martes, 17 de noviembre de 2015

A propósito do mundo, em geral, ou de mim, em particular

A morte é coisa certa, como é certo que daqui a 100 anos serei incapaz de reler o que escrevi...
Se esticar o pensamento até duvido se quero escrever por mais alguma coisa que não seja um salário, porque o meu contributo para o devir convoca a nulidade, mas não quero relativizar tanto, nem pensar tanto...

Porém, contrariando toda a razão que nos devolve ao nosso "nanotamanho", debatem-se escolhas, apontam-se dedos às sensibilidades!
Como se não soubéssemos todos, mesmo os hipócritas, que todos escolhemos!
Como se não soubéssemos todos que a escolha é por definição uma exclusão!
Como se, em consciência, preferíssemos o desconsolo de nada escolher...

  

martes, 20 de octubre de 2015

Histórias aos quadradinhos - capítulo V


Se eu fosse cega e tivesse que escolher uma cor pela sonoridade seria a azul a eleita. Junta só a minha vogal e a minha consoante preferida: o u e o l.
Não devemos ignorar os argumentos da sonoridade nisto de angariar simpatias com as palavras. Não é à toa que William Hurt (a voz masculina mais sedutora de que me consigo lembrar) foi o escolhido para interpretar a personagem que conquista a cega de “Filhos de um Deus Menor” e não é à toa que alguém dos Madredeus informava há alguns anos que procuravam os sons doces e sibilantes quando escreviam as letras das músicas: os mm e os aa, exemplificavam.

Já os mestres da azulejaria portuguesa terão escolhido a cor azul para a maioria dos seus trabalhos por outras razões: o corante óxido de cobalto encontrava-se mais facilmente.

Por coincidência leio a justificação para as grossas pinceladas de azul, que ameaçam esconder Helena Almeida nas suas "pinturas habitadas" (agora expostas em Serralves e que julgo ter visto no CCB). “Uso o azul porque é uma cor espacial. Tem de ser azul (…). É mesmo o espaço, é engolir a pintura”, terá justificado Helena aos curadores da exposição de Serralves.

Espacial, acessível, de sonoridade sedutora, azul é a cor que conta, por ventura, mais histórias da arte portuguesa. A comprovar no Museu do Azulejo, em todo Portugal e em todo o mundo em que os portugueses pousaram quadradinhos.



(lamento, mas não estou a conseguir subir as fotos dos azulejos que se impunham nesta história: to be continued...)

martes, 22 de septiembre de 2015

A cela depois do naufrágio. A morte em vida depois da cela.

Como se estivesse morto: 
( testemunho de Abdullah Kurdi, pai de Aylan Kurdi )
“Deixámos Damasco pouco depois do início da guerra na Síria. Vivíamos no bairro curdo de Rukn al-Din e eu trabalhava como barbeiro. 

A situação na cidade tornou-se cada vez mais perigosa. Decidimos partir para Kobane onde a minha mulher e eu trabalhávamos na agricultura. Tentei a minha sorte em Istambul numa fábrica têxtil. Doze horas por dia eram passadas na fábrica e à noite dormia numa cave que o dono da fábrica fechava do lado de fora. O salário enviava-o para Kobane para a minha a família. Foi assim durante três anos até o Estado Islâmico ter tomado Kobane em 2014. Com Rehan, a minha mulher, Galib e Aylan, os meus filhos, e milhares de outros habitantes fugimos. Pela primeira vez a minha mulher disse: “temos de abandonar a Síria”, antes recusara sempre.
Viemos para Istambul onde procurei um trabalho na construção civil. Carregava 200 sacos de cimento escadas acima, onze horas por dia. O nosso quarto custava 400 liras turcas por mês. Durante 5 meses a minha irmã, que vive há 25 anos no Canadá, pagou-nos a renda. Pedimos asilo ao Canadá, mas este foi-nos recusado, escolhemos então ir para a Alemanha onde o meu irmão vive, em Heidelberg, num centro de refugiados. Tentamos ir por terra, mas a polícia turca deteve-nos na fronteira com a Bulgária. A única opção que nos estava era o mar. A minha irmã deu-me os 4 mil euros que entreguei aos traficantes turcos e sírios. No nosso barco a motor iam 13 pessoas e parecia ser seguro. O capitão disse: “a viagem dura apenas dez minutos”. Podíamos ver Kos. A água estava calma, mas poucos minutos depois tudo se alterou. Veio uma onda e virou o barco, era de noite e não via a minha mulher e os meus filhos. Mas ouvi a minha mulher, as suas últimas palavras foram: “Abu Galib, pai de Galib, cuida das crianças”. Não as consegui segurar. Agarrei-me ao barco. Um dos que iam comigo conseguiu alcançar a costa e chamou a polícia. Passei a noite numa cela e no dia seguinte pediram-me para identificar a minha família. A minha amada mulher Rehan, Aylan, o menino que sorria sempre, e Galib que nunca parava quieto. 
Enterrei a minha família em Kobane e vivo na casa destruída do meu sogro. Não há infra-estrutura, há pó por todo o lado, os corpos dos mortos continuam debaixo das ruínas. O cheiro é insuportável e os insectos picam-nos à noite. Não há medicamentos, não há leite para as crianças, não há quase água.
Nunca mais deixarei Kobane, quero estar perto da minha família, mesmo que a única coisa que tenha deles seja roupa.
É como estar morto em vida”.




Os instantes em que pensamos que pode ser o fim têm a natureza de um garrote que se aperta desgarrado. Pudemos sobreviver-lhes. Percebemos melhor a angústia alheia.

lunes, 7 de septiembre de 2015

O sangue sírio que carregamos


A História que me contaram era, sem cerimónias, maniqueísta e nada laica: os romanos (subentenda-se cristãos) eram, grosso modo, os bons e os muçulmanos, sarracenos (subentenda-se islamistas) eram os maus!

Isto, apesar de a ocupação muçulmana na Península Ibérica ter permitido/ convivido com a continuação de práticas cristãs, ao contrário do que sucedeu mais tarde, quando se expulsaram os mouros do mesmo território!

A única forma eficiente de combater os efeitos nefastos da religião (qualquer uma) é a educação!

Não falo dessa educação que recebi já após o 25 de Abril, que dividia os povos entre bons e maus! Recordo-me de uma certa professora (que não enxergava mais além) conceder que “apesar de tudo”, a presença mourisca deixou coisas boas, ao nível da matemática, da estética, …, mas a mensagem a bold era a de que se tratavam de povos invasores, com práticas diferentes, logo (e muitas vezes só por isso) indesejáveis.

Espero que não seja esta a versão que agora se escuta nas salas de aula!

Os novos “invasores”, aos olhos de muitos, parecem ser os refugiados sírios! Que ora sacodem o pó da caridade europeia, ora agitam a nacional estupidez (que fala todas as línguas), muito fecunda sempre que se constata que o mal dos outros derruba todas as fronteiras.

Queremos sempre histórias que apontem o dedo aos bons e aos maus, queremos isolá-los, classificá-los, circunscrevê-los a uma nacionalidade e a uma geografia. Mas entender o mundo  obriga a um exercício diferente, mais descomprometido, menos romântico, mais verdadeiro.

Agora pelos sírios... Por tantos outros... Por nós.

Os mesmos sírios que descendem, por ventura, dos marinheiros e comerciantes fenícios, que em tempos andaram por cá. Acreditando que não se limitaram apenas a fazer comércio, é provável que tenhamos sangue sírio nas veias… Seguramente que o temos a pesar na consciência.

martes, 19 de mayo de 2015

Imunidade jornalística

No âmbito da justiça, a possibilidade da existência de imunidade é por si só injusta...
Ela existe para os políticos! Aberração!
Ela existe de forma bem mais perigosa (mais dissimulada) para os jornalistas!


Resumindo: um polícia excedeu-se e irá pagar por isso! Acredito sinceramente que vai pagar por isso!
Um adepto poderá ter sido incorreto (provavelmente nunca saberemos), mas já temos a certeza de que não vai responder por isso! Caía o Carmo e a Trindade dos "justiceiros de trazer por casa"!
Um canal de TV explorou a dor e o medo de uma criança (cujo rosto não foi bem protegido) e nunca, mas nunca pagará por isso! E não conheço ninguém de direito que manifeste qualquer tipo de preocupação com esse tema! Bem pelo contrário, li até coisas como: o câmara da CM TV foi inteligente ao filmar a criança!
Já eu, só posso classificar o editor que autorizou a divulgação dessas imagens, sem proteger a criança (que é facilmente reconhecida), de cretino!
É nesta altura que só me valem os palavrões!

Nem vou falar da atitude oportunista do presidente do Benfica ao convidar a criança para erguer a taça!

lunes, 11 de mayo de 2015

Sem vir à tona

A mesma dose de opressão e de serenidade que nos oferece a água quando estamos totalmente imersos. Sentimos qualquer coisa assim com a morte dos que queremos: oprimidos e serenos com a certeza de nada podermos fazer.


Still the water atreve-se a abordar o que possivelmente mais tememos: dizer adeus aos que mais gostamos. Totalmente incómodo, mas absolutamente belo.


Antes de o realizar, Naomi Kawase perdeu a mãe adoptiva.


Vi este filme há duas semanas e foi nele que pensei quando li este poema, num dos meus blogues preferidos:  O Fio de Prumo


Mãe
Fui vê-la.
Sorriu.
O seu olhar
dis­tin­guia melhor
o invi­sí­vel de mim.
Peguei-lhe na mão,
vol­tou a sorrir.
A ela disse
o meu nome,
a idade
e apertei-lhe
de novo
as duas mãos.
Com os olhos vagos
sem me ver
can­tou bai­xi­nho
uma canção
e espe­rei.
Espe­rei
que os seus olhos
se qui­ses­sem cru­zar
com os meus.
O tempo pas­sou
e ao pas­sar
vi um anjo
entrar na sala
devagar.
As nos­sas mãos
fei­tas de raí­zes
leva­ram tempo
a despegar.
O anjo pousou.
Sem se apres­sar,
pegou-lhe na mão
para a levar.

   Rita Roquette de Vasconcellos





viernes, 8 de mayo de 2015

Azul e verde

- Não conheço os países nórdicos (é declaradamente um projeto), porém não posso deixar de ficar fascinada pelo que dos nórdicos se sabe: a riqueza que geram e como a administram, o respeito que parecem prestar à Natureza, a estética que conquista meio mundo (sim, IKEA e H&M também), ...
- Nunca votei em Cavaco Silva, mas reconheço que a ele (certamente através de um assessor mais arejado) muito se deve o impulso dado ao assunto Mar: colocou-o na agenda e nos discursos desde que chegou a Belém, percebendo a tendência e a oportunidade.
Desde aí não há órgão de comunicação que não faça "especiais" sobre a economia ligada ao mar e gente motivada para o pôr a render.


Por tudo isto tenho acompanhado com interesse a visita presidencial à Noruega, país que deve ao mar 45% do seu PIB!
Acresce que ser o terceiro maior exportador de hidrocarbonetos não impediu a Noruega de dar cartas também no campo das renováveis!
A Noruega tem também políticos que dizem colocar a ciência no topo das prioridades, porque sem ela a Natureza rende menos.

Se um norueguês olhar para o mapa de Portugal e reparar no enorme vizinho que temos a Oeste e a Sul deve ter vontade de rir quando escuta portugueses a dizer que Portugal é pobrezinho por falta de recursos naturais!
Ao que parece estamos a mudar: a economia verde já fatura e a azul também está bem encaminhada!

Eu acredito que é justamente o mar que nos poderá impedir de naufragar.
Eu mudava as cores da bandeira portuguesa!
Eu mudava as cores da bandeira portuguesa!


jueves, 9 de abril de 2015

Auto "Retrato do Artista quando jovem"*

Agora que já me instalei na década de 40 (descansem que não vou citar o Paco Bandeira), que já estabilizei algumas características e ainda não degenerei por completo as mais frescas, registo:


Sou sonhadora e pragmática e as duas caraterísticas convivem pacificamente.


Tenho muito mais ideias (devia ser paga para isso) do que as que concretizo, pelo que o que poderia ser a minha maior virtude também pode muito bem ser o meu pior defeito. Mas eu gosto de ambiguidades.


Dá-me mais prazer imaginar a solução do que implementá-la, mas sou muito boa a encontrar alternativas. O “por outro lado” é a minha especialidade. A preguiça (tão subvalorizada) também.


Pouco me atrai na perfeição e menos ainda nos perfecionistas. Na maioria dos casos, empatam mais do que avançam. E avançar é preciso.


Sou desconfiada, mas não sou preconceituosa e atrai-me a diferença, de uma forma geral. E considero estas características fundamentais para ser feliz.


Fui uma criança tímida, mantenho-me assim, mas agora disfarço melhor.


Já saí na capa de um jornal galego, mas já não tenho provas disso! A minha mãe acabou por pô-lo no lixo, pensando que era mais um dos jornais atrasados que eu acumulava pelos cantos da casa!


A primeira vez que pisei um palco ainda não tinha 10 anos e regressei a ele várias vezes, sempre com uma mistura de nervos e prazer. A entrega (dos outros) em palco continua a comover-me.


Não é a tristeza que me faz chorar, é a generosidade. O que cada um dá de si é o que mais me comove, na arte e na vida.


Da primeira vez que pedi boleia, saiu-me um bondoso camionista: fiquei a saber que os camiões (alguns, pelos menos) têm banco traseiro (o banco cama) e experimentei-o!

Também já dormi de pé, acompanhada de pessoas e de animais! Os comboios gregos eram muito inclusivos no fim do século passado.


Já me apontaram uma caçadeira! Nunca desmontei uma tenda tão depressa! Moral da história: não fazer campismo clandestino e aprender a pedir desculpas em grego!

Falo cinco línguas, mas por azar nenhuma delas é o grego!
Nasci em Matosinhos, mas não me sinto muito chegada ao mar, a não ser à mesa…


Sinto agora mais saudades da paisagem serrana e do ar da Serra da Estrela de que desfrutei nos sete anos em que vivi na Covilhã, do que sentia nessa altura saudades do mar e da brisa marítima. Ver da serra nascer o sol na Cova da Beira, bate todos os pores-do-sol que eu já vi.


Na serra, o professor da única aula de esqui que tive, disse-me que sabia “cair muito bem”. É verdade: até ao momento, tenho lidado bem com as quedas.


Achava que tinha medo de alturas até que me vi desafiada a experimentar tirolesa, na mesma serra: incapaz de avançar, quando era exigida força de braços para galgar a linha ascendente (a última parte) da concavidade da corda, deixei-me estar ali pendurada a apreciar o vale entre os dois montes que a mesma unia. Soube-me bem!


Foi num outro vale da mesma serra que conheci O Tal. E ainda é o mesmo.

Sou mãe de uma menina. A Natureza, reiteradamente, demoveu-me de aumentar este número. Já percebi.


Gosto de dias de chuva e suporto muito melhor o “frio de rachar” do que o “calor abrasador”.


A minha bebida preferida é a água. Consumo vinho e café, regularmente, espumante bruto e cerveja, raramente. Não aprecio bebidas brancas nem licorosas (mas vou insistir com o Vinho do Porto!).


Gosto muito de cozinha portuguesa (e de todas as que provei), mas tenho dúvidas de que seja a melhor do mundo. (Voltarei a este tópico quando estiver reformada)


O sabor que menos me atrai é o doce. Prefiro o picante e o ácido. Não aprecio o sabor nem o cheiro da baunilha, do anis e da noz-moscada. Gosto muito de todas as outras especiarias que já experimentei.


Experimentar/conhecer é, aliás, o que mais gosto de fazer na vida, em quase todos os contextos. Tenho tempo a menos para o que quero experimentar e talvez por isso substitua facilmente um interesse por outro: já fiz ioga, ballet, folclore, danças medievais, danças ciganas, tango e sevilhanas; tive aulas de pintura; fiz um curso de fotografia; aprendi quatro idiomas que não o meu, mas só sou fluente em dois deles; recuperei móveis e coisas usadas (sou uma "respigadora", que vê uso em quase tudo); vendi coisas feitas por mim numa feira medieval (os meus clientes eram quase todos da família!); subi um rio a pé (e não estou a falar das margens); mergulhei no Atlântico de Inverno; subverti a ideia de montanhismo e fiz da serra um escorrega (involuntariamente); participei ativamente no associativismo (artístico, no caso)...

Também consigo ser constante: o Jornalismo tem sido a minha maior teimosia. Quis ser jornalista por gostar de escrever e querer conhecer outros lugares, outras coisas... Continuo a querer pelos mesmos motivos e mais um: conhecer as histórias que as pessoas têm para contar! E todas as pessoas têm boas histórias para contar!
Já fui professora e quero voltar a ser.



Sou do FCP, por convicção ou qualquer coisa do género, mas antes fui do Sporting, à força de suborno de um tio que me trouxe umas lindas botinhas de carneira da África do Sul... Não me lembro exactamente do momento da mudança... O meu tio não voltou a visitar-me e eu continuo a gostar de botas de carneira!

Gosto de cabelos com ar de praia e de tranças meio desfeitas... Gosto tão pouco de rastas quanto de penteados muito estruturados. Excepção: puchinho de bailarina, mas ao ballet eu autorizo tudo.

Acho que a maioria dos homens fica mal de gravata e bem de barba, o que me torna uma potencial má nora da maioria das sogras, inclusive da minha.

Arrependo-me de quase nada, mas lamento não ter partido à descoberta do mundo, trabalhando onde calhasse para pagar a expedição, quando terminei o meu curso... Nada está perdido: transferi o objetivo para o período de reforma e dei à expressão Segurança Social um significado mais inspirador.

Se só pudesse levar uma coisa para uma ilha deserta, seria um queijo! (Mas talvez um barco a motor fosse mais útil)


*O título é inspirado no Joyce e a escala no Manoel de Oliveira!

martes, 7 de abril de 2015

"Dame la mano y danzaremos"

Dame la mano y danzaremos...*

«Dame la mano y danzaremos, 
dame la mano y me amarás. 
Como una sola flor seremos, 
como una flor, y nada más. . .
El mismo verso cantaremos, 
al mismo paso bailarás. 
Como una espiga ondularemos,
como una espiga, y nada más.
Te llamas Rosa y yo Esperanza, 
pero tu nombre olvidarás, 
porque seremos una danza 
en la colina y nada más...»

*De Gabriela Mistral, a quem fui ter através do doodle do Google de hoje.

miércoles, 1 de abril de 2015

O trompete

Gostei deles desde a primeira vez que os ouvi, na Radar. Os Beirut, dos EUA, agarraram-me pelo trompete do Zach Condon, que também toca cavaquinho e fala português.
E agora dou-me conta que os meus ouvidos transmitem ao cérebro coisas boas, sempre que descubro o som do trompete numa música...

martes, 31 de marzo de 2015

"Rive Gauche"*

Fui-te fiel durante anos...
Não voltei a ser fiel assim.
Não me lembro quando te deixei, nem do nome do teu substituto...
Nem mais me lembrei de ti,.. até ontem.
Culpo Bordeaux!
E as Cabernet Sauvignon que perfumam a margem esquerda do Gironde.

*YSL

jueves, 12 de marzo de 2015

O Elogio da Contenção


Não foi a Vida, foi a Arte que me mostrou que do que eu mais gosto nos outros é da Contenção. Percebi esse padrão em quase todas as personagens de Colin Firth, ou no melhor mordomo inglês de sempre (Anthony Hopkins, em The Remains of the Day). É raro não me comover com a contenção e perante a arte autorizo-me mais facilmente a não conter a emoção.

martes, 10 de febrero de 2015

Requiem pela Parnaso

As distinções atribuídas em Lausanne a dois estudantes da Escola de Dança do Conservatório Nacional de Lisboa guiaram-me até uma informação menos feliz...
A minha escola de ballet, a Parnaso, já não existe.
Vai resistir na memória dos alunos que a frequentaram: as aulas teatralmente austeras, mas quase sempre bem humoradas do César, que de vez em quando despia a personagem, distração fatal perante uma turma de potenciais indisciplinados!
Deve ter sido nas aulas do César que vi pela primeira vez um piano a três dimensões. Era o som do piano que, por vezes, nos ditava o ritmo do "plié", do "frappé", do "battement", do "jeté", do "adagio"... Outras vezes, quando faltava o pianista, era mesmo a toque de cassete que dançavamos!
Também foi na Parnaso que tive as primeiras aulas de música, dadas por Fernando Corrêa de Oliveira, o senhor de poucas palavras, com um ar levemente sinistro, de cuja genialidade só me apercebi muito mais tarde!
Foi dele o sonho "Parnaso": a escola de música, ballet e teatro fundada em 1957. Na altura em que a frequentei, penso que já não havia teatro e a música era apenas complementar ao ballet.

miércoles, 28 de enero de 2015

Miep Gies-Santrouschitz, Jo Kleiman, Victor Kugler e Bep Voskuijl*

A Anabela Mota Ribeiro faz o tipo de jornalismo que aprecio: boas histórias, nem sempre óbvias, bem escritas e ligeiramente egotistas. (Se o ego do jornalista for omitido, perde-se a alma da escrita, pelo menos nos géneros reportagem e entrevista. É controverso, eu sei, e está longe do que se ensina nas escolas, mas é assim que eu gosto).


Esta visita à Anne Frank Huis é disso um bom exemplo, sem nunca trair o essencial: a consciência do que foi o Holocausto. Voltarei a esta casa, que conheci pela leitura do diário, na adolescência, que reconheci e estranhei, quando a pisei, já adulta, e onde quero voltar com a minha filha.


*Os nomes dos que ajudaram a família de Anne enquanto "mergulharam" no esconderijo. Desses  também reza a História.

viernes, 9 de enero de 2015

Um conselho grego

"Não olhes para trás!
Numa estação de comboios, olhar para trás é como fazer uma promessa."


Há filmes que são um convite à viagem, neste caso a Istambul... Estou a falar de viagem e não de turismo...
É o caso do fantástico Politiki_Kouzina (distribuído em Portugal com o nome "Um toque de canela"), onde até os efeitos especiais são poéticos...