jueves, 21 de octubre de 2010
jueves, 14 de octubre de 2010
"E tu bem sabes como o tempo foge"
Viajar tem pouco que ver com carimbos no passaporte e muito mais com experiências, no Intendente, ou em qualquer outra morada.
E há um "bilhete de viagem" que entalei na prateleira durante dois anos. Chama-se "África Acima" e foi escrito pelo Gonçalo Cadilhe, que viajou de facto por ela acima. Resgatei-o na segunda-feira, para "dar um tempo" a outro livro que não me anda a entusiasmar... Durante dois inícios de noite andei por África. E sei que os meus dois últimos anos teriam sido diferentes se tivesse dado "uso ao bilhete" mal o comprei. E já o sabia quando o comprei.
Uma das partes do livro, que só por si justifica a viagem:
"O Lubango diz-nos respeito, e ainda vamos a tempo de o preservar para a memória futura de Portugal. Lubango devia candidatar-se a Património Mundial da Unesco e Portugal devia tomar como missão, como desígnio nacional, esta candidatura. Portugal devia oferecer-se a Angola para fazer desta cidade um monumento único no género no mundo: recuperando-a, investindo nela, ajudando-a a reencontrar um sentido, uma razão de ser... Um patético "arranha-céus" está a ser projectado no centro... Se for para a frente, a integridade do Lubango será estilhaçada e a cidade nunca será património da Unesco... Hoje em dia não existe nada mais progressista do que a preservação das próprias raízes."
(Isto a propósito de uma cidade que congelou na arquitectura do Estado Novo - que eu classifico de equilibrada -, coisa que não aconteceu em mais nenhuma cidade made in ou made by Portugal)
Vou roubar ao Gonçalo (o "meu") uma foto do Lubango :)
Quando voltar a Angola (que vou voltar) irei verificar se o tal arranha-céus está lá para impugnar a sugestão do Gonçalo (o Cadilhe). E fotografo eu o Lubango. Prometido.
E há um "bilhete de viagem" que entalei na prateleira durante dois anos. Chama-se "África Acima" e foi escrito pelo Gonçalo Cadilhe, que viajou de facto por ela acima. Resgatei-o na segunda-feira, para "dar um tempo" a outro livro que não me anda a entusiasmar... Durante dois inícios de noite andei por África. E sei que os meus dois últimos anos teriam sido diferentes se tivesse dado "uso ao bilhete" mal o comprei. E já o sabia quando o comprei.
Uma das partes do livro, que só por si justifica a viagem:
"O Lubango diz-nos respeito, e ainda vamos a tempo de o preservar para a memória futura de Portugal. Lubango devia candidatar-se a Património Mundial da Unesco e Portugal devia tomar como missão, como desígnio nacional, esta candidatura. Portugal devia oferecer-se a Angola para fazer desta cidade um monumento único no género no mundo: recuperando-a, investindo nela, ajudando-a a reencontrar um sentido, uma razão de ser... Um patético "arranha-céus" está a ser projectado no centro... Se for para a frente, a integridade do Lubango será estilhaçada e a cidade nunca será património da Unesco... Hoje em dia não existe nada mais progressista do que a preservação das próprias raízes."
(Isto a propósito de uma cidade que congelou na arquitectura do Estado Novo - que eu classifico de equilibrada -, coisa que não aconteceu em mais nenhuma cidade made in ou made by Portugal)
Vou roubar ao Gonçalo (o "meu") uma foto do Lubango :)
Quando voltar a Angola (que vou voltar) irei verificar se o tal arranha-céus está lá para impugnar a sugestão do Gonçalo (o Cadilhe). E fotografo eu o Lubango. Prometido.
miércoles, 13 de octubre de 2010
"Levantados do chão"
Fora do contexto, talvez tivesse reservas em afirmar que me interesso pouco pelas notícias, as dos noticiários, as das primeiras páginas dos jornais. Passo por elas. Na verdade, todos, apenas, passamos por elas, pelos títulos, pela imagem fugidia.
Mas neste contexto, neste Paleio, autorizo-me a revelar que, sendo jornalista, me interessam pouco as notícias. Já as histórias interessam-me bastante. Não é preciso explicar, pois não?
E como isto é uma espécie de diário, de auxilar futuro da memória, não quero não registar que hoje é o dia em que os 33 mineiros chilenos começam a ser devolvidos à luz do dia. O acaso, e talvez o espírito de entreajuda, fez deles heróis.
O El País tem contado bem a história. O que me lembra do mais perto que está a imprensa espanhola da América Latina! E o tão longe que estamos do resto do mundo com que partilhamos a língua e o mau que isso é culturalmente e o mau que isso é economicamente, já que desperdiçamos esse efeito de escala fantástico que é ter tantos milhões a falar português. Mas, não. É mais fácil continuar a afundar jornais, como o Público, e a ensaiar outros jornais, que incorrem nas mesmas lacunas dos restantes, como o I ou o Sol...
Pequeninos é o que nós somos, porque ainda achamos que o tamanho (do país) conta, já que temos curtas vistas.
Mas neste contexto, neste Paleio, autorizo-me a revelar que, sendo jornalista, me interessam pouco as notícias. Já as histórias interessam-me bastante. Não é preciso explicar, pois não?
E como isto é uma espécie de diário, de auxilar futuro da memória, não quero não registar que hoje é o dia em que os 33 mineiros chilenos começam a ser devolvidos à luz do dia. O acaso, e talvez o espírito de entreajuda, fez deles heróis.
O El País tem contado bem a história. O que me lembra do mais perto que está a imprensa espanhola da América Latina! E o tão longe que estamos do resto do mundo com que partilhamos a língua e o mau que isso é culturalmente e o mau que isso é economicamente, já que desperdiçamos esse efeito de escala fantástico que é ter tantos milhões a falar português. Mas, não. É mais fácil continuar a afundar jornais, como o Público, e a ensaiar outros jornais, que incorrem nas mesmas lacunas dos restantes, como o I ou o Sol...
Pequeninos é o que nós somos, porque ainda achamos que o tamanho (do país) conta, já que temos curtas vistas.
viernes, 1 de octubre de 2010
Na Tutulândia
Há abelhas profissionais que fazem mel nas colmeias do telhado cinzento da Ópera de Paris. Do outro lado do telhado, mais ou menos no centro, está um tecto de cores mágicas pintadas por Marc Chagal, que nos deixa hipnotizados e à beira de um torcicolo. E por aquela escadaria palaciana e por aqueles corredores passeiam-se sabrinas e pés nervosos a caminho do linóleo das salas de ensaios, onde o piano lhes ditará: plié, degagé, arabesque...
E há uma teia gigante com dezenas de projectores e cordas longas que enrolaram e desenrolaram centenas de espectáculos. E há gente que zela para que os tectos, os soalhos, as paredes, as cadeiras de contornos dourados, forradas de veludo vermelho, mantenham o esplendor do Palais Garnier.
Não fui eu que escolhi, mas uma "fada-madrinha" tratou de me colocar nesse quarteirão na semana em que vivi em Paris... Num pequeno hotel, que terá sido atelier de Henri de Toulouse-Lautrec, que também pintou bailarinas clássicas (estava tão perto delas), ainda que tenha ficado conhecido por retratar sobretudo as de cabaret...
No penúltimo dia sentámo-nos a almoçar nas escadas exteriores do palácio, a sentir o reboliço, a corrente eléctrica da zona... Talvez tivessem por nós passado alguns dos protagonistas de "La Danse", o documentário que entra na vida do Ballet de L' Opera de Paris, uma das melhores companhias de dança do mundo...
Claro que fui ver e adorei. E vinguei-me de não me terem permitido entrar no grand salon, depois de pagar oito euros para conhecer o palais. Na altura confirmei pelos postigos das portas de acesso à plateia que se ensaiava no palco...
Imperdoável não me ter sentado também nas cadeiras de veludo vermelho.
E há uma teia gigante com dezenas de projectores e cordas longas que enrolaram e desenrolaram centenas de espectáculos. E há gente que zela para que os tectos, os soalhos, as paredes, as cadeiras de contornos dourados, forradas de veludo vermelho, mantenham o esplendor do Palais Garnier.
Não fui eu que escolhi, mas uma "fada-madrinha" tratou de me colocar nesse quarteirão na semana em que vivi em Paris... Num pequeno hotel, que terá sido atelier de Henri de Toulouse-Lautrec, que também pintou bailarinas clássicas (estava tão perto delas), ainda que tenha ficado conhecido por retratar sobretudo as de cabaret...
No penúltimo dia sentámo-nos a almoçar nas escadas exteriores do palácio, a sentir o reboliço, a corrente eléctrica da zona... Talvez tivessem por nós passado alguns dos protagonistas de "La Danse", o documentário que entra na vida do Ballet de L' Opera de Paris, uma das melhores companhias de dança do mundo...
Claro que fui ver e adorei. E vinguei-me de não me terem permitido entrar no grand salon, depois de pagar oito euros para conhecer o palais. Na altura confirmei pelos postigos das portas de acesso à plateia que se ensaiava no palco...
Imperdoável não me ter sentado também nas cadeiras de veludo vermelho.
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