Saímos com o pijama vestido e eu com as pantufas serranas, forradas a pêlo. A indumentária servia-nos o propósito: conduzir até ao primeiro café aberto para comprar cigarros. Foi o que fizemos. Paragem na Graça. Mantive-me ao volante com os quatro piscas a sinalizar os nossos objectivos de prazo curto. Poucas pessoas na rua, poucas pessoas nos cafés. A Lisboa, a quarta-feira de cinzas chegou adiantada.
O dia tinha sido para nós vazio, entre o sofá e as investidas ao frigorífico. Custou-nos quebrar esta dinâmica, mas a chuva era miudinha, a música da Radar sonorizava-nos a apatia e apeteceu-me protelar o regresso ao sofá... "Vamos ver o mar!" Fomos.
Estava brando o mar, mas a areia dura e molhada que pisávamos denunciava a fúria precedente. Ficámos a escutá-lo, assim, a acalmar-se...
"Sempre que olhamos para o mar, queremos mais do que ele nos pode dar..."
Lembrei-me da minha cena preferida do "Verão Azul": a Desi e a Julia sentadas na praia a ver o mar. A Desi passava por um mau bocado. A Julia convidou-a a entrar no mar. Entram as duas vestidas, com passos decididos contra as ondas. Mergulham!
Gosto destes momentos desalinhados.
As minhas pantufas estão a secar na varanda.
3 comentarios:
Que aventura !!!!!!
Bjs
Mas são precisamente esses desalinhos, que nos situam!
Talvez Lúcia... Pelo menos têm o mesmo efeito de um beliscão :)
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