Há abelhas profissionais que fazem mel nas colmeias do telhado cinzento da Ópera de Paris. Do outro lado do telhado, mais ou menos no centro, está um tecto de cores mágicas pintadas por Marc Chagal, que nos deixa hipnotizados e à beira de um torcicolo. E por aquela escadaria palaciana e por aqueles corredores passeiam-se sabrinas e pés nervosos a caminho do linóleo das salas de ensaios, onde o piano lhes ditará: plié, degagé, arabesque...
E há uma teia gigante com dezenas de projectores e cordas longas que enrolaram e desenrolaram centenas de espectáculos. E há gente que zela para que os tectos, os soalhos, as paredes, as cadeiras de contornos dourados, forradas de veludo vermelho, mantenham o esplendor do Palais Garnier.
Não fui eu que escolhi, mas uma "fada-madrinha" tratou de me colocar nesse quarteirão na semana em que vivi em Paris... Num pequeno hotel, que terá sido atelier de Henri de Toulouse-Lautrec, que também pintou bailarinas clássicas (estava tão perto delas), ainda que tenha ficado conhecido por retratar sobretudo as de cabaret...
No penúltimo dia sentámo-nos a almoçar nas escadas exteriores do palácio, a sentir o reboliço, a corrente eléctrica da zona... Talvez tivessem por nós passado alguns dos protagonistas de "La Danse", o documentário que entra na vida do Ballet de L' Opera de Paris, uma das melhores companhias de dança do mundo...
Claro que fui ver e adorei. E vinguei-me de não me terem permitido entrar no grand salon, depois de pagar oito euros para conhecer o palais. Na altura confirmei pelos postigos das portas de acesso à plateia que se ensaiava no palco...
Imperdoável não me ter sentado também nas cadeiras de veludo vermelho.
2 comentarios:
De partida para Paris, mas sem tempo para ver o Palais Garnier. Vai ser só Mickey e Donald. Queres que te traga o cheiro da cidade na mala?
Oui! Oh lah lah!
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