martes, 30 de junio de 2009

dance me to the end of...


Há duas sequências do "Habla con ella" que dificultam qualquer tentativa de indiferença perante o trabalho de Pina Bauch. No ano passado assisti à dança final do filme no CCB. Esgotados todos os bilhetes, como esgotaram sempre em todos os espectáculos da Pina Bauch em Portugal, consegui o lugar mais rasca, nas galerias, o correspondente ao terceiro anel.

Eu sabia que ia gostar, mas não sabia que era tão fácil gostar de todo o espectáculo. E era fácil para qualquer pessoa, habitual apreciadora de dança contemporânea ou não.
Tudo atraía no espectáculo: a música (fado também), o mise en scène, a história, o humor, os movimentos!

Para educar novos públicos para a dança, o legado de Pina Bauch é um dos caminhos.

pessoazinhas

Estava, de carro, a aproximar-me de uma passadeira para peões. Avistei uma senhora com um carrinho de bebé. Percebi (conscientemente) que tinha tempo suficiente para passar antes da senhora se preparar para fazer a travessia, mesmo que ela estivesse artilhada de um carborador potentíssimo.
Passo e ouço a senhora a praguejar: "Isto é uma passadeira!"
Não havia como atropelá-la, nem que ela desatasse a correr para a passadeira!

Este "zelo" despropositado irrita-me porque tem o mesmo sabor da injustiça!
Apetecia-me explicar à senhora que, sabendo ela tão bem quanto eu que a sua segurança e a do bebé não estava a ser ameaçada, deveria ter uma atitude mais cívica, já que parar o carro naquela situação implicaria mais gastos de combustível e mais CO2 na atmosfera!
E o pior é que tenho quase a certeza de que quem visse a cena deporia em tribunal contra mim, porque a distância (da senhora à passadeira) iria encurtar tanto mais quanto mais hipócrita fosse a testemunha! E isto também me irrita muito!

PS: Não foi grande tirada filosófica, mas à falta de uma aia eficiente...

A volta ao mundo em.. menos de três horas!

Um pequeno recuerdo de Espanha, outro do Senegal, mais um de Marrocos e outro do Egipto, do Brasil, do Perú...
Fui à FIA! Levo muito a sério o "Va para fora cá dentro"...
Não dei a volta ao mundo, mas cheirei os couros do Norte de África, vi matrioskas russas, experimentei chinelinhos indianos, pulseiras, colares e brincos do Egipto,... e ainda tive tempo para cuscar o pavilhão reservado ao artesanato português, onde deixei mais uns euritos!
Faço esta viagem todos os anos, por esta altura!... Ir à FIA, experimentar um restaurante de comida estrangeira ou conhecer gente de outros países é quase tão bom como viajar de verdade e potencialmente mais acessível... Fico é com muito mais apetite de viajar de verdade!

lunes, 29 de junio de 2009

Jefferson e o abade; Obama e o cão


O tema do Câmara Clara de ontem girava em torno dos EUA e de Obama... Interessante como todos os que tenho visto!
... A certa altura uma peça sobre o primeiro embaixador português nos EUA, o abade Correia da Serra, e a curiosidade dele ter sido considerado pelo terceiro presidente norte-americano, Thomas Jefferson, "o homem mais sábio que conhecia", que é como quem diz: nunca as relações diplomáticas entre Portugal e os EUA foram tão fortes como então, ao que não é estranho o facto de Portugal, na altura, ainda achar que "controlava" o Brasil!
Isto era no século XVIII, porque agora importa mesmo é termos um cão de raça portuguesa na Casa Branca! (Como humoristicamente comentava Paula Moura Pinheiro, a moderadora do programa, jornalista que me habituei a admirar desde o tempo em que escrevia sobre tribos urbanas no Expresso!... no início da década de 90)

sábado, 27 de junio de 2009

Aquele abraço!

Peter Gabriel ganhou prémios por vários videoclips das suas músicas, sobretudo aqueles mais inspirados em Achimboldo, mas há um de que eu gosto especialmente e que provavelmente não foi premiado, tal é a sua simplicidade... : Este que junta o cantor com Kate Bush!

Omnipresente

Desenhei com o dedo o teu nome na areia.
Deixei-me fechar os olhos,
sentir a luz quente do sol,
o vento brando a varrer-me a pele
e o mar mansinho a moldar a planície.
Estavas por perto...

martes, 23 de junio de 2009

voto em branco como costumo

Torci o pé esquerdo... perdi um dos meus esteios... perdi memórias... e histórias... dei-me a uma nova profissão... tive a noite mais confusa... tive a noite mais eufórica... tive a noite mais triste... deixei de ter... deixei-me ficar... deixo-me a pensar... não gosto de balanços... é cedo para balanços quando as certezas se atrasam... tenho a mania... tenho quase tudo... será bom... tem sido sempre.... há mais do que uma fórmula para a felicidade!... cada dia é dia de a reinventar...

viernes, 19 de junio de 2009

Uma odisseia na FCT

Ligo para a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) com o objectivo de falar com alguém ligado ao departamento de investigação no sector espacial. Atende-me um gravador: "Se quiser ser atendido em português, marque 1." Eu, obdiente, marquei. Recomeça a vozinha: "Bolsas, marque 1; programas e projectos de I&D, marque 2; unidades, marque 3..." Arrisquei unidades. Pedi para falar com alguém do sector espacial. "Não é aqui". Perguntei qual a extensão certa. "Não sei, mas aqui não é." Pedi para me passar à telefonista. Fiquei pendurada à espera que a telefonista encontrasse alguém da área... Niente!
Voltei a ligar e depois de ouvir uma longa lenga lenga, percebi que extensão 9 ligava directamente à telefonista! Pedi-lhe a extensão directa para os responsáveis do departamento espacial...

Na era dos callcenters, em que meio mundo está ao telefone, as telefonistas são substituídas por paleio só eficiente quando o interlocutor tem boa pontaria e acerta na extensão!

Não sou a primeira, nem serei a última a queixar-me deste processo de atendimento telefónico!
Porquê que se mantém a fórmula? Juro que não entendo.

martes, 16 de junio de 2009

Foi molhada a festa foi!

O "SIM" foi abafado pela tromba de água que São Pedro generosamente enviou para abençoar a boda, mas garantem fontes presentes no local que, efectivamente, eles se casaram nesse dia.
A cerimónia, pensada para o amplo jardim com vista para o mosteiro (a adivinhar um fim de tarde soalheiro, próprio das vésperas de Verão), foi reformulada e confinada à esplanada do restaurante, onde os convidados, artilhados de câmaras fotográficas, esperavam a noiva, também armada, mas de guarda-chuva. O espaço foi coberto de improviso por um toldo que se ia aproximando das cabeças dos noivos à medida que a chuva ia cavando uma poça de água. Houve quem fizesse apostas para o caso do toldo ceder ao peso do tal lago que se estava a formar. Por sorte, o "amável" oficial de notariado era profissional expedito e despachou a coisa em minutos!
Para quem não conseguiu escutar o "SIM", a banda de Goran Bregovic anunciou que os noivos já estavam casados, que já era possível alargar o nó da gravata, molhar a garganta, acalmar o estômago, …
Acondicionadas as entradas, foi tempo de, desordeiramente, passar ao jantar, servido intercaladamente entre um passo de dança e um cigarrito.
O acto de cortar o bolo da noiva e respectiva laçada de taças de champanhe (notou-se que os noivos não treinaram esta parte da cerimónia) foi antecipado pelos "obrigatórios" discursos (também mal ensaiados).
Depois de quase todos os sapatinhos terem puxado o lustro à pista de dança, eis que os noivos se lembraram de abrir "oficialmente" o baile, ao som de Rodrigo Leão, num tango arrebatador, mas pouco arrebatado (o ensaio foi na véspera e revelou-se insuficiente!).
A festa seguiu com os habituais picos de emoção: o ramo foi lançado uma boa meia dúzia de vezes e a noiva revelou total falta de tacto ao atirar a promessa de um novo casório para cima do telhado! As noivas em lista de espera não se digladiaram, nem houve luta na lama, apesar da chuva ter preparado o cenário ideal para que tal sucedesse…
De registar que nem só a chuva molhou este casamento, dada a quantidade de carpideiras(os) de serviço! A noiva integrou eficientemente esta fileira, não resistindo ao "Reviver o passado antes e depois do príncipe", um documentário carinhosamente construído por alguns dos amigos…
Amor e Amigos são, aliás, as palavras que ficam desse dia na memória dos noivos. A esses tesouros juntos chamamos Família!

Toca a pôr o CR7 a render

Não me passa pela cabeça que o Real Madrid va pagar o galáctico salário ao Cristiano Ronaldo, sem esperar um mais galáctico ainda retorno financeiro... Em merchandising, contratos publicitários, notoriedade... o que for...
Ora, se o CR joga e irá jogar (a menos que parta alguma pecinha ou mude de nacionalidade) na nossa Selecção, com a portuguesinha vestimenta, não vejo por que razão não estamos já a vender camisolinhas como o número 7 e o CR e a cara do CR estampadinhos aos pacotes, xuteiras, toalhas de banho, porta-chaves, lenços de papel, talheres, vinho,... tudo trajadinho com o equipamento luso do Cristianinho!
Estágios da selecção na China e na Índia (onde os fãs são mais do que as mães) já! (baratinho isso ficaria!)

E depois poderemos também "largar fogo"...! (Que a pirotecnia é coisa também muito portuguesinha!)

E o João Jardim que ainda não colou a Madeira ao CR?! Pedir a independência do "contenente" agora é que não viria nada a calhar!

Anda tudo distraído!

PS: Claro que o facto de estarmos ainda quase de fora do próximo mundial também não ajuda. O moço ainda casa com uma guapa e passa a jogar pela muy em forma España

lunes, 8 de junio de 2009

Desprezo ou apatia?

Destas europeias sobra-me uma dúvida: afinal foi o desprezo ou a apatia que ganhou estas eleições?

A mim parece-me que foi a apatia, o que é, julgo, bem mais grave do que o desprezo.
Os abstencionistas estão em grande forma e isso não está a dar que pensar!
Definitivamente ganha a apatia, até na fileira dos que participam.

À escuta...

Escutar as conversas dos outros é... por vezes inevitável e também por vezes bem agradável.

Adoptei uma esplanada perto da escola onde dou aulas e lá, um dia destes, tive eu direito a uma aula sobre bonecas. Na mesa ao lado da minha dois entusiasmados coleccionadores e recuperadores de bonecas antigas trocavam histórias sobre as suas vivências... Fiquei a saber que, no que toca a casinhas de bonecas, as vitorianas (inglesas) são as mais perfeitas. Por outro lado, ninguém ganha aos alemães nas reproduções em miniatura.
Também descobri que é português o dono da boneca miniatura mais minúscula e também é português o dono da miniatura mais valiosa...
E que há projectos para um museu de bonecas em Cascais...
E fiquei com vontade de saber mais deste mundo em formato XXXS: uma ideia a explorar, talvez...
Na minha parca, maas bem conservada colecção, destaco a mais antiga: um boneco bebé, com menos de 30 centímetros, que pertenceu à minha mãe e que posou ao meu lado no dia em que me fotografaram pela primeira vez... E a Carlota, que perdeu o triciclo e parte das pernas, mas mantém o que a tornava especial: o longo cabelo cor de laranja, onde eu ensaiei vários penteados.

domingo, 7 de junio de 2009

Lado lunar?

Descobri afinal para que serve este paleio todo. Serve para disfarçar a falta de memória. Serve para não me esquecer de mim... Serve para saber quem sou agora e para saber depois o que fui.
E serve para me mostrar ao mundo, da melhor maneira, por exclusão de todas as outras possibilidades...


É difícil encontrar uma letra do Carlos T de que não goste...

Lado Lunar
(Rui Veloso / Carlos T)

Não me mostres o teu lado feliz
A luz do teu rosto quando sorris
Faz-me crer que tudo em ti é risonho
Como se viesses do fundo de um sonho
Não me abras assim o teu mundo
O teu lado solar só dura um segundo
Não é por ele que te quero amar
Embora seja ele que me esteja a enganar
Toda a alma tem uma face negra
Nem eu nem tu fugimos à regra
Tiremos à expressão todo o dramatismo
Por ser para ti eu uso um eufemismo
Chamemos-lhe apenas o lado lunar
Mostra-me o teu lado lunar
Desvenda-me o teu lado malsão
O túnel secreto a loja de horrores
A arca escondida debaixo do chão
Com poeira de sonhos e runas de amores
Eu hei-de te amar por esse lado escuro
Com lados felizes eu já não me iludo
Se resistir à treva é um amor seguro
à prova de bala à prova de tudo

Mostra-me o avesso da tua alma
Conhecê-lo é tudo o que eu preciso
Para poder gostar mais dessa luz falsa
Que ilumina as arcadas do teu sorriso
Não é bem por ela que te quero amar
Embora seja ela que me vai enganar
Se mostrares agora o teu lado lunar
Mesmo às escuras eu não vou reclamar