jueves, 9 de septiembre de 2010

Eu, mas na versão "fada do lar"

Fada do lar graças aos toques mágicos de varinhas alheias... O Verão não foi rico em deriva geográfica, mas foi generoso em dicas gastronómicas!

... Há cerca de um ano, um italiano quase me batia porque estava a cozinhar massa em calda de estrugido com tomate, ao qual ia acrescentar atum! "Isso nunca, jamais se faz à massa", dizia... Na altura o rapaz irritou-me um bocadinho e não desenvolvemos muito o assunto... Até porque a minha massa preferida, a "massa à lavrador da minha mãe", é cozinhada em mixórdia com couve, feijão e restos da carnes do cozido à portuguesa! E porque não concebo que possa haver limite (a não ser o do bom senso/paladar) para a criatividade gastronómica.
Este Verão voltei à carga com uma prima que já vive em Itália há muitos anos... Explicou-me que por lá a massa é apenas cozinhada em água e sal. Só assim se consegue perceber se é boa, dependendo da viscosidade que deixa na água (ao que percebi, quanto menos viscosa, melhor). Depois é que deve ser misturada com molho e aí é que os italianos gostam de ser criativos. Gostei da explicação e das receitas, o que não me fará prescindir da "massinha à lavrador"...

Já na Corunha, onde tivemos direito a visita guiada feita por um galego encantador, indaguei uma vez mais junto da portuguesa, agora também galega, que é sua mulher, como fazer tortilha, a simples, de batata, ovo e cebola, que é a de que mais gosto... Vou tentar que a coisa não volte a ficar com aspecto de ovos mexidos!

Mas no topo das dicas, coloco as que me deu o dono de um restaurante (recomendado no guia Michelin) que entrevistei em Caminha. Além de já identificar quem é a peixeira de confiança, a que mais percebe do que está a fazer, no mercado da cidade, passei a saber que "o melhor tamboril é o de barriga preta", ao contrário do "branco que não sabe a nada", e que o linguado mais saboroso é o pintarolado (apresenta pintas). Já o robalo e a dourada, não há que enganar: "as escamas devem ter um aspecto colorido e selvagem"!

E lembro-me agora que há uns anos foi um pescador de Vila Praia de Âncora que me explicou que o polvo deve ser congelado antes de cozinhado. Conhecimento que aprofundei em Tavira, onde o especialista local me fez saber que o polvo é dos mais inteligentes seres marinhos que há e é bicho que demora muito a morrer. Por isso é que tem que ser congelado, antes de ir para a panela, para ter tempo de morrer... Ah! E nada de panelas de pressão, que não há dois polvos iguais, pelo que é impossível determinar o tempo de cozedura como se fosse uma regra! É ir picando!

1 comentario:

Maria Fonseca dijo...

Cheira-me que teremos variedades no fim de semana. Aiiii!