não há órgão de comunicação que não faça "especiais" sobre a economia ligada ao mar e gente motivada para o pôr a render.
Por tudo isto tenho acompanhado com interesse a visita presidencial à Noruega, país que deve ao mar 45% do seu PIB!
Acresce que ser o terceiro maior exportador de hidrocarbonetos não impediu a Noruega de dar cartas também no campo das renováveis!
A Noruega tem também políticos que dizem colocar a ciência no topo das prioridades, porque sem ela a Natureza rende menos.
Se um norueguês olhar para o mapa de Portugal e reparar no enorme vizinho que temos a Oeste e a Sul deve ter vontade de rir quando escuta portugueses a dizer que Portugal é pobrezinho por falta de recursos naturais!
Ao que parece estamos a mudar: a economia verde já fatura e a azul também está bem encaminhada!
Eu acredito que é justamente o mar que nos poderá impedir de naufragar.
Eu mudava as cores da bandeira portuguesa!
Eu mudava as cores da bandeira portuguesa!
- Nunca votei em Cavaco Silva, mas reconheço que a ele (certamente através de um assessor mais arejado) muito se deve o impulso dado ao assunto Mar: colocou-o na agenda e nos discursos desde que chegou a Belém, percebendo a tendência e a oportunidade.
Desde aí não há órgão de comunicação que não faça "especiais" sobre a economia ligada ao mar e gente motivada para o pôr a render.
Por tudo isto tenho acompanhado com interesse a visita presidencial à Noruega, país que deve ao mar 45% do seu PIB!
Acresce que ser o terceiro maior exportador de hidrocarbonetos não impediu a Noruega de dar cartas também no campo das renováveis!
A Noruega tem também políticos que dizem colocar a ciência no topo das prioridades, porque sem ela a Natureza rende menos.
Se um norueguês olhar para o mapa de Portugal e reparar no enorme vizinho que temos a Oeste e a Sul deve ter vontade de rir quando escuta portugueses a dizer que Portugal é pobrezinho por falta de recursos naturais!
Ao que parece estamos a mudar: a economia verde já fatura e a azul também está bem encaminhada!
Eu acredito que é justamente o mar que nos poderá impedir de naufragar.
Eu mudava as cores da bandeira portuguesa!
Eu mudava as cores da bandeira portuguesa!
jueves, 30 de octubre de 2014
Desci o Elevador da Glória
Eles olhavam encantados para o casario, para as galerias de arte urbana instaladas à frente dos muros que amparam o jardim do miradouro de São Pedro de Alcântara.
Eu, provavelmente a única portuguesa a bordo, encantei-me com o olhar deles.
Saímos, seduzidos pelo cheiro a castanhas assadas, estrategicamente ali estacionadas!
Sucumbi-lhes, indiferente aos vinte e tal graus que o termómetro acusaria!
(Quase compensou a desilusão de ter entrado numa das mais bonitas padarias de Lisboa, a Panificação de São Roque, no Príncipe Real, e ver um expositor contemporâneo e sem graça a tapar os centenários painéis de azulejos! Salva-se o pão de centeio, que estava bom!)
Eu, provavelmente a única portuguesa a bordo, encantei-me com o olhar deles.
Saímos, seduzidos pelo cheiro a castanhas assadas, estrategicamente ali estacionadas!
Sucumbi-lhes, indiferente aos vinte e tal graus que o termómetro acusaria!
(Quase compensou a desilusão de ter entrado numa das mais bonitas padarias de Lisboa, a Panificação de São Roque, no Príncipe Real, e ver um expositor contemporâneo e sem graça a tapar os centenários painéis de azulejos! Salva-se o pão de centeio, que estava bom!)
miércoles, 30 de julio de 2014
Portugal Feliz (take 4)
Find Wally/bacalhau!
The best of oest é, "ao fim e ao cabo", carborar ou "Carvoeirar" uma Estrella Galicia (Galegos conquistam praças a sul!) fresquinha num fim de tarde quentinho...
Nazarenas a solhar!
Benidorm? Ni idea!
A melhor viagem de finalistas passa pelo Baleal... (Era uma turma exótica!)
martes, 17 de junio de 2014
Dia da Consciência
"Portugal" perdeu porque jogou mal.
Não há razão para sublimar a vitória da "Alemanha", só porque é a "Alemanha".
Os alemães não nos oprimem, a Senhora Merkel não nos oprime, nem tem culpa de termos tantos políticos incompetentes, há tantos anos, à frente do país.
Os alemães levantam-se (conotativamente e denotativamente) mais depressa e são mais pragmáticos. Obtêm melhores resultados, mais depressa. Não são melhores do que os portugueses, mas sabem fazer render as qualidades que têm e Nós, os portugueses, nem sempre sabemos.
A Alemanha não tem o "melhor do mundo", nem sequer maravilhou, mas ganhou.
Mudando de tema, ou permanecendo, conforme as interpretações, hoje recorda-se a grandiosidade de Aristides de Sousa Mendes, o cônsul português que em Bordeaux salvou muita gente da perseguição Nazi. Nazi não é sinónimo de alemão. Chega de pôr tudo no mesmo saco e chega de confundir o poder económico alemão com o nazismo.
Até porque muitos alemães também foram vítimas da perseguição nazi.
Hoje recorda-se a grandiosidade de Aristides de Sousa Mendes, o cônsul português que em Bordeaux salvou muita gente da perseguição Nazi. E ainda bem, porque nunca é demais lembrar que "nem sempre o que os outros nos dizem para fazer é o melhor" (como alguém dizia, esta manhã, à TSF). Aristides pensou pela sua cabeça e isso justifica este "dia da Consciência".
Não há razão para sublimar a vitória da "Alemanha", só porque é a "Alemanha".
Os alemães não nos oprimem, a Senhora Merkel não nos oprime, nem tem culpa de termos tantos políticos incompetentes, há tantos anos, à frente do país.
Os alemães levantam-se (conotativamente e denotativamente) mais depressa e são mais pragmáticos. Obtêm melhores resultados, mais depressa. Não são melhores do que os portugueses, mas sabem fazer render as qualidades que têm e Nós, os portugueses, nem sempre sabemos.
A Alemanha não tem o "melhor do mundo", nem sequer maravilhou, mas ganhou.
Mudando de tema, ou permanecendo, conforme as interpretações, hoje recorda-se a grandiosidade de Aristides de Sousa Mendes, o cônsul português que em Bordeaux salvou muita gente da perseguição Nazi. Nazi não é sinónimo de alemão. Chega de pôr tudo no mesmo saco e chega de confundir o poder económico alemão com o nazismo.
Até porque muitos alemães também foram vítimas da perseguição nazi.
Hoje recorda-se a grandiosidade de Aristides de Sousa Mendes, o cônsul português que em Bordeaux salvou muita gente da perseguição Nazi. E ainda bem, porque nunca é demais lembrar que "nem sempre o que os outros nos dizem para fazer é o melhor" (como alguém dizia, esta manhã, à TSF). Aristides pensou pela sua cabeça e isso justifica este "dia da Consciência".
jueves, 2 de enero de 2014
martes, 17 de septiembre de 2013
Josefinas!
Suspeito que há qualquer coisa de passado mal resolvido em quase todas as ex-bailarinas. Ali, algures, ficaram suspensas pelas pontas a que aspiraram ou que efectivamente um dia as elevaram.
A Saint Laurent compreendeu isso muito bem e vende-nos a sabrina como esse perpetuar do sonho de bailarina.
Poderia ser paradoxal, mas não é: o mais raso dos sapatos, transporta potencialmente a mais feminina elegância, como que a evidenciar que a elegância autêntica dispensa moletas ou efeitos visuais!
Há uns tempos, a vaguear pelo site da Repetto, questionava-me como não havia ainda uma marca portuguesa de sabrinas. Fiquei muito feliz ao perceber que alguém se chegou à frente. Adorei o conceito, o nome, ...
lunes, 22 de julio de 2013
Então?
Não, Cavaco! Erraste! (Nada a que já não nos tenhas habituado!)
Eu também gosto da poesia inerente ao "é preciso que tudo mude para que tudo fique na mesma!", mas o timing falhou!
Este era o timing certo para convocar eleições! Este era o timing certo para derrubar de uma assentada três maus líderes: Passos (o teimoso obtuso), Seguro (o inseguro indefinido) e Portas (o inteligente perigosíssimo)!
Este era o timing certo para o PSD empossar Rui Rio - alguém com norte, caráter e bom senso!
O melhor seria, Cavaco, que te dedicasses apenas a anilhar cagarras!
Claro que os mercados iriam despencar, a Merkl iria surtar, a troika far-nos-ia um ultimato (coisa que costuma correr-nos mal), mas concluiriam que seria um mal menor, que depois da tempestade viria a bonança...
Eu também gosto da poesia inerente ao "é preciso que tudo mude para que tudo fique na mesma!", mas o timing falhou!
Este era o timing certo para convocar eleições! Este era o timing certo para derrubar de uma assentada três maus líderes: Passos (o teimoso obtuso), Seguro (o inseguro indefinido) e Portas (o inteligente perigosíssimo)!
Este era o timing certo para o PSD empossar Rui Rio - alguém com norte, caráter e bom senso!
O melhor seria, Cavaco, que te dedicasses apenas a anilhar cagarras!
Claro que os mercados iriam despencar, a Merkl iria surtar, a troika far-nos-ia um ultimato (coisa que costuma correr-nos mal), mas concluiriam que seria um mal menor, que depois da tempestade viria a bonança...
Luxo!
Maia - Palácio da Bolsa (centro do Porto): menos de 20 minutos de carro, às 9 da manhã, de um dia de semana!
Bem sei que estamos no verão, mas ainda assim, é de aplaudir! E com obras na Baixa!
Almoço razoável num restaurante na Ribeira, numa esplanada com vista, sem filtros, para o Douro, a escutar as conversas das gaivotas: 9€!
Compreende-se por que razão visitar o Porto (Lisboa também) seja conselho recorrente em jornais e revistas de todo o mundo! E comece a ser muito falada como excelente cidade para instalar novos negócios!
Temos tanto para dar certo, Portugal!
Bem sei que estamos no verão, mas ainda assim, é de aplaudir! E com obras na Baixa!
Almoço razoável num restaurante na Ribeira, numa esplanada com vista, sem filtros, para o Douro, a escutar as conversas das gaivotas: 9€!
Compreende-se por que razão visitar o Porto (Lisboa também) seja conselho recorrente em jornais e revistas de todo o mundo! E comece a ser muito falada como excelente cidade para instalar novos negócios!
Temos tanto para dar certo, Portugal!
miércoles, 10 de abril de 2013
Gonçalo Ribeiro Teles
Há anos que Gonçalo Ribeiro Teles alerta para o problema de petrificar a Lisboa pombalina, a cidade erguida sobre estacas de madeira e que precisa de água para as manter molhadas (de modo a não quebrarem). Há anos que alerta para a importância dos espaços verdes, das hortinhas na cidade, já que além da sua função de pulmão, concorrem para a saúde da água que anda muito abaixo dos nossos pés...
Há anos que defende um ordenamento racional do território e a preservação da variedade de espécies autóctones. Há anos que luta contra a tirania do eucalipto...
Foi das entrevistas mais aprazíveis que fiz e o tempo todo só me apetecia fazer-lhe vénias por concordar com tudo o que disse.
Hoje ao receber o prémio Sir Geoffrey Jellicoe, atribuído pela Federação Internacional dos Arquitectos Paisagistas (IFLA), comentou que se tratava de uma “couraça", que lhe vai permitir continuar a dizer o mesmo, mas com reconhecimento internacional.
Entre muitos outros testemunhos, devemos-lhe o magnífico jardim da Gulbenkian, cenários de muitos dos meus piqueniques evasivos à hora de almoço, quando o sol assim ordena.
Hoje, por coincidência, almocei com uma amiga espanhola e ex-colega que tinha acabado de revisitar o dito, para matar saudades dos piqueniques de outrora. Falou-me do abandono que sentiu por lá.
Já lá não vou desde o verão, pelo que não posso confirmar esta leitura. Será que o petróleo da Partex não consegue patrocinar a manutenção adequada do jardim?
Há anos que defende um ordenamento racional do território e a preservação da variedade de espécies autóctones. Há anos que luta contra a tirania do eucalipto...
Foi das entrevistas mais aprazíveis que fiz e o tempo todo só me apetecia fazer-lhe vénias por concordar com tudo o que disse.
Hoje ao receber o prémio Sir Geoffrey Jellicoe, atribuído pela Federação Internacional dos Arquitectos Paisagistas (IFLA), comentou que se tratava de uma “couraça", que lhe vai permitir continuar a dizer o mesmo, mas com reconhecimento internacional.
Entre muitos outros testemunhos, devemos-lhe o magnífico jardim da Gulbenkian, cenários de muitos dos meus piqueniques evasivos à hora de almoço, quando o sol assim ordena.
Hoje, por coincidência, almocei com uma amiga espanhola e ex-colega que tinha acabado de revisitar o dito, para matar saudades dos piqueniques de outrora. Falou-me do abandono que sentiu por lá.
Já lá não vou desde o verão, pelo que não posso confirmar esta leitura. Será que o petróleo da Partex não consegue patrocinar a manutenção adequada do jardim?
viernes, 22 de marzo de 2013
Rafael Bordalo Pinheiro
Como adoro todo o universo bordaliano, não poderia deixar de registar que o Google celebrou, ontem, a data de nascimento desse génio português, com um doodle do Zé Povinho, que infelizmente não perde actualidade.
A propósito, publico aqui um artigo que escrevi há alguns anos para a revista Actualidade - Economia Ibérica:
Bordalo intemporal
Caricatura, cerâmica e decoração de interiores ao serviço da crítica bem humorada e da beleza. Rafael Bordalo Pinheiro responde por tudo isso. No museu que o homenageia em Lisboa vai perceber que as obras deste artista poderiam muito bem reportar-se aos dias de hoje, apesar de ele já ter morrido há mais de um século…
Um ramo de bacalhaus presos pelo rabo enfeitam uma mísula. Mesmo ao lado, um móvel semelhante exibe uma cabeça de perú. São ambas peças de cerâmica aplicadas em madeira e ambas atestam a criatividade e o talento de Rafael Bordalo Pinheiro. Substantivos recorrentes para qualificar o mestre depois de visitar o Museu Rafael Bordalo Pinheiro, em Lisboa.
Por aqui é possível conhecer uma parte significativa das obras de cerâmica de Bordalo, fruto do seu interesse pela indústria do sector, das Caldas da Rainha, como recorda Pedro Bebiano Braga, o novo comissário científico e responsável pelo museu: “Em 1884 Bordalo funda a Sociedade Fabril das Caldas da Rainha. Bordalo pega na tradição e eleva-a, inova, actualizando vários moldes da cerâmica caldense. Além da louça que se vende um pouco por todo o mundo, criou várias peças únicas, de uma estética moderníssima.” Bordalo era dado aos revivalismos históricos e como tal homenageou através da cerâmica vários estilos: o mourisco, bastante presente em alguns dos seus azulejos, os anjinhos do barroco, as cordas e outros motivos que evocam o manuelino e a época de glória dos portugueses, a arte nova, as cópias da natureza representada através de reptéis, marisco,musgos, frutos, etc. Não é difícil surprendermo-nos com a riqueza dos detalhes como quando descobrimos que o que parece ser um cesto de verga é uma peça toda em cerâmica. “Bordalo deu-se ao trabalho de entrelaçar tiras de cerâmica para dar o efeito da cestaria”, garante Pedro Bebiano Braga.
Além da cerâmica, outra das facetas conhecidas e reconhecidas de Bordalo é a de caricaturista. Fundou vários jornais, onde publicava os seus desenhos. Ao jeito para desenhar aliava o poder de observação e sentido de humor, tornando-os instrumentos ao serviço da crítica política e social corrosiva e também do elogio, já que “Bordalo tinha um sentido ético notável”, comenta Pedro Bebiano Braga. “É um homem muito atento ao seu tempo e isso é quase diariamente plasmado nos seus desenhos e nas suas peças”, observa, acrescentando que “a partir dos anos 70 Bordalo entra em cena e vai dando notícia das transformações de Lisboa”, tornando impossível estudar o século XIX e início do século XX sem passar por este artista. As histórias das suas caricaturas aludem “à pequena anedota da Baixa, às grandes negociatas políticas”, dão-nos conta dos quiosques que se instalam na cidade, do banco novo da rua. E são histórias de Portugal e do mundo, frisa o historiador: “Bordalo era conhecido também fora de Portugal, já que às suas caricaturas respondiam outros caricaturistas europeus. Trocava farpas a nível internacional, numa altura em que comunicar à distância não era fácil. Chegou a ter caricaturas nas tabernas alemãs. Não se limitava a abordar a sociaedade portuguesa. Caricaturou Bismark, por exemplo.”
A dimensão internacional de Bordalo prende-se também com o facto de ter viajado bastante e ter trabalhado em Espanha, em França e no Brasil. Em Portugal era muito bem relacionado e o seu trabalho tinha tal impacto que muitas pessoas chegaram a pedir-lhe para ser caricaturado.
Bordalo não poupava políticos como o chefe do governo António Maria Fontes Pereira de Melo, através da personagem António Maria, mas o seu “boneco mais popular é o Zé Povinho. Criado a 12 de Junho de 1875, ainda hoje é evocado. Trata-se de “uma personagem ícone, que traduz o que é ser português”, explica Pedro Bebiano Braga. Na altura “iletrado, vítima, o Zé Povinho é muitas vezes representado como burro de carga do poder que o carrega”, recorda o historiador, ressalvando que “este povo resignado e adepto do deixa andar, porque sabe que as negociatas acabam por ser desmascaradas e que as coisas vão mudar, está muitas vezes a fazer o maguito, que é a sua forma de reagir”. À semelhança com os dias de hoje, na altura os tempos também eram de crise, pelo que este Zé Povinho tem algo de intemporal, ainda que já não seja iletrado. Aliás, a iliteracia permite perceber o sucesso das caricaturas: “As pessoas entendiam melhor a mensagem desenhada, já que havia muito analfabetismo. A imagem de um Zé Povinho a dar pontapés a um político, obrigando-o a sair da margem da página e a continuar a sair nas restantes páginas cria uma novela com o leitor. Apesar da mensagem ser facilmente perceptível, as caricaturas estão chegias de detalhes, que é preciso decifrar. Temos que estar atentos ao que desenham as sombras, por exemplo.”
Bordalo caricaturista e ceramista são as duas faces mais conhecidas do artista e preenchem a exposição permanente do museu. Pedro Bebiano Braga, em funções no museu desde Fevereiro quis mostrar uma nova dimensão de Bordalo, a de decorador de interiores, a descobrir na exposição temporária que o museu abriga até o dia 15 de Agosto: “Bordalo foi sempre recordado como exímio caricaturista, bem como pelas suas criações de cerâmica, mas as suas peças de mobiliário e o seu talento para a decoração estavam ainda por destacar. Trata-se de uma abordagem inédita.”
Nesta mostra temporária recorda-se que foi Bordalo que dirigiu a representação portuguesa na grande exposição universal de Paris de 1989. Podemos apreciar os cachos de uva de cerâmica que usou para decorar o espaço, onde havia um bar de provas de vinho português, conservas, artesanato… Pedro Bebiano Bordalo considera que “Bordalo teve a mestria de perceber que por cá havia valor e interessou-se pela cerâmica”, e lembra que “o nacionalismo estava em voga na altura”.
Bordalo teve também intervenções decorativas em espaços lisboetas como a famosa sala de jantar do Beau Séjour, actual gabinete de estudos olissiponenses, a Panificação Lisbonense, a tabacaria Mónaco, bem como um painel de azulejos que representa o ambiente tertuliano da cervejaria Leão de Ouro. Tudo isto é focado na exposição, onde estão várias peças de mobiliário, com aplicações de cerâmica, bem como peças de luminárias (candeiros e castiçais), molduras, caixas para relógios, cestos, etc.
Nascido numa família de artistas – o irmão Columbano era pintor, a irmã era bordadeira, fazia vitrais e empenhou-se no renascimento das rendas em Portugal - muitas vezes Bordalo trabalhava em equipa com os irmãos, cada um na sua arte.
Pedro Bebiano Braga está consciente de que sobre Bordalo ainda há muito o que explorar e pretende não só mostrar novas facetas do artista, como atraiar novos públicos: “As crianças e os séniores são os que mais visitam o museu. Temos oficinas para crianças, onde se trabalha cerâmica inspirada em Bordalo, muito frequentadas e com um enorme sucesso. A faixa etária entre os 17 e os 35 é a mais difícil de atrair, mas quando descobrem a obra de Bordalo ficam fascinados e divertem-se imenso. Também é importante dar a conhecer a dimensão internacional do trabalho de Bordalo, para atrair estrangeiros para o museu.”
Museu Bordalo Pinheiro
Campo Grande, 382 -1700-097 Lisboa
www.museubordalopinheiro.pt
lunes, 11 de marzo de 2013
Aos 104 anos!
Às vezes sentimos vergonha pelo que não se faz, pela falta de reconhecimento do país aos que elevam o seu nome. Como também acontece (muitas vezes) o contrário: "Momento marcante foi a sessão especial dedicada aos 70 anos de estreia do mítico “Aniki Bóbó” que serviu de pretexto para uma homenagem ao decano dos realizadores mundiais – Manoel de Oliveira – e da protagonista feminina, Fernanda Matos (a Teresinha) . Na altura (no passado dia 6) Manoel de Oliveira confessou: “Esta noite, para mim, foi como um sonho. É pena ter chegado um bocado tarde. Isto nem em Cannes”. Uma apoteótica recepção de um público muito jovem e uma impressionante cobertura mediática foram o merecido e sentido reconhecimento de um génio, pela sua cidade natal."
Fico feliz de saber que assim foi e gostava de lá ter estado!
Fico feliz de saber que assim foi e gostava de lá ter estado!
jueves, 7 de marzo de 2013
Maria Pia recebe Joana Vasconcelos
E também me recebeu a mim e a outros jornalistas, para mostrar um pouco da que será a maior exposição de Joana Vasconcelos em Portugal (maior do que a do CCB há uns anos).
O oportuno convite foi do, na altura, secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas (que admirava antes, admirei durante e depois).
A inspiração foi a hiper bem-sucedida mostra de Joana em Versalhes.
A nossa Maria Antonieta é a rainha Maria Pia, que "empresta" o seu palácio da Ajuda para acolher as cerca de 40 peças de Joana. Muitas delas inéditas para os portugueses, como o lilicoptère, que ainda não estava montado, e várias outras inéditas de todo, já que foram feitas para esta mostra: é o caso das peças bordalianas, trajadas de renda açoriana.
O par Marilyn, uma das peças mais conhecidas.
A polémica "noiva", que Versalhes censurou, também integra a exposição, a última na direção (louvavelmentee mais aberta do que a de Versalhes) da vibrante e entusiasmante Isabel Godinho, que está de saída do palácio.
Há uns anos colocava-se em Lisboa, a dicussão sobre a pertinência estética de um elevador modernaço para escalar a colina do castelo de São Jorge. Desconhecia o projeto e não posso opinar sobre ele, mas parece-me bem o diálogo entre passado e presente. Preservá-lo é determinante, mas imaculá-lo poder ser sinónimo de afastá-lo. O palácio reviverá com esta "ajuda", certamente...
Depois de Versalhes, esperam-se filas na bilheteira da Ajuda.
Eu voltarei para ver a exposição completa (a partir de 23 de março e até 25 de agosto)
e apreciar melhor o palácio, que desconhecia, na sua vertente mais intimista, apesar de ter estado na ala que recebeu uma interessantísssima exposição sobre a Rússia dos Czares (qualquer coisa assim).
De aplaudir também que o evento tenha zero custos para o Estado: a Everything is New (produtora do optimus Alive) assim o garante. Querendo ser um exemplo de produção privada neste tipo de iniciativas, é de lamentar, no entanto, a recusa em revelar os custos do mesmo.
Considero que seria mais inspirador tornar o processo mais transparente.
Fotos: minhas
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