Não sou nada apologista de que se queimem os soutiens na fogueira e, em caso de naufrágio iminente, concordo com a máxima "salvem-se as mulheres e crianças primeiro!" Nem me estou a lembrar de nenhuma boa razão para que não seja assim...
Nunca pensei no feminismo muito a sério e considero-o tão obsuleto quanto o machismo, ainda que tenha a certeza de que ambos estão bem vivos!
Logo, não é por feminismo, mas apenas por curiosidade e esperança que defendo que deveriam ser sobretudo as mulheres a ocupar cargos de topo, seja na política, seja nas instituições, seja nas empresas... Como diz o anúncio: "try a different angle!"
São séculos de experiência de gestão de recursos e de conflitos que a sociedade anda a desperdiçar... e quando, excepcionalmente, acontece uma mulher chegar ao patamar em que pode fazer diferença a uma escala planetária, quase sempre faz mesmo a diferença... Não fiz nenhum estudo estatístico sobre o assunto, pelo que este texto peca por falta de exemplos, mas é o que me parece!
Não foi notícia de primeira página, nem abriu telejornais, mas eu tenho muita vontade de conhecer melhor esta Maria Ramos, a tal luso-descendente considerada pela Fortune uma das mulheres mais influentes do mundo...
E não é propriamente devido ao lugar no ranking que a senhora ocupa, é mesmo pelo que a fez ser destacada a esse nível: o detalhe de pela sua acção milhares de postos de trabalho terem sido mantidos... Isto é A OBRA... Isto é contribuir escancaradamente para um mundo melhor. Isto é uma injecção de motivação daquelas!
Por coincidência estive a trabalhar sobre o centenário de Peter Drucker. De entre as várias constatações e conselhos interessantes que o senhor deixou, há uma passagem que considero particularmente feliz e que faz eco daquilo em que acredito sem cedências, sem contemplações... O senhor era contra os despedimentos como forma de resolver os problemas numa empresa (claro que há excepções: as falhas de carácter e o não cumprimento de regras, mas isso é outra história). Argumentava que o que se deveria era alocar as pessoas às funções em que de facto elas renderiam melhor. Se não estavam a produzir o que deveriam, era porque estavam a ser mal conduzidas, mal geridas! Da mesma forma que defendia que as pessoas deveriam sentir-se parte importante na engrenagem. E se estão a mais hoje, provavelmente já estavam a mais no dia em que foram contratadas, o que nos remete de novo para um problema de gestão...
Para mim também é claro como água que não devemos descansar enquanto não estamos a fazer aquilo de que mais gostamos e o que fazemos melhor. Devemos fazer por descobrir em quê que podemos fazer a diferença... E há sempre alguma coisinha! Se não o procuramos, abrimos mão de uma boa parte daquilo que nos pode fazer feliz e tendo em conta que muito do nosso tempo é gasto a trabalhar e tendo em conta que é o trabalho que gera valor, isto é um assunto relevante!
Penso que a sensibilidade feminina (chamemos-lhe assim) processa isto melhor, daí a minha expectativa quanto ao binómio poder/mulheres. Daí a minha curiosidade em conhecer alguém que gere com espírito positivo e soube reverter uma situação desfavorável...
Também poderia ter sido um homem? Claro que podia. A História está cheia de bons exemplos no masculino... Mas cheira-me que o efeito multiplicador desses bons exemplos vai sentir-se assim que mais mulheres assumirem o leme.
Se estou a fazer a minha parte? Acho que sim, no que toca a tentar mudar mentalidades. Acho que sim, no que concerne ao facto de tentar fazer o que gosto e o que julgo fazer melhor. Acho que sim, porque dificilmente me resigno perante o que considero injusto sobretudo no meu universo laboral (O que tenho a menos em termos de frontalidade nas relações pessoais, compenso nas profissionais). Acho que não, no que toca a lutar por cargos em que possa ter maior poder de decisão. Para ser rigorosa comigo, faço menos do que deveria e do que poderia! O que talvez explique por que as marias ramos são ainda casos pontuais... Shame on us!
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