O barulho do café a moer, mais do que o cheiro, que já não sentia, oficializava que estava pronta para dar ordem de partida ao cérebro. Levou o café, cheio e sem açúcar, como se habituara a beber, para a secretária. Iniciou o Gmail, mas nenhum dos remetentes lhe despertou particular interesse. Seguiu viagem... Começava quase sempre pelo El Mundo, mesmo que gostasse de gostar mais do El País, mas fizera disso regra quando apenas os conteúdos de um eram gratuitos. Depois saltava para o Público, quase por dever de consciência... O mesmo princípio induzia-a a picar os económicos portugueses, espanhóis, os brasileiros (adorava o Isto é), às vezes o Finantial Times, outras o Wall Street Journal, ... Uma vez ou outra viajava até um argentino, um italiano... Gostava de espreitar os galegos: Faro de Vigo, La Voz de Galicia,... Visitava quando se lembrava La Estrella Digital, a que achava especial piada e que, há uns anos, tinha uma paginação (no caso paginação é o termo, porque era mesmo o que fazia lembrar) muito gira, antes de alinhar na carneirada :(
Constrastou o artigo sobre a economia "superaquecida" brasileira com outro sobre a desvalorização do bolívar venezuelano e a consequente corrida às lojas para comprar leite em pó e afins... Pasmou com "a senhora que tropeçou no "actor" de Picasso, rasgando um pedaço da tela (?) e pasmou, mas menos, na notícia da Louis Vuitton que quer contratar o "consultor" Tony Blair...
De regresso a imagem que me marcou no primeiro filme que vi este ano no cinema, o "Ágora" do Alejandro Amenábar... Filmezinho insípido sobre como os "segundos" cristãos rapidamente se esqueceram da intolerância que sofreram os "primeiros" e trataram de castrar qualquer tentativa de questionar o dogma... É também sobre outra intolerância, a que escondia o medo do conhecimento ou do "atrevimento" de querer saber mais (a filósofa Hipátia poderia ter-nos poupado uns séculos de atraso, caso a intolerância/preconceito/medo não falasse mais alto)...
A imagem de que me lembro era a da "pequena" Terra no Espaço, metáfora da insignificâncioa das nossas lutinhas e dos nossos probleminhas...
Mas, por outro lado, quando é que é legítimo começar a "relativizar"?
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