As imagens mostravam ratos e a voz-off estabelecia uma comparação entre ratos e judeus. Recordo-me destas imagens de um documentário que vi há uns anos sobre propaganda nazi...
Agora sabemos no que isso deu e agora é demasiado fácil recriminar o povo alemão por ter captado precisamente a mensagem pretendida pelo regime nazi. No caso, o facto de ser demasiado fácil, não torna a crítica menos legítima.
Há pouco tempo estranhava ouvir que é na Rússia que os skins se estão a propagar actualmente!
Também não deixa de ser insólito, irónico, que seja precisamente com a direita que os extremistas judeus são conotados! Hoje Hitler e os extremistas palestinianos estariam do mesmo lado da barricada?
Eu "estou" na Alemanha duas vezes por semana, nas aulas de alemão do Instituto Goethe.
A vantagem, quanto a mim, de aprender línguas numa escola como o Goethe (acontece o mesmo com o Cervantes) é que se aprende bastante sobre os alemães e sobre a Alemanha. Entender a língua de um povo tem que ser muito mais do que traduzir palavras. Descodificar o alemão é também descodificar os alemães. E aos poucos é isso que vamos fazendo... Ontem, por exemplo, numa aula diferente, conhecemos uma empresa que medeia negócios entre portugueses e alemães e ficámos a saber que aos alemães não lhes interessa os preliminares de apresentação, mas antes atalhar directamente para o que interessa ao negócio, pelo que uns e outros são aconselhados a abrandar ou acelerar, consoante a situação...
E na RTP 2 têm passado episódios de um documentário sobre a segunda guerra mundial, onde se contam os dois lados da história, onde se contextualizam, como eu ainda não tinha visto, os dois lados da história. Não se pretende desculpar nada nem ninguém, mas, parece-me, que as coisas são contadas com mais distanciamento, o distanciamento que só o passar do tempo autoriza...
Imagino que não seja fácil a nenhum alemão esgaravatar no passado, nem tão pouco facilitar a vida a outros que o queiram fazer, mas mesmo assim esta história está mais bem contada do que as versões que conheci antes... As ficcionadas e as dos livros de história.
Eu gosto dos alemães que conheço agora e não tenho como não respeitar a capacidade alemã de dar a volta por cima, bem como o rigor que aparentam...
Ontem falava-se dos cortes que a senhora Merkel quer impor, no país que ainda financia grande parte da Europa. Cortes que poupam a área da Educação, porque se pretende acautelar o futuro próximo, mas também o mais distante!
No último fim-de-semana lia no Expresso um artigo sobre o renascimento da revolta na Alemanha, com laivos xenófobos... Por que Europa estarão os alemães dispostos a sacrificar-se? Perceberão todos porquê? Seremos todos capazes de explicar as vantagens de uma Europa menos desequilibrada, mesmo aos que estão no prato mais generoso da balança ou cairemos na tentação de apontar o dedo aos que estão no prato mais fraco, ou aos que vêm de fora... Como o taxista que hoje se queixava dos brasileiros, como um todo, incriminando-os indiscriminadamente...
Acho agora demasiado fácil incendiar a mesquinhez porque fomos pouco educados para sermos grandiosos quando estamos pequeninos, ou quando nos sentimos ameaçados...
No hay comentarios:
Publicar un comentario