Consta-se que todas as princesas e rainhas Joanas da cristandade homenageavam Joana D'Arc. No entanto, quantas foram guerreiras?
Pelo menos uma, Joana de Portugal, casada com Enrique IV, de Espanha. Trocava os brocados e as rendas (importados da, na época, mais luxuosa e moderna corte portuguesa) com que limitava, generosamente, o decote, que paralisava os gulosos olhares castelhanos, pela armadura para lutar ao lado do rei contra os mouros que ainda sobravam na península.
À cobiçada rainha, linda, segundo as escrituras, a História não terá feito justiça, mas Marsílio Cassotti, autor de "A Rainha Adúltera. Joana de Portugal e o enigma da Excelente Senhora", reescreveu-a, com esse objectivo.
A mulher que criou a mais influente rainha espanhola - Isabel, a Católica, cuja vida, retratada em série, está a deixar, semanalmente, três milhões de espanhóis colados à televisão - por opção, já que a queria perto de si, de modo a evitar que casasse com Fernando de Aragão (com quem casou mesmo), comprometendo os planos portugueses (do mano Afonso V) de anexar Castela. Isabel muito terá aprendido com a culta, astuta e sedutora Joana de Portugal...
O mais singular legado de Joana terá sido, como tenta provar Marsílio, o facto de ter sido a primeira mulher do mundo inseminada artificialmente. A filha, Joana (a Excelente Senhora), que a História apelidou de bastarda e de Beltraneja (atribuída a uma relação adúltera com Beltrán de la Cueva), era, de acordo com as provas apresentadas por Marsilio, do rei Enrique, que se declarou impotente, mas não era estéril.
A ginecologia estava já bastante avançada porque assim convinha aos interesses de sucessão da realeza. E, no caso, serviu os de Castela, garantindo por inseminação artificial sucessora a Enrique. Como o que estava em jogo era o poder: difamaram a rainha para impedir que a princesa (também Joana) herdasse a coroa do pai.
Tudo seria inevitavelmente diferente se Isabel não chegasse a rainha, se Afonso V casasse com a sobrinha, para anexar Castela.Talvez não nos tivéssemos virado para o mar...
Ah! Sim, a rainha foi adúltera (por amor), mas bem depois de ter tido Joana. Nos sete primeiros anos de casamento não engravidou, nem do marido impotente, nem de nenhum outro: na época, não havia contraceptivos! Logo...
Joana tinha os traços germânicos de Enrique, contrastando com os latinos da mãe.
Isto parece fofoca histórica, mas é bem mais do que isso: é a ciência e o jogo político ao serviço do poder, na mesma família, a ibérica (casavam uns com os outros, para consumar a desejada união ibérica).
PS: Reapaixonei-me pela História!
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