martes, 25 de septiembre de 2012
Histórias aos quadradinhos - capítulo IV
"Wear a piece of History", incita a Átrio, que tem peças lindas de bijuteria, em homenagem aos fantásticos azulejos portugueses.
Portugal
lunes, 24 de septiembre de 2012
Bom senso
Ando a levar-me demasiado a sério e este paleio está a ficar uma grande seca...
Se a independência catalã se concretizar, fica dado pontapé de partida para o fim do Euro. Se isso é bom ou mau, não sei responder.
P.S. Também me pergunto quantos deputados e governantes deste país lerão esta revista?
... mas apetece-me registar que aprecio o bom senso com que a revista The Economist aconselha o mundo:
Nesta edição, uma tartaruga faz o papel de editor ao responder "Sadly, yes" à pergunta da capa. No artigo ficamos a saber que a Ásia anda a brigar por uma pequena ilha (intencionalmente fotografada para ficar pequena na capa e assim ridicularizar a disputa), por uma questão de soberania. Oportunidade (escreve o jornalista) para a China mostrar que está mais empenhada em manter a paz, beneficiando do crescimento que protagoniza.
No site da revista, escreve-se sobre o eventual novo país europeu: o crescente apetite de alguns catalães (cada vez mais, aparentemente) pela independência, para que os impostos dos catalães permaneçam na Catalunha.
No fim do artigo, conclui-se: "The direct causes of Catalonia’s economic woes are recession and ruinous administration by previous regional governments. Independence does not change that."
Se a independência catalã se concretizar, fica dado pontapé de partida para o fim do Euro. Se isso é bom ou mau, não sei responder.
P.S. Também me pergunto quantos deputados e governantes deste país lerão esta revista?
miércoles, 19 de septiembre de 2012
Pois.
Merecem reflexão estas frases:
"A contradição entre o mundo rico e o mundo pobre marcará o século XXI e pode engendrar uma III Guerra Mundial."
Já não será a religião nem a posse territorial .
"Se daqui a 30 anos (a contar de 1994), não tivermos dois jovens a trabalhar para manter um reformado, terá ocorrido uma catástrofe ou estarão os robôs a desempenhar essa tarefa".
Quem o disse foi o Santigo Carrillo, dirigente comunista histórico espanhol, falecido ontem e hoje tema da crónica do Fernando Alves, que terminava com o alerta: "Resta uma década para evitarmos, pelo avanço tecnológico, o lado catastrófico da previsão de um homem cujos vaticínios foram quase sempre certeiros."
"A contradição entre o mundo rico e o mundo pobre marcará o século XXI e pode engendrar uma III Guerra Mundial."
Já não será a religião nem a posse territorial .
"Se daqui a 30 anos (a contar de 1994), não tivermos dois jovens a trabalhar para manter um reformado, terá ocorrido uma catástrofe ou estarão os robôs a desempenhar essa tarefa".
Quem o disse foi o Santigo Carrillo, dirigente comunista histórico espanhol, falecido ontem e hoje tema da crónica do Fernando Alves, que terminava com o alerta: "Resta uma década para evitarmos, pelo avanço tecnológico, o lado catastrófico da previsão de um homem cujos vaticínios foram quase sempre certeiros."
Ser ou não ser Jornalismo?
Lê-se na Monocolumn de ontem da fantástica Monocle: "Referring to a story the paper had recently run about allegations of voter fraud, national editor Sam Sifton said, “It’s not our job to litigate it in the paper. We need to state what each side says.” Fine, do that. But don’t call it journalism – that’s stenography.
O que acontece diariamente no jornais é mera estenografia: pouco se prova, pouco se questiona, apenas se denuncia - alegadamente, e a suspeita passou a protagonista de uma boa parte das histórias.
O desejável remata o mesmo artigo: “The more news organisations can state established truths and stand by them, the better off the readership – and the democracy – will be.”
O que acontece diariamente no jornais é mera estenografia: pouco se prova, pouco se questiona, apenas se denuncia - alegadamente, e a suspeita passou a protagonista de uma boa parte das histórias.
O desejável remata o mesmo artigo: “The more news organisations can state established truths and stand by them, the better off the readership – and the democracy – will be.”
Lucho González*
Porque as pessoas também se medem pela forma como canalizam a dor.
Mais do que merecida a braçadeira de capitão.
*«Tinha-lhe dito que ia marcar um golo. Quando soube da notícia, o treinador e os dirigentes falaram comigo e deram-me todo o apoio», explicou o jogador do Futebol Clube do Porto, no fim do jogo (que fez questão de jogar, depois de saber da morte do pai), em que marcou um golo.
Mais do que merecida a braçadeira de capitão.
*«Tinha-lhe dito que ia marcar um golo. Quando soube da notícia, o treinador e os dirigentes falaram comigo e deram-me todo o apoio», explicou o jogador do Futebol Clube do Porto, no fim do jogo (que fez questão de jogar, depois de saber da morte do pai), em que marcou um golo.
lunes, 17 de septiembre de 2012
Um rufo da multidão calará a arrogância?
Na Argentina, fizeram do bater em tachos, a banda sonora da manifestação, na semana passada. A maior, dizem, durante a "dinastia" Kirchner.
Quando lia sobre isso, pensava no embriagante que é sentir que estamos todos ou quase todos a torcer para o mesmo lado. Que o mundo está farto.
E que em Portugal, pela primeira vez (enquanto só se ia ao bolso de reformados e funcionários públicos era uma coisa, mas agora a ameaça paira sobre TODOS), o povo está todo a dizer NÃO. Por isso foi a maior maifestação de sempre.
Fico contente que tenha sido pacífica.
Não fui. Tinha um excelente álibi, mas não sei se teria ido,... de qualquer forma.
Espero, no entanto, que tenha servido para acordar quem de direito.
Mas parece que ainda não...
O meu Pai dizia-me, ontem, indignado, sobre o "Não tenho pressa para ser Governo (ou coisa assim)" de Seguro: Como tem o Seguro a lata de pôr a coisa desta maneira? Quem disse a esta alminha que ser eleito é uma inevitabilidade, caso houvesse eleições? Estamos mesmo entalados entre um PS que não deixa saudades e um PSD a quem queremos dizer basta!?
Quando é que se deixa de pensar nos partidos com a mesma parte do cérebro que sustenta o clubismo?
Quando lia sobre isso, pensava no embriagante que é sentir que estamos todos ou quase todos a torcer para o mesmo lado. Que o mundo está farto.
E que em Portugal, pela primeira vez (enquanto só se ia ao bolso de reformados e funcionários públicos era uma coisa, mas agora a ameaça paira sobre TODOS), o povo está todo a dizer NÃO. Por isso foi a maior maifestação de sempre.
Fico contente que tenha sido pacífica.
Não fui. Tinha um excelente álibi, mas não sei se teria ido,... de qualquer forma.
Espero, no entanto, que tenha servido para acordar quem de direito.
Mas parece que ainda não...
O meu Pai dizia-me, ontem, indignado, sobre o "Não tenho pressa para ser Governo (ou coisa assim)" de Seguro: Como tem o Seguro a lata de pôr a coisa desta maneira? Quem disse a esta alminha que ser eleito é uma inevitabilidade, caso houvesse eleições? Estamos mesmo entalados entre um PS que não deixa saudades e um PSD a quem queremos dizer basta!?
Quando é que se deixa de pensar nos partidos com a mesma parte do cérebro que sustenta o clubismo?
Cohen
(Faz de conta que eu fui ao Lux verificar se filho - Adam Cohen - de Peixe - Leonard - sabe nadar! Parece-me que sim. E parece-me também que o Cohen filho está a garantir a continuidade do emprego ao coro do pai...)
viernes, 14 de septiembre de 2012
Maquiavélica, Eu.
Ontem escrevi isto no meu mural do Facebook: "Desconto de tempo: fosse eu editora/directora de um jornal (um qualquer) e fazia uma edição AVESTRUZ, sem qualquer referência ao estado do Estado, à classe política, às maleitas várias... só de coisas boas, bons exemplos, boa vida!
Contratem-me, vá, que a OPV não dura para sempre!"
Estava consciente dos riscos que corria, sendo jornalista (sempre achei que testar o limite dos que me conhecem é a única forma honesta de os conhecer), mas a minha proposta de alienação era e é perfeitamente consciente porque não há quem escute no meio de tanto barulho, nauseante e potencialmente inócuo.
Acho que entrei numa espécie de greve pessoal, quando toda a gente decidiu acordar e desabafar.
(Há quem rejubile porque o PS já está à frente das intenções de voto: mas houve uma debandada geral do PS e entrou sangue novo e esclarecido sobre o que o socialismo significa e ninguém me avisou? Ou são os suspeitos do costume que alicerçam estas intenções de voto? Mas ainda há quem creia nesta alternância partidária?)
Estamos à beira da mudança, estamos a mudar já porque pensar nela é já um passo dela (perdoem-me, mas não estou a conseguir filosofar melhor do que isto)...
E eu acho, por não conceber outra posição que não a do optimismo (as discussões que Saramago teria comigo...), que mudaremos para melhor, para uma vida mais responsável e mais responsabilizante, em que progressivamente contaremos menos, cada vez menos com o Estado e mais connosco...
Eu não tenho lido o suficiente sobre o caso belga, sem governo durante meses, mas merece ser estudado. Inquieta-me.
E agora uma projeção absolutamente maquiavélica, que vai afastar a meia dúzia de leitores que ainda lêem este paleio (mas lá está, eu gosto de vos testar!), e que assenta no lado bom de Passos Coelho falhar:
1- Alguns iluminados do PSD vão contestar a actual liderança.
2- Cai o Governo e volta a haver eleições.
3- Novo congresso PSD empoleira Rui Rio (ainda estão a ler ou já estão a ligar para o 112???).
4- Rui Rio ganha as eleições.
5- Portugal recomeça!
Só Rui Rio mudaria a minha profunda convicção no voto em branco.
Contratem-me, vá, que a OPV não dura para sempre!"
Estava consciente dos riscos que corria, sendo jornalista (sempre achei que testar o limite dos que me conhecem é a única forma honesta de os conhecer), mas a minha proposta de alienação era e é perfeitamente consciente porque não há quem escute no meio de tanto barulho, nauseante e potencialmente inócuo.
Acho que entrei numa espécie de greve pessoal, quando toda a gente decidiu acordar e desabafar.
(Há quem rejubile porque o PS já está à frente das intenções de voto: mas houve uma debandada geral do PS e entrou sangue novo e esclarecido sobre o que o socialismo significa e ninguém me avisou? Ou são os suspeitos do costume que alicerçam estas intenções de voto? Mas ainda há quem creia nesta alternância partidária?)
Estamos à beira da mudança, estamos a mudar já porque pensar nela é já um passo dela (perdoem-me, mas não estou a conseguir filosofar melhor do que isto)...
E eu acho, por não conceber outra posição que não a do optimismo (as discussões que Saramago teria comigo...), que mudaremos para melhor, para uma vida mais responsável e mais responsabilizante, em que progressivamente contaremos menos, cada vez menos com o Estado e mais connosco...
Eu não tenho lido o suficiente sobre o caso belga, sem governo durante meses, mas merece ser estudado. Inquieta-me.
E agora uma projeção absolutamente maquiavélica, que vai afastar a meia dúzia de leitores que ainda lêem este paleio (mas lá está, eu gosto de vos testar!), e que assenta no lado bom de Passos Coelho falhar:
1- Alguns iluminados do PSD vão contestar a actual liderança.
2- Cai o Governo e volta a haver eleições.
3- Novo congresso PSD empoleira Rui Rio (ainda estão a ler ou já estão a ligar para o 112???).
4- Rui Rio ganha as eleições.
5- Portugal recomeça!
Só Rui Rio mudaria a minha profunda convicção no voto em branco.
jueves, 13 de septiembre de 2012
Como dizer "Não"?
Juro que estou a tentar ver "the big picture", mas a câmara afunila e foca apenas pessoas. É das pessoas que se esquecem os governantes, que preferem venerar os números. Não vislumbro estratégia, mas soluções que tapam os buracos imediatos de um lado, enquanto escavam covas fundas do outro.
Juro que estou a tentar pensar que nem todos são maus rapazes, os que lá vão parar, mas não me ocorrem exemplos ilustrativos.
Juro que não sou por manifestações (pelo maniqueísmo que as orienta, traindo mesmo os mais bem intencionados), mas não tenho, de momento melhor ideia.
Juro que estou a tentar pensar que nem todos são maus rapazes, os que lá vão parar, mas não me ocorrem exemplos ilustrativos.
Juro que não sou por manifestações (pelo maniqueísmo que as orienta, traindo mesmo os mais bem intencionados), mas não tenho, de momento melhor ideia.
martes, 11 de septiembre de 2012
A linha que os separa...
Por vezes parece que quase todos os pensamentos concorrem para o mesmo raciocínio. Os meus sondam as causas, os acasos que fazem de alguém o melhor ou dos melhores. Há muito de sorte? Sim. Mas concluo (o óbvio, ou talvez não) que há muito mais de mérito, de trabalho, de força, de talento...
Pensava nisto quando via a cerimónia de encerramento dos Jogos Paraolímpicos, penso nisto tantas vezes com Ronaldo, Mourinho, Joana Vasconcelos, com o senhor que teimava em fazer cestos para acolher as cerejas do Fundão, com tanta gente que considero especial na sua teimosia em fazer melhor, o melhor...
Já entrevistei algumas pessoas alegadamente e comprovadamente acima da média naquilo que fazem e o que as une é a racionalidade com que descrevem a sua fórmula simples: trabalho de qualidade + trabalho de qualidade.
A propósito disto e de querer uma espécie de porfolio de artigos que gostei especialmente de escrever, (re) publico mais um, decorrente de um encontro com Marc Meneau (3 estrelas Michelin).
*Artigo publicado no jornal OJE, em 2007.
Pensava nisto quando via a cerimónia de encerramento dos Jogos Paraolímpicos, penso nisto tantas vezes com Ronaldo, Mourinho, Joana Vasconcelos, com o senhor que teimava em fazer cestos para acolher as cerejas do Fundão, com tanta gente que considero especial na sua teimosia em fazer melhor, o melhor...
Já entrevistei algumas pessoas alegadamente e comprovadamente acima da média naquilo que fazem e o que as une é a racionalidade com que descrevem a sua fórmula simples: trabalho de qualidade + trabalho de qualidade.
A propósito disto e de querer uma espécie de porfolio de artigos que gostei especialmente de escrever, (re) publico mais um, decorrente de um encontro com Marc Meneau (3 estrelas Michelin).
“O paladar educa-se”*
Para Marc Meneau, o luxo reside na arte de comer com qualidade. Democratizar esse luxo passa mais pela educação do que pelo bolso, defende o chefe francês, reconhecido com três estrelas no guia Michelin...
A corte de Maria Antonieta, revisitada por Sofia Coppola, saboreia o talento de Marc Meneau. O chef francês foi responsável pelas iguarias que vemos desfilar no filme que retrata a vida de uma das figuras mais emblemáticas da História de França. A passagem pelo universo da sétima arte inspirou a Meneau a criação do morango Marie-Antoinette e Sofia Coppola. Sobremesa que chegou ao Hotel Lapa Palace, numa semana em que Marc Meneau foi o mestre de culinária de serviço. A convite do hotel lisboeta, o chef serviu as suas criações e deu uma aula de culinária a profissionais da restauração. Aliás, conversar com Marc Meneau é irresistivelmente aprender sobre gastronomia. Começa por desmitificar o significado de luxo e a sua falsa inacessibilidade: “O luxo é comprar menos pelo mesmo preço que se compraria mais, mas produtos de menor qualidade. Não é preciso ser rico para aceder à qualidade. Só é preciso fazer a escolha certa. Se compramos uns sapatos de má qualidade, mas baratos, eles vão durar menos e teremos que comprar outros. Se compramos uns bons sapatos, eles custam mais, mas duram mais. Quando temos o paladar saciado, o cérebro fica nutrido de prazer e não temos necessidade de comer muito. Comemos duas vezes menos. A saciedade depende do gosto e não do volume.”
A noção de economia foi sempre uma nota dominante na gastronomia de qualidade. A cozinha regional decorre dessa preocupação com a economia, recorda Meneau: “Cozinhava-se de forma a aproveitar os produtos da região. A cozinha sempre teve uma preocupação económica muito grande. Constatamos isso ao ler os clássicos. A cozinha dos reis era muito bem gerida.”
Marc Meneau aprendeu com os clássicos, não fez qualquer curso de cozinha oficial. Foram os livros de cozinheiros como Antonin Carême que lhe ensinaram a transformar a cozinha na sua arte. Platão também integrou a lista de professores: “Platão escreveu sobre o posicionamento do homem relativamente à cozinha. Um posicionamento simultaneamente sensual e intelectual.”
Hoje é Marc Meneau quem dá aulas, sempre que fala dos seus pratos. Isso mesmo constatará quem visitar l'Espérance, em Vézelay, na Borgonha. O hotel e restaurante de Meneau é simultaneamente o refúgio e montra maior do trabalho do chef francês, distinguido no guia Michelin com a classificação máxima, três estrelas.
Em Vézelay, tal como em Portugal, a máxima de Meneau será sempre saciar o gosto ou paladar. Mas afinal o que é o gosto? “O gosto é antes de mais uma emoção e, por isso, algo subjectivo”, diz, acrescentando que o gosto deve ser educado. Quanto mais cedo, melhor, advoga o chef: “A gastronomia deveria ser integrada nos programas escolares. Há muito que o defendo, mas não o consegui fazer ainda em França porque aos políticos não lhes interessa investir no paladar. As crianças comecem cedo a seleccionar o que gostam e o que não gostam. Gostam cada vez mais de açúcar e de fritos e cada vez menos de legumes, de ervas e de condimentos porque lhes falta uma educação do paladar. É preciso ter a inteligência de saber integrar novos paladares na alimentação. As cantinas escolares deveriam ser sensibilizadas nesse sentido. Os cozinheiros dos refeitórios das escolas deveriam estar abertos à mudança e receber formação. Na escola e em casa devemos aprender a reconhecer o que tem qualidade.”
Fã de bacalhau seco, “o caviar dos portugueses”, Meneau também tentou introduzi-lo no gosto dos seus clientes. Tentativa que não correu muito bem. “Perderam-se, não reconheceram aquele sabor e acabei por retirar o prato da ementa”, conta.
Na cozinha portuguesa, confessa que também não resiste aos pastéis de nata, às sardinhas e às cavalas. “Portugal tem uma costa marítima extensa e pouco poluída, onde se encontra peixes selvagens e de óptima qualidade”, assinala. Característica que aproxima mais a comida portuguesa da linha nórdica, do que da mediterrânica, observa: “Não penso que Portugal possua uma cozinha genuinamente mediterrânica. Não foi esse o caminho seguido. Portugal segue mais a linha nórdica, muito influenciada pelo mar. Não se usam muito as curgetes, nem as beringelas, muito características em França e em Espanha. Não tratámos da mesma maneira os alimentos.”
A unir as cozinhas do sul da Europa está o uso dos alimentos naturais em abundância. Marc Meneau acredita que a tendência é valorizar mais esse uso. “A sociedade deverá evoluir no sentido de respeitar a qualidade dos alimentos, de pagar o preço desse investimento”, diz, sublinhando que a qualidade tende a generalizar-se. Da mesma forma, a nutrição segue dois caminhos distintos: “Há que distinguir duas tendências da nutrição, a nutrição do trabalho e a do lazer. Os espaços onde se poderá comer no intervalo dos períodos de trabalho vão distinguir-se dos mais vocacionados para a procura do prazer e da singularidade. Esses exigem um tempo de fruição mais alargado. Acredito que esse é o caminho da qualidade.”
Perseguir essa qualidade implica abraçar determinados desafios, como o de explorar melhor as potencialidades dos legumes, sugere Meneau: “Os legumes vão ter mais peso no futuro porque a carne e o peixe escasseiam e a vida obriga a necessidades nutricionais diferentes. Por isso mudou a roda dos alimentos. O espaço da carne e do peixe é menor. Ainda não exploramos muito bem os legumes na gastronomia.”
A cozinha de Marc Meneau reflecte essa preocupação, assimilando influências de todo o mundo. “Invento entre sete a nove pratos novos por ano”, revela o chef, ressalvando quer “desses, um costuma ser excepcional!” Com a mesma sinceridade, assume que “a cozinha pode ter defeitos e deve ser imperfeita”. Ainda assim, a francesa é a mais perfeita, considera, silenciando aqueles que vêem na cozinha espanhola e em nomes como Ferrán Adrià, a nova bússola orientadora da gastronomia: “A cozinha francesa nunca foi tão boa e vai continuar a ser a melhor do mundo porque é muito intelectual. É praticada como arte. Ser cozinheiro em França é nobre, não é apenas mais um trabalho.” E conclui como uma pergunta: “Somos felizes com a cozinha de Adrià?”
*Artigo publicado no jornal OJE, em 2007.
jueves, 6 de septiembre de 2012
Um dia também escreverei sobre gatos. Hoje é o dia
Isto porque, esta manhã, passava o "Such a perfect day" do Lou Reed - que não vou linkar aqui por preguiça e suspeitas de que já o fiz - quando do outro lado da janela, no socalco traseiro a que tenho direito, brincavam os dois gatinhos vizinhos do rés do-chão.
A alternativa era intervir (um hábito, que poderia muito bem ser remunerado) a favor do Cristiano Ronaldo, que por ser podre de rico não tem, alegadamente, direito à tristeza! Não me vou alongar sobre este inspirador assunto, mas se me lês, ingénuo Cristiano: deverias estar mais ladino e antecipar que os portugueses e espanhóis invejosos do costume te iriam cair em cima, deverias saber que tristeza é coisa pessoal e intransmissível e que, a partilhá-la, só com amigos do peito, psicólogos ou padres (?), nunca com jornalistas!
A alternativa era intervir (um hábito, que poderia muito bem ser remunerado) a favor do Cristiano Ronaldo, que por ser podre de rico não tem, alegadamente, direito à tristeza! Não me vou alongar sobre este inspirador assunto, mas se me lês, ingénuo Cristiano: deverias estar mais ladino e antecipar que os portugueses e espanhóis invejosos do costume te iriam cair em cima, deverias saber que tristeza é coisa pessoal e intransmissível e que, a partilhá-la, só com amigos do peito, psicólogos ou padres (?), nunca com jornalistas!
miércoles, 5 de septiembre de 2012
A "nossa" ilha
Há lugares exclusivos, de tão pouco divulgados.
Gosto deles assim.
Durante a maior parte do ano, a ilha é só deles.
Mas no Verão partilham-na connosco!
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