"Abrochese el cinturón mientras esté sentado"
Foi o que fiz. A hospedeira da Iberia perguntou-me se queria o EL País, o ABC ou o DN. Pedi o El País, mas apenas o folheei. Não resisti a fechá-lo. Não havia nem uma nuvem. Tudo azul. Desta vez não me esqueci de pedir um lugar à janela, porém não me lembrei de pedir longe da asa! Fiquei duas janelas antes dela, o que me recortava a vista e me obrigava a olhar para trás. Assim mesmo estive de olhos pregados ao Tejo acastanhado e à mais ou menos caótica geometria dos campos, à medida que nos afastávamos de Lisboa. Se fosse uma fotografia, ao primeiro olhar, poderia parecer mármore com manchas de verdete!
Foi o que fiz. A hospedeira da Iberia perguntou-me se queria o EL País, o ABC ou o DN. Pedi o El País, mas apenas o folheei. Não resisti a fechá-lo. Não havia nem uma nuvem. Tudo azul. Desta vez não me esqueci de pedir um lugar à janela, porém não me lembrei de pedir longe da asa! Fiquei duas janelas antes dela, o que me recortava a vista e me obrigava a olhar para trás. Assim mesmo estive de olhos pregados ao Tejo acastanhado e à mais ou menos caótica geometria dos campos, à medida que nos afastávamos de Lisboa. Se fosse uma fotografia, ao primeiro olhar, poderia parecer mármore com manchas de verdete!
Acho que sobrevoámos a Serra da Estrela... Ou isso, ou era uma cordilheira de montes caulinos...? Ainda tentei, sem sucesso, descobrir a minha Covilhã...
Já a chegar a Madrid, as formas surgiam mais organizadas. Em vez do verde que rodeava Lisboa, viam-se pontinhos alinhados num manto castanho. Pomares, provavelmente!
Em Barajas esperava-me uma folha de papel A4 com o nome do evento que me levava a Burgos. Iría ter dois companheiros nipónicos e um espanhol na viagem de carro até Burgos. E neve, muita! Que na véspera tinha sido dia de nevão! As árvores luziam, de tal forma a neve, que lhes pousara nos ramos nus, desafiava o Sol... Os japoneses babavam!
Duas horas depois entrávamos em Burgos. Já lá tinha estado num desvio fugaz, numa viagem a Barcelona. A catedral, que visitei no último dos três dias em que estive na cidade, dá fama a Burgos. Não sou grande entusiasta da arte sacra, mas gosto do que sinto quando entro numa grande igreja. Talvez seja pelo espaço que costumam ter estes espaços, pelo silêncio... A visita valeu sobretudo por um retrato de Madalena atribuído a um dos discípulos do Leonardo da Vinci. Um nu!
Com a catedral rivalizam em notoriedade as morcilhas. São protagonistas de muitas das vitrines nas lojas da zona mais antiga da cidade. Arrumadinha numa das margens do rio, esta metade mais velha da cidade é encantadora. Ruas de pedra, sem passeios desnivelados (o que a mim me parece bem), privilegiando os passeios a pé. Edifícios antigos, mas em bom estado, exemplarmente recuperados e aparentemente habitados, a julgar pela ausência de indicações de venda ou de aluguer. E dezenas de plátanos (ou seriam castanheiros?) podados, enfileirados, muito perto uns dos outros. Tanto que alguns ramos uniram a sua seiva à do vizinho, formando uma forte ramada. Várias pontes ligavam a zona mais antiga à outra margem do rio, onde estava a "cidade nova", que pouco conheci. Y qué bien que vive la gente. E que bem me soube viver à espanhola durante uns dias e conhecer os japonenes, que sorriam a toda a hora, e o polaco, que se colou a mim porque só falava alemão e mais ninguém o entendia. Acho que nenhum dos dois estava à espera de ser capaz de trocar tantos galhardetes, com um nível tão mauzito de alemão...
E também fiquei a saber mais sobre a Estónia, através de uma simpática jornalista natural desta ex-república soviética, onde não se fala russo, mas sim uma língua mais parecida com o finlandês. Entendemo-nos muito bem, mas em inglês!
Já com um arménio, que nasceu em França, filho de refugiados, pude arejar o francês, que está muito empoeirado na minha memória.
E agucei mais a minha curiosidade sobre Chicago, através de um casal norte-americano. Deve ser juntamente com Nova Iorque das cidades mais cosmopolitas do mundo. "Depois da Grécia, é lá que há mais gregos", diziam-nos, acrescentando que isso é válido para outras nacionalidades também... Já me tinha interessado a cidade, quando a vi numa exposição sobre a obra de Le Corbusier... E por lá não faltam obras de arquitectos badalados...
Que bom é viajar assim também, conhecendo gente de outras paragens... E a próxima é Istambul, vedeta do Câmara Clara, esta noite, e capital da cultura, este ano...
Em 2016, será Burgos!
As morcillas passaram com distinção no controlo do aeroporto... Já estão em segurança no frigorífico... Mas de Burgos fica muito mais do que o sabor das morcillas...
Já a chegar a Madrid, as formas surgiam mais organizadas. Em vez do verde que rodeava Lisboa, viam-se pontinhos alinhados num manto castanho. Pomares, provavelmente!
Em Barajas esperava-me uma folha de papel A4 com o nome do evento que me levava a Burgos. Iría ter dois companheiros nipónicos e um espanhol na viagem de carro até Burgos. E neve, muita! Que na véspera tinha sido dia de nevão! As árvores luziam, de tal forma a neve, que lhes pousara nos ramos nus, desafiava o Sol... Os japoneses babavam!
Duas horas depois entrávamos em Burgos. Já lá tinha estado num desvio fugaz, numa viagem a Barcelona. A catedral, que visitei no último dos três dias em que estive na cidade, dá fama a Burgos. Não sou grande entusiasta da arte sacra, mas gosto do que sinto quando entro numa grande igreja. Talvez seja pelo espaço que costumam ter estes espaços, pelo silêncio... A visita valeu sobretudo por um retrato de Madalena atribuído a um dos discípulos do Leonardo da Vinci. Um nu!
Com a catedral rivalizam em notoriedade as morcilhas. São protagonistas de muitas das vitrines nas lojas da zona mais antiga da cidade. Arrumadinha numa das margens do rio, esta metade mais velha da cidade é encantadora. Ruas de pedra, sem passeios desnivelados (o que a mim me parece bem), privilegiando os passeios a pé. Edifícios antigos, mas em bom estado, exemplarmente recuperados e aparentemente habitados, a julgar pela ausência de indicações de venda ou de aluguer. E dezenas de plátanos (ou seriam castanheiros?) podados, enfileirados, muito perto uns dos outros. Tanto que alguns ramos uniram a sua seiva à do vizinho, formando uma forte ramada. Várias pontes ligavam a zona mais antiga à outra margem do rio, onde estava a "cidade nova", que pouco conheci. Y qué bien que vive la gente. E que bem me soube viver à espanhola durante uns dias e conhecer os japonenes, que sorriam a toda a hora, e o polaco, que se colou a mim porque só falava alemão e mais ninguém o entendia. Acho que nenhum dos dois estava à espera de ser capaz de trocar tantos galhardetes, com um nível tão mauzito de alemão...
E também fiquei a saber mais sobre a Estónia, através de uma simpática jornalista natural desta ex-república soviética, onde não se fala russo, mas sim uma língua mais parecida com o finlandês. Entendemo-nos muito bem, mas em inglês!
Já com um arménio, que nasceu em França, filho de refugiados, pude arejar o francês, que está muito empoeirado na minha memória.
E agucei mais a minha curiosidade sobre Chicago, através de um casal norte-americano. Deve ser juntamente com Nova Iorque das cidades mais cosmopolitas do mundo. "Depois da Grécia, é lá que há mais gregos", diziam-nos, acrescentando que isso é válido para outras nacionalidades também... Já me tinha interessado a cidade, quando a vi numa exposição sobre a obra de Le Corbusier... E por lá não faltam obras de arquitectos badalados...
Que bom é viajar assim também, conhecendo gente de outras paragens... E a próxima é Istambul, vedeta do Câmara Clara, esta noite, e capital da cultura, este ano...
Em 2016, será Burgos!
As morcillas passaram com distinção no controlo do aeroporto... Já estão em segurança no frigorífico... Mas de Burgos fica muito mais do que o sabor das morcillas...
2 comentarios:
Gostei muito do que li, és tu mesmo, amigos e mais amigos, sempre a fazer amizades e sempre sem medo....
És especial, desejo-te muitas felicidades.
Beijocas
Obrigada :)
Sinto-me especial mesmo por estar rodeada de tesourinhos humanos como tu e mais umas quantas pessoas... O sentido disto tudo são aqueles de quem gostamos e de quem queremos estar próximos. O resto são trocos...
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