Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.
Fernando Pessoa
e ainda outro poema...
miércoles, 31 de marzo de 2010
martes, 30 de marzo de 2010
Os cinco
A Maria quis pôr-nos a falar de livros, dos livros de que mais gostámos, dos que mexeram connosco... A Anita começou por ser para mim "o livro do sapo"... Conheci-o em casa da minha Tia Alice, que frequentava quase todos os sábados, muito antes de saber que sons desenhavam as letras. Tanto a minha madrinha como a minha prima Paula tinham vários "sapos"... De cada vez que assaltava a estante da sala de estar e abria um desses livros encontrava o meu amigo sapo e outros animais que forravam o papelão duro interior da capa e da contracapa dos livros da Anita antigos... São os primeiros livros de que tenho memória e provavelmente por eles comecei a gostar da ideia de ler. A minha madrinha tratou de me saciar esse apetite pela leitura, ao ritmo de um livro por mês, assim que eu comecei a ler e que ela começou a trabalhar. Foi sem qualquer dúvida a pessoa que mais livros me ofereceu na vida: os livros da Anita, da Patrícia...
Destaco o "Anita no Ballet" por ter sido lido vezes sem conta, por ver repetidamente aquelas posições, por treinar a partir delas, por ter decidido que queria aprender ballet também por elas, por depois ter percebido o tanto que gostava de dança e por ser a dançar que passo dos melhores momentos da minha vida!
Voltas a ser tu a culpada deste madrinha ;) Foste tu que me emprestaste "O Diário de Annne Frank". Eu teria talvez uns 12, 13 anos... e era com esta capa velhinha das Edições Brasil... Adorei na altura. Acho que me marcou como nenhum outro livro me viria a marcar: porque era a história da descoberta da adolescência de uma menina mulher numa altura em que eu também estranhava essa passagem, que tanto me questionava sobre ela; porque foi um contacto tão real com a História, o meu primeiro relatado na primeira pessoa. Uma História tão recente, tão vergonhosa e tão elucidativa e desmitificadora do bom senso e da bondade humana. Fiz questão, quando estive em Amesterdão, de conhecer os cantos e contornos do espaço que serviu de esconderijo e casa a Anne, à sua família e ao amiguinho Peter, antes de ser apanhada pela polícia e acabar num campo de concentração. E faço questão de lá levar os filhos que eventualmente venha a ter. E isso é uma promessa, como prometo motivá-los para a leitura deste diário.
Destaco o "Anita no Ballet" por ter sido lido vezes sem conta, por ver repetidamente aquelas posições, por treinar a partir delas, por ter decidido que queria aprender ballet também por elas, por depois ter percebido o tanto que gostava de dança e por ser a dançar que passo dos melhores momentos da minha vida!
Voltas a ser tu a culpada deste madrinha ;) Foste tu que me emprestaste "O Diário de Annne Frank". Eu teria talvez uns 12, 13 anos... e era com esta capa velhinha das Edições Brasil... Adorei na altura. Acho que me marcou como nenhum outro livro me viria a marcar: porque era a história da descoberta da adolescência de uma menina mulher numa altura em que eu também estranhava essa passagem, que tanto me questionava sobre ela; porque foi um contacto tão real com a História, o meu primeiro relatado na primeira pessoa. Uma História tão recente, tão vergonhosa e tão elucidativa e desmitificadora do bom senso e da bondade humana. Fiz questão, quando estive em Amesterdão, de conhecer os cantos e contornos do espaço que serviu de esconderijo e casa a Anne, à sua família e ao amiguinho Peter, antes de ser apanhada pela polícia e acabar num campo de concentração. E faço questão de lá levar os filhos que eventualmente venha a ter. E isso é uma promessa, como prometo motivá-los para a leitura deste diário.
Uma vez escrevi que este era o livro que gostaria de ter escrito, de tal maneira a poesia se encontra com a prosa nesta história, mas é mentira! Na verdade não quereria tê-lo escrito. Não mais. Sobre a história de amor, esta, nem sou capaz de escrever. Seria sempre pouco e desajustado.
Por que nã0? A proposta deste livro faz-nos pensar até que ponto somos capazes de amar apenas uma pessoa de cada vez, se sentimos desejo por tantas outras ao longo da vida e muitas vezes em simultâneo. Somos todos capazes de ser sacanas se formos devidamente postos à prova? Estamos apenas presos por um código de conduta, que não discutimos, não aprovámos, nem reprovámos? Aceitámo-lo tacitamente, quase só porque sim.
Penso num livro português de que tivesse gostado particularmente e este sai quase sempre entre os primeiros na minha cabeça. Coloca problemas semelhantes aos colocados em "Três Sereias". Defende o amor. Atiça-se contra os preconceitos. Um grande livro é também aquele que nos coloca a torcer pelo que habitualmente não torceríamos. Troca-nos as voltas, rasga caminhos novos. Fechada a última página, somos mais pessoa.
lunes, 29 de marzo de 2010
Lx Factory
Empurrei a porta, rodei a maçaneta e nada! Não cedia! O vidro era meio espelhado, daqueles que nos obrigam a esbugalhar os olhos para descobrir o que está do outro lado... Desta, como de outras vezes, corei assim que descobri que do outro lado havia mesmo gente, que sem qualquer esforço viam a minha figura!
Um cavalheiro resistiu à graça e veio em meu socorro. Perguntei-lhe se a cafetaria estava a funcionar, visto que me parecia uma reunião de staf... Não era e ele já não resistiu à troça. "Não sei, só vim abrir a porta", disse enquanto me piscava o olho. Percebi que havia gente a pedir ao balcão e entrei, agradecendo a "gentileza"...
Do outro lado do vidro não se via a escadaria que dava, aparentemente, para a zona de refeições. No piso térreo só havia duas mesas. Uma estava ocupada com o que julgara ser o staf e a outra passou a ser minha. Também não se ouvia do outro lado do vidro a voz aconchegante do Chico Buarque, com quem apetecia fazer coro.
As paredes eram pretas e altas. De uma delas sobressaiam utensílios de cozinha do IKEA, vermelhos e metalizados, numa lógica propositadamente caótica, desmascarada por um olhar mais atento.
A cafetaria estava alinhada com o lugar, provocava, pelo insólito, pela estética pensada, a combinar com o dress code dos clientes, que pareciam dizer: trabalhamos em empresas criativas, não andamos aqui pela indiferença e comunicámo-lo activamente.
Era assim o lugar, um parque de empresas voltadas para a criação, que se juntam mais ou menos aleatoriamente, ou talvez não, talvez por contágio... Mas não somos todos criativos, seja lá qual for o papel que desempenhamos? Pois, mas refiro-me aos convencionalmente criativos, o que até soa paradoxal.
Sentei-me. Faltava ainda uma hora para a minha reunião. Alinhavei a agenda, os papéis, pensei na nova semana que começara, organizei-a e organizei-me. Pensei que deveria fazer este exercício mais vezes. Senti-me pronta.
Não serviam à mesa. Pedi um café cheio ao balcão. Da coluna, ao lado da caixa registadora, cantava Caetano. "... eu aqui e ele lá..." O empregado colocou um pacote de açúcar no pires, enquanto esperava pelo cair do café. Eu ia dizer-lhe que tomava sem açúcar, mas reparei que era um pacote Nicola e não resisti à curiosidade. No pacote que me saiu lia-se "Um dia chove, no outro dia faz sol". Deleguei a sorte: deixei lá o pacote!
Um cavalheiro resistiu à graça e veio em meu socorro. Perguntei-lhe se a cafetaria estava a funcionar, visto que me parecia uma reunião de staf... Não era e ele já não resistiu à troça. "Não sei, só vim abrir a porta", disse enquanto me piscava o olho. Percebi que havia gente a pedir ao balcão e entrei, agradecendo a "gentileza"...
Do outro lado do vidro não se via a escadaria que dava, aparentemente, para a zona de refeições. No piso térreo só havia duas mesas. Uma estava ocupada com o que julgara ser o staf e a outra passou a ser minha. Também não se ouvia do outro lado do vidro a voz aconchegante do Chico Buarque, com quem apetecia fazer coro.
As paredes eram pretas e altas. De uma delas sobressaiam utensílios de cozinha do IKEA, vermelhos e metalizados, numa lógica propositadamente caótica, desmascarada por um olhar mais atento.
A cafetaria estava alinhada com o lugar, provocava, pelo insólito, pela estética pensada, a combinar com o dress code dos clientes, que pareciam dizer: trabalhamos em empresas criativas, não andamos aqui pela indiferença e comunicámo-lo activamente.
Era assim o lugar, um parque de empresas voltadas para a criação, que se juntam mais ou menos aleatoriamente, ou talvez não, talvez por contágio... Mas não somos todos criativos, seja lá qual for o papel que desempenhamos? Pois, mas refiro-me aos convencionalmente criativos, o que até soa paradoxal.
Sentei-me. Faltava ainda uma hora para a minha reunião. Alinhavei a agenda, os papéis, pensei na nova semana que começara, organizei-a e organizei-me. Pensei que deveria fazer este exercício mais vezes. Senti-me pronta.
Não serviam à mesa. Pedi um café cheio ao balcão. Da coluna, ao lado da caixa registadora, cantava Caetano. "... eu aqui e ele lá..." O empregado colocou um pacote de açúcar no pires, enquanto esperava pelo cair do café. Eu ia dizer-lhe que tomava sem açúcar, mas reparei que era um pacote Nicola e não resisti à curiosidade. No pacote que me saiu lia-se "Um dia chove, no outro dia faz sol". Deleguei a sorte: deixei lá o pacote!
domingo, 21 de marzo de 2010
Déjà vu versus flash foward
... é só uma sensação, fragmentada, dura um segundo, pouco mais, ou talvez até menos... Já todos passámos por ela, inexplicavelmente já estivemos naquele sítio, dissemos ou ouvimos exactamente a mesma expressão, vivemos aquela situação, com aquelas pessoas, sentimos aquele olhar. A ciência, que não arranca sem especulação, sem imaginação, ocupa-se pouco destas "ocorrências", bem mais exploradas pelo menos espartilhado território do senso comum...
E se o que chamamos de déjà vu resultar do que antes foi um flash foward de que não nos lembramos até que se concretize?
Na série "Flash foward" de que virei fã, mexeu comigo o momento em que alguém derrota essa visão do futuro, colocando um ponto final no presente, provando que a força do que tem que ser é tão menos forte quanto a nossa vontade o deseje fortemente ou é tão mais forte, quanto a nossa vontade o deseje fortemente.
Como diz o Variações noutro contexto, a culpa (e o mérito, acrescento) é sempre da vontade!
Preferimos voltar atrás no tempo, ou antecipá-lo?
PS: A SIC anda engraçada: a seguir ao "Flash foward" está a passar o filme "Déjà Vu"!
E se o que chamamos de déjà vu resultar do que antes foi um flash foward de que não nos lembramos até que se concretize?
Na série "Flash foward" de que virei fã, mexeu comigo o momento em que alguém derrota essa visão do futuro, colocando um ponto final no presente, provando que a força do que tem que ser é tão menos forte quanto a nossa vontade o deseje fortemente ou é tão mais forte, quanto a nossa vontade o deseje fortemente.
Como diz o Variações noutro contexto, a culpa (e o mérito, acrescento) é sempre da vontade!
Preferimos voltar atrás no tempo, ou antecipá-lo?
PS: A SIC anda engraçada: a seguir ao "Flash foward" está a passar o filme "Déjà Vu"!
jueves, 18 de marzo de 2010
Special one, feminino, singular!
Passei a manhã no CCB, a babar na exposição da Joana Vasconcelos, que é a melhor coisa que aconteceu em Portugal nos últimos tempos...
E não fui a única a babar: vi um bebé de meses a fazer o mesmo enquanto arregalava os olhos para os três corações independentes que cintilavam e rodopiavam ao som da "Estranha forma de vida", numa sala de paredes negras!!
She is a special one too!
Vieira da Silva, Paula Rego e Joana Vasconcelos!!! Eu organizava uma digressão mundial a triplicar destas senhoras!
E não fui a única a babar: vi um bebé de meses a fazer o mesmo enquanto arregalava os olhos para os três corações independentes que cintilavam e rodopiavam ao som da "Estranha forma de vida", numa sala de paredes negras!!
She is a special one too!
Vieira da Silva, Paula Rego e Joana Vasconcelos!!! Eu organizava uma digressão mundial a triplicar destas senhoras!
miércoles, 17 de marzo de 2010
Who else?
Há um treinador literalmente de primeiro plano, já que tudo é relegado para segundo plano quando ele está em jogo. Esta manhã ao espreitar os jornais internacionais, o nome que li nos títulos das notícias sobre o Chelsea-Inter (0-1) era o de Mourinho e não o dos clubes em campo!
Ofusca ou desfoca tudo o resto!
The Strokes, ou uma daquelas músicas que me põe a cantar no carro e com vontade de dançar em qualquer lado
"Last Nite"
Last night, she said:
"Oh, baby, I feel so down.
Oh it turns me off,
When I feel left out"
So I walked out:
"Oh, baby, don't care no more
I know this for sure,
I'm walkin' out that door"
Well, I've been in town for just about fifteen minutes now
And Baby, I feel so down
And I don't know why
I keep walkin' for miles
See, people they don't understand
No, girlfriends, they can't understand
Your Grandsons, they won't understand
On top of this, I ain't ever gonna understand...
Last night, she said:
"Oh, baby, don't feel so down.
Oh, it turns me off,
When I feel left out"
So I, I turn 'round:
"Oh, baby, gonna be alright"
It was a great big lie
'Cause I left that night, yeah
Oh, people they don't understand
No, girlfriends, they won't understand
In spaceships, they won't understand
And me, I ain't ever gonna understand...
Last night, she said:
"Oh, baby, I feel so down.
See, it turns me off,
When I feel left out"
So I, I turn 'round:
"Oh, little girl, I don't care no more.
I know this for sure,
I'm walking out that door," yeah
lunes, 15 de marzo de 2010
domingo, 14 de marzo de 2010
We will always have...
Acabadinhos de comemorar os 21 anos do Teatr'UBI! E eu acabadinha de chegar das comemorações, com as pilhas bem recarregadas! Porque voltar ao lugar em que fomos felizes faz sentido quando isso nos continua a fazer felizes.
Um café e um jornal
Numa das manhãs em que estive em Burgos entrei num café, com vista para o rio, encostado às traseiras do bonito edifício do teatro. Um café antigo, que faz gala disso. Elegante, com um pé direito generoso, janelas gigantes espalhadas por três das quatro paredes. Na outra impõe-se uma longa barra, como é usual na restauração à espanhola. Deveriam ser umas 11 horas e o café/restaurante estava meio cheio. Senhores e senhoras com mais de 70 anos, em pequenos grupos, à conversa ou a ler o Diário de Burgos. Um café com jornais, que é como devem ser todos os cafés. Estivesse eu ao leme da promoção de um jornal e fá-lo-ia chegar gratuitamente a todos os cafés e lançava a campanha "Um café e um jornal", contratando o Rui Veloso para dar voz à coisa...
Hola, qué tal?!... na terra das morcillas
"Abrochese el cinturón mientras esté sentado"
Foi o que fiz. A hospedeira da Iberia perguntou-me se queria o EL País, o ABC ou o DN. Pedi o El País, mas apenas o folheei. Não resisti a fechá-lo. Não havia nem uma nuvem. Tudo azul. Desta vez não me esqueci de pedir um lugar à janela, porém não me lembrei de pedir longe da asa! Fiquei duas janelas antes dela, o que me recortava a vista e me obrigava a olhar para trás. Assim mesmo estive de olhos pregados ao Tejo acastanhado e à mais ou menos caótica geometria dos campos, à medida que nos afastávamos de Lisboa. Se fosse uma fotografia, ao primeiro olhar, poderia parecer mármore com manchas de verdete!
Foi o que fiz. A hospedeira da Iberia perguntou-me se queria o EL País, o ABC ou o DN. Pedi o El País, mas apenas o folheei. Não resisti a fechá-lo. Não havia nem uma nuvem. Tudo azul. Desta vez não me esqueci de pedir um lugar à janela, porém não me lembrei de pedir longe da asa! Fiquei duas janelas antes dela, o que me recortava a vista e me obrigava a olhar para trás. Assim mesmo estive de olhos pregados ao Tejo acastanhado e à mais ou menos caótica geometria dos campos, à medida que nos afastávamos de Lisboa. Se fosse uma fotografia, ao primeiro olhar, poderia parecer mármore com manchas de verdete!
Acho que sobrevoámos a Serra da Estrela... Ou isso, ou era uma cordilheira de montes caulinos...? Ainda tentei, sem sucesso, descobrir a minha Covilhã...
Já a chegar a Madrid, as formas surgiam mais organizadas. Em vez do verde que rodeava Lisboa, viam-se pontinhos alinhados num manto castanho. Pomares, provavelmente!
Em Barajas esperava-me uma folha de papel A4 com o nome do evento que me levava a Burgos. Iría ter dois companheiros nipónicos e um espanhol na viagem de carro até Burgos. E neve, muita! Que na véspera tinha sido dia de nevão! As árvores luziam, de tal forma a neve, que lhes pousara nos ramos nus, desafiava o Sol... Os japoneses babavam!
Duas horas depois entrávamos em Burgos. Já lá tinha estado num desvio fugaz, numa viagem a Barcelona. A catedral, que visitei no último dos três dias em que estive na cidade, dá fama a Burgos. Não sou grande entusiasta da arte sacra, mas gosto do que sinto quando entro numa grande igreja. Talvez seja pelo espaço que costumam ter estes espaços, pelo silêncio... A visita valeu sobretudo por um retrato de Madalena atribuído a um dos discípulos do Leonardo da Vinci. Um nu!
Com a catedral rivalizam em notoriedade as morcilhas. São protagonistas de muitas das vitrines nas lojas da zona mais antiga da cidade. Arrumadinha numa das margens do rio, esta metade mais velha da cidade é encantadora. Ruas de pedra, sem passeios desnivelados (o que a mim me parece bem), privilegiando os passeios a pé. Edifícios antigos, mas em bom estado, exemplarmente recuperados e aparentemente habitados, a julgar pela ausência de indicações de venda ou de aluguer. E dezenas de plátanos (ou seriam castanheiros?) podados, enfileirados, muito perto uns dos outros. Tanto que alguns ramos uniram a sua seiva à do vizinho, formando uma forte ramada. Várias pontes ligavam a zona mais antiga à outra margem do rio, onde estava a "cidade nova", que pouco conheci. Y qué bien que vive la gente. E que bem me soube viver à espanhola durante uns dias e conhecer os japonenes, que sorriam a toda a hora, e o polaco, que se colou a mim porque só falava alemão e mais ninguém o entendia. Acho que nenhum dos dois estava à espera de ser capaz de trocar tantos galhardetes, com um nível tão mauzito de alemão...
E também fiquei a saber mais sobre a Estónia, através de uma simpática jornalista natural desta ex-república soviética, onde não se fala russo, mas sim uma língua mais parecida com o finlandês. Entendemo-nos muito bem, mas em inglês!
Já com um arménio, que nasceu em França, filho de refugiados, pude arejar o francês, que está muito empoeirado na minha memória.
E agucei mais a minha curiosidade sobre Chicago, através de um casal norte-americano. Deve ser juntamente com Nova Iorque das cidades mais cosmopolitas do mundo. "Depois da Grécia, é lá que há mais gregos", diziam-nos, acrescentando que isso é válido para outras nacionalidades também... Já me tinha interessado a cidade, quando a vi numa exposição sobre a obra de Le Corbusier... E por lá não faltam obras de arquitectos badalados...
Que bom é viajar assim também, conhecendo gente de outras paragens... E a próxima é Istambul, vedeta do Câmara Clara, esta noite, e capital da cultura, este ano...
Em 2016, será Burgos!
As morcillas passaram com distinção no controlo do aeroporto... Já estão em segurança no frigorífico... Mas de Burgos fica muito mais do que o sabor das morcillas...
Já a chegar a Madrid, as formas surgiam mais organizadas. Em vez do verde que rodeava Lisboa, viam-se pontinhos alinhados num manto castanho. Pomares, provavelmente!
Em Barajas esperava-me uma folha de papel A4 com o nome do evento que me levava a Burgos. Iría ter dois companheiros nipónicos e um espanhol na viagem de carro até Burgos. E neve, muita! Que na véspera tinha sido dia de nevão! As árvores luziam, de tal forma a neve, que lhes pousara nos ramos nus, desafiava o Sol... Os japoneses babavam!
Duas horas depois entrávamos em Burgos. Já lá tinha estado num desvio fugaz, numa viagem a Barcelona. A catedral, que visitei no último dos três dias em que estive na cidade, dá fama a Burgos. Não sou grande entusiasta da arte sacra, mas gosto do que sinto quando entro numa grande igreja. Talvez seja pelo espaço que costumam ter estes espaços, pelo silêncio... A visita valeu sobretudo por um retrato de Madalena atribuído a um dos discípulos do Leonardo da Vinci. Um nu!
Com a catedral rivalizam em notoriedade as morcilhas. São protagonistas de muitas das vitrines nas lojas da zona mais antiga da cidade. Arrumadinha numa das margens do rio, esta metade mais velha da cidade é encantadora. Ruas de pedra, sem passeios desnivelados (o que a mim me parece bem), privilegiando os passeios a pé. Edifícios antigos, mas em bom estado, exemplarmente recuperados e aparentemente habitados, a julgar pela ausência de indicações de venda ou de aluguer. E dezenas de plátanos (ou seriam castanheiros?) podados, enfileirados, muito perto uns dos outros. Tanto que alguns ramos uniram a sua seiva à do vizinho, formando uma forte ramada. Várias pontes ligavam a zona mais antiga à outra margem do rio, onde estava a "cidade nova", que pouco conheci. Y qué bien que vive la gente. E que bem me soube viver à espanhola durante uns dias e conhecer os japonenes, que sorriam a toda a hora, e o polaco, que se colou a mim porque só falava alemão e mais ninguém o entendia. Acho que nenhum dos dois estava à espera de ser capaz de trocar tantos galhardetes, com um nível tão mauzito de alemão...
E também fiquei a saber mais sobre a Estónia, através de uma simpática jornalista natural desta ex-república soviética, onde não se fala russo, mas sim uma língua mais parecida com o finlandês. Entendemo-nos muito bem, mas em inglês!
Já com um arménio, que nasceu em França, filho de refugiados, pude arejar o francês, que está muito empoeirado na minha memória.
E agucei mais a minha curiosidade sobre Chicago, através de um casal norte-americano. Deve ser juntamente com Nova Iorque das cidades mais cosmopolitas do mundo. "Depois da Grécia, é lá que há mais gregos", diziam-nos, acrescentando que isso é válido para outras nacionalidades também... Já me tinha interessado a cidade, quando a vi numa exposição sobre a obra de Le Corbusier... E por lá não faltam obras de arquitectos badalados...
Que bom é viajar assim também, conhecendo gente de outras paragens... E a próxima é Istambul, vedeta do Câmara Clara, esta noite, e capital da cultura, este ano...
Em 2016, será Burgos!
As morcillas passaram com distinção no controlo do aeroporto... Já estão em segurança no frigorífico... Mas de Burgos fica muito mais do que o sabor das morcillas...
lunes, 8 de marzo de 2010
pim, pam, pum
Como se não importassem os porquês, às vezes não perguntamos por não saber o que fazer com as respostas. Com as respostas que fendem, com as que definem, com as que excluem...
Por falta de jeito para as certezas absolutas, também se mingam as dúvidas.
Por falta de jeito para as certezas absolutas, também se mingam as dúvidas.
jueves, 4 de marzo de 2010
Saias!
Obrigada Marc Jacobs por teres feito uma colecçãozinha a pensar em mim... Saias, saias e mais saias e vestidos também. Tudo decente e abaixo do joelho, evasé, como eu gosto...
miércoles, 3 de marzo de 2010
O homem do leme (ahoy!)
Ignoro a identidade dos três pescadores mortos na barra de Caminha, nem sei como se chamam os dois que sobreviveram, mas quando ouvi a notícia esta manhã na TSF pensei no António.
O António é pescador e fazia uns biscates no Verão na doca de Seixas, que é como quem diz, transportava os turistas até aos barcos, ou levava-os à ilha no rio Minho.
Há e havia mais gente a fazer isso, mas suspeito que todos nós, sem combinar, simpatizámos mais com o António. É verdade que ele nos "subornava" com a banda sonora do FCP a bordo, apesar de ser sportinguista convicto, mas é mais do que isso... O António parece-se com um pescador ou com a ideia que eu construí dos pescadores. E nem é tanto pelo desembaraço, nem pelas rugas calejadas pelo sol... É mais pela dignidade, que nele é como um carimbo...
O António é pescador e fazia uns biscates no Verão na doca de Seixas, que é como quem diz, transportava os turistas até aos barcos, ou levava-os à ilha no rio Minho.
Há e havia mais gente a fazer isso, mas suspeito que todos nós, sem combinar, simpatizámos mais com o António. É verdade que ele nos "subornava" com a banda sonora do FCP a bordo, apesar de ser sportinguista convicto, mas é mais do que isso... O António parece-se com um pescador ou com a ideia que eu construí dos pescadores. E nem é tanto pelo desembaraço, nem pelas rugas calejadas pelo sol... É mais pela dignidade, que nele é como um carimbo...
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