martes, 2 de octubre de 2012

Pedro Barroso, "na rua livre de um palco, entre canções"

"... seremos quase mil cantando pela Liberdade, em nome da memória e do futuro", promete Pedro Barroso na sua página no Facebook
Uns dias antes garantia: "Dia 2 quero fazer do palco uma pátria diferente. Que pelo mundo do sonho se distinga voe e saiba diferir do cinzento dos dias tristes. Quero q comigo sejam conjurados de um outro sentir, outro saber; o sitio onde o Douro encontra o Tejo e juntos arrasam todos os medíocres q nos controlam o prazer e a alegria.
Como detesto esta gente pintada de séria e corrupta até à raiz dos cabelos. Como me bast...ei de misérias impostas e roubos declarados.
Estarei como um povo inteiro, na rua; só q isso será na rua livre de um palco, entre canções. Mas o meu discurso embora poético, apela a tudo o que de positivo é possivel fazer e rejeita a submissão dos dias ao jugo germânico da esmola como moeda de exigência.
Temos mil anos de historia. Que raio! Nao podemos temer o futuro. Só há que saber dizer isto bem alto, sem medo de amanhã. Porque o futuro só meterá medo precisamente se não o dissermos.
Quero que todos no fim do Concerto sintam e digam: valeu a pena
E que sintam que é possivel mudar as coisas porque viver tem de ser mais que isto q nos estão a obrigar. E a memória que vos trago traz um futuro iminente de acontecer.
Que todos saiamos do Rivoli de portas abertas e vontade expressa.
Conto convosco. É tempo de agir."

E antes ainda, comentava: "Em relação ao 2 Out no Porto, acho sinceramente q a publicidade entre amigos é a q mais desejo e a q mais resulta. Quero ter a casa cheia de amigos cumplices e solidarios, bem precisamos todos dessa alma colectiva!"

Esta noite queria estar no Rivoli com este "trovador", que tão bem escreve para cantar.

Assim:

"Excesso"

Há amores estranhos fundos sem razão


- são secretos vivem na cumplicidade

indizíveis nas palavras que aqui vão

são impróprios de viver em liberdade

levaram a ternura ao exagero

e a um excesso saboroso a nossa pele

só compreende quem sente o latejar

bem mais dentro que os olhos do olhar,

há amores que não posso aqui explicar

pois quer queiram quer não inda vivemos

na pré-História de um Futuro de cem mil anos

nas grutas de um sentir que não sabemos



há uma palavra escandalosa e proibida

quando se fecha a porta e começa a fantasia

e me sento no sofá e desligo-me da vida

e fico Senhor completo do teu corpo

e o código começou e tu me ofereces

o máximo que alguém nos pode dar

e a guerra não tem hoje nem tabus

são duas vontades grandes que ali estão

e mais que as mãos e a boca e o Futuro

e o vício de dois corpos seminus

amarro em ti a vida que me escapa

e acordas-me explicando o mundo todo

e cedo a esta raiva que me mata



e sinto em ti Mulher, Mulher de mais

e houvesse aqui, agora, já, um altar

e eu casava-me contigo poro a poro,

casava-me contigo em todos os rituais

se é que não estou exactamente assim casando

o ontem com o presente e o infinito

e a cada jogo beijo salto ou grito

pressinto o chão fugir e o mundo longe

e há um abuso consentido que não peço

e tu olhas-me plácida e tremente raiva e calma

e a tormenta desabrocha e sai de nós

pela porta escancarada do excesso    

"Viriato"

Trago comigo uma guitarra para a viagem

na minha voz esta canção antiga

tenho nos olhos mais do que a paisagem

a memória e o sal da gente amiga

não feneceu ainda em mim o velho sonho

trago na ideia uma razão e um sentido

que eu tenho o mar, o fundo mar, por testemunha

e a esse mar que em mim navega tudo é devido

e há qualquer coisa em tudo isto

que eu não posso ou sei esconder

e que faz com que vos cante esta canção

é uma história um gesto antigo

que eu nem sei como dizer

Viriato tem mil anos de razão

É do verde e fresco Minho que eu vos falo

e dessa calma alentejana que nos cala

e é em casa junto ao rio Tejo que me embalo

e é em Sagres que essa história mais nos fala

lá nas Atlântidas perdidas de um sonho

ou num velho cacilheiro que nos leva

e há nas ancas das varinas no Porto, na ribeira,

todo um mundo que nos lembra e que celebra

e há qualquer coisa em tudo isto

que eu não posso ou sei esconder

e que faz com que vos cante esta canção

é uma história um gesto antigo

que eu nem sei como dizer

Viriato tem mil anos de razão

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