Estive ontem na gala de encerramento do Ano Europeu do Diálogo Intercultural em representação da ASTA. Já que lá estive, acho que me fica bem pensar um bocadinho sobre o assunto: ser consequente. Retenho as palavras do José Eduardo Agualusa: "As raças não existem. São uma invenção nossa."
Tenho sorte porque desde sempre me atraíram as diferenças, o que é novo para mim ou desigual. É assim com a comida: saber que vou experimentar um coisa nova, de outro país, ou que acabei de inventar é já metade do prazer (talvez por isso tenha tanta dificuldade em seguir receitas e não me consiga aperfeiçoar na tradicional comida portuguesa, que também adoro!). É assim com os lugares e é assim com as pessoas. Tenho sorte de gostar de conhecer novas pessoas e de me atrairem as que vêm de outras regiões, de outros países, com costumes distintos, com outras formas de pensar e de estar... Tenho sorte porque me acrescentam sempre alguma coisa...
Acho que faz tão pouco sentido a rejeição de algumas mentes pequeninas aos imigrantes, que chego a ter vontade em dar-lhes a provar do próprio veneno, ou seja: em relação a essas pessoas fico eu muito pouco tolerante e apetece-me desatar à estalada quando ouço comentários menos simpáticos em que o sujeito é a palavra imigrante, como se a designação explicasse o defeito que lhes atribuem. É que até podem estar a falar de um criminoso de outra nacionalidade, mas o que ressalta é o facto de ser imigrante: a causa do delito! Claro que há muiiiitos imigrantes de má índole, como também há muiiiiiiiiitos portugueses em Portugal e espalhados pelo mundo também de má índole, mas, sinceramente, até acredito que os que viajam, os que emigram, melhoram com o contágio das diferenças que vão absorvendo.
Aqui há uns tempos o embaixador de Espanha em Portugal, Alberto Navarro, dizia que gostaria de ver o Erasmus esticado ao universo profissional porque de cada vez que alguém passa um ano fora do país de origem melhora como pessoa e melhora o país que o acolhe. Apesar de não ter nunca passado mais do que dois meses fora do meu país de origem e me sentir mais pobrezinha de espírito por isso, estou completamente de acordo com o Agualusa.
Bom Natal!
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