Voltando aos livros e aos autocarros, um miradouro que me apraz.
A conversa que escutei hoje, começou para mim com o nome António Quadros. Olhei para as dialogantes, duas senhoras autorizadas pelas rugas e por um entusiasmo que contagiava.
Apreciavam o Quadros e isso interessou-me. Confesso-me mais conhecedora da descendente, a Rita Ferro, que visito regularmente neste formato.
As senhoras, às tantas, já estavam a falar do "Fausto" de Goethe, que uma delas tentava ler, ainda que lhe estivesse "a custar" porque é "como os Lusíadas", ou seja "muitas vezes a gente não sabe do que está ele a falar". E assim concluía a senhora: "Muitas pessoas não gostam dos Lusíadas porque não entendem o que estão a ler".
Esta senhora é das que persiste, mesmo sem entender tudo, entende que alguma coisa vai apanhar e gosta. Gosta sobretudo de tentar.
E assim diagnostica-se o que falha no ensino da língua portuguesa: é que muitas vezes os professores (o sistema) esquecem que ensinar a entender é mais importante do que cumprir o programa. E ensinar a entender dá trabalho, já que obriga a uma cultura, que muitos professores não possuem, e a uma pesquisa, que muitos professores evitam, instalados que estão nas regalias e obcecados que se tornaram, à força de estatísticas...
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