Still the water atreve-se a abordar o que possivelmente mais tememos: dizer adeus aos que mais gostamos. Totalmente incómodo, mas absolutamente belo.
Antes de o realizar, Naomi Kawase perdeu a mãe adoptiva.
Vi este filme há duas semanas e foi nele que pensei quando li este poema, num dos meus blogues preferidos: O Fio de Prumo
Mãe
Fui vê-la.
Sorriu.
Sorriu.
O seu olhar
distinguia melhor
o invisível de mim.
distinguia melhor
o invisível de mim.
Peguei-lhe na mão,
voltou a sorrir.
voltou a sorrir.
A ela disse
o meu nome,
a idade
e apertei-lhe
de novo
as duas mãos.
o meu nome,
a idade
e apertei-lhe
de novo
as duas mãos.
Com os olhos vagos
sem me ver
cantou baixinho
uma canção
sem me ver
cantou baixinho
uma canção
e esperei.
Esperei
que os seus olhos
se quisessem cruzar
com os meus.
que os seus olhos
se quisessem cruzar
com os meus.
O tempo passou
e ao passar
vi um anjo
entrar na sala
devagar.
e ao passar
vi um anjo
entrar na sala
devagar.
As nossas mãos
feitas de raízes
levaram tempo
a despegar.
feitas de raízes
levaram tempo
a despegar.
O anjo pousou.
Sem se apressar,
pegou-lhe na mão
pegou-lhe na mão
para a levar.
Rita Roquette de Vasconcellos
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