lunes, 11 de mayo de 2015

Sem vir à tona

A mesma dose de opressão e de serenidade que nos oferece a água quando estamos totalmente imersos. Sentimos qualquer coisa assim com a morte dos que queremos: oprimidos e serenos com a certeza de nada podermos fazer.


Still the water atreve-se a abordar o que possivelmente mais tememos: dizer adeus aos que mais gostamos. Totalmente incómodo, mas absolutamente belo.


Antes de o realizar, Naomi Kawase perdeu a mãe adoptiva.


Vi este filme há duas semanas e foi nele que pensei quando li este poema, num dos meus blogues preferidos:  O Fio de Prumo


Mãe
Fui vê-la.
Sorriu.
O seu olhar
dis­tin­guia melhor
o invi­sí­vel de mim.
Peguei-lhe na mão,
vol­tou a sorrir.
A ela disse
o meu nome,
a idade
e apertei-lhe
de novo
as duas mãos.
Com os olhos vagos
sem me ver
can­tou bai­xi­nho
uma canção
e espe­rei.
Espe­rei
que os seus olhos
se qui­ses­sem cru­zar
com os meus.
O tempo pas­sou
e ao pas­sar
vi um anjo
entrar na sala
devagar.
As nos­sas mãos
fei­tas de raí­zes
leva­ram tempo
a despegar.
O anjo pousou.
Sem se apres­sar,
pegou-lhe na mão
para a levar.

   Rita Roquette de Vasconcellos





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