Foi bem lá atrás que eu quis ser jornalista de desporto, mais ou menos na mesma época em que baptizava gatos com os nomes de Victor Baía, Fernando Couto e Paulo Sousa (o campeão de Riade e nao o benfiquista em que se tornou depois) e fazia o meu pai andar às voltas para ver passar no mesmo dia três vezes (aconteceu) o pelotão da Volta a Portugal, por culpa, sobretudo, do sprinter e eterno camisola verde Paulo Pinto, que só não teve direito a homenagem porque a gata que pariu na minha garagem ficou-se pelas três crias. O mesmo se aplica ao Nuno Marques, que partilhava com o Stefan Edberg o pódio do meu personal ranking ATP. Um "Ás" para abusar da terminologia da modalidade...
Percebi a tempo que o jornalismo tinha outros argumentos, pelo que outras motivações, que não as hormonais, me empurraram para o ofício. Raramente o desporto foi tema que abordasse...
Por outro lado, tempos houve em que fui sócia do meu FCP, ia à bola em família, e comprava euzinha mesma "O Jogo"... Fascino-me menos com esse mundo, mas não é por isso que me esqueci do que é um "fora-de-jogo" e também não é por isso que fico insensível ao vómito que provoca o jornalismo desportivo...
Assumo que teria dificuldade em ser imparcial nesta matéria. A verdade é que acredito num jornalismo eticamente correcto, mas não acredito na imparcialidade engalanada. Somos parciais, desde logo, na escolha dos temas (e dessa escolha eu não abdico por dá cá aquela palha)... Outra coisa é a ética, a obrigação de pesquisar, de conhecer as diferentes versões da história, de trabalhar com dignidade, de respeitar o que deve ser respeitado... Mas isto é tema para outra conversa...
No jornalismo desportivo escandaliza-me especialmente a falta de imaginação e o desrespeito pelo que é de interesse público, bem como um certo "sebastianismo" reinante... As mesmas histórias insípidas com os protagonistas do costume.
Afinal quantos campeonatos o Benfica ganhou nos últimos 10 anos, nos últimos 20? Número desproporcionado face à mancha vermelha que continua a dominar o jornalismo desportivo com o mote mais ou menos explícito "este ano é que é" a repetir-se incessantemente... Eu bem sei que são muitos milhões de expectativas para gerir, mas o entretenimento não é propriamente a vocação máxima do jornalismo! E se é, mudemos-lhe o nome!
O Leixões brihou em 2008 e o Braga está desde o início do campeonato na liderança (agora nem por isso, mas tem menos um jogo), mas continuamos a ouvir e a ler a descabida expressão "três grandes" a torto e a direito... E suspeito que o número é escrito e dito por muitos a contragosto, porque os resultados do FCP, por cá e por lá, tornam impossível deixá-lo de fora...
Um enjoo é o que isto é...
(Talvez este texto esteja daqui a 10 anos obsoleto! Oxalá o FCP se mantenha na mó de cima!)
Acrescento: Tinha mesmo muita vontade de ser editora de um jornal desportivo durante uma semana! Tinha, não! Tenho!
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