lunes, 7 de septiembre de 2015

O sangue sírio que carregamos


A História que me contaram era, sem cerimónias, maniqueísta e nada laica: os romanos (subentenda-se cristãos) eram, grosso modo, os bons e os muçulmanos, sarracenos (subentenda-se islamistas) eram os maus!

Isto, apesar de a ocupação muçulmana na Península Ibérica ter permitido/ convivido com a continuação de práticas cristãs, ao contrário do que sucedeu mais tarde, quando se expulsaram os mouros do mesmo território!

A única forma eficiente de combater os efeitos nefastos da religião (qualquer uma) é a educação!

Não falo dessa educação que recebi já após o 25 de Abril, que dividia os povos entre bons e maus! Recordo-me de uma certa professora (que não enxergava mais além) conceder que “apesar de tudo”, a presença mourisca deixou coisas boas, ao nível da matemática, da estética, …, mas a mensagem a bold era a de que se tratavam de povos invasores, com práticas diferentes, logo (e muitas vezes só por isso) indesejáveis.

Espero que não seja esta a versão que agora se escuta nas salas de aula!

Os novos “invasores”, aos olhos de muitos, parecem ser os refugiados sírios! Que ora sacodem o pó da caridade europeia, ora agitam a nacional estupidez (que fala todas as línguas), muito fecunda sempre que se constata que o mal dos outros derruba todas as fronteiras.

Queremos sempre histórias que apontem o dedo aos bons e aos maus, queremos isolá-los, classificá-los, circunscrevê-los a uma nacionalidade e a uma geografia. Mas entender o mundo  obriga a um exercício diferente, mais descomprometido, menos romântico, mais verdadeiro.

Agora pelos sírios... Por tantos outros... Por nós.

Os mesmos sírios que descendem, por ventura, dos marinheiros e comerciantes fenícios, que em tempos andaram por cá. Acreditando que não se limitaram apenas a fazer comércio, é provável que tenhamos sangue sírio nas veias… Seguramente que o temos a pesar na consciência.

No hay comentarios: