viernes, 19 de diciembre de 2008

Raças?

Estive ontem na gala de encerramento do Ano Europeu do Diálogo Intercultural em representação da ASTA. Já que lá estive, acho que me fica bem pensar um bocadinho sobre o assunto: ser consequente. Retenho as palavras do José Eduardo Agualusa: "As raças não existem. São uma invenção nossa."
Tenho sorte porque desde sempre me atraíram as diferenças, o que é novo para mim ou desigual. É assim com a comida: saber que vou experimentar um coisa nova, de outro país, ou que acabei de inventar é já metade do prazer (talvez por isso tenha tanta dificuldade em seguir receitas e não me consiga aperfeiçoar na tradicional comida portuguesa, que também adoro!). É assim com os lugares e é assim com as pessoas. Tenho sorte de gostar de conhecer novas pessoas e de me atrairem as que vêm de outras regiões, de outros países, com costumes distintos, com outras formas de pensar e de estar... Tenho sorte porque me acrescentam sempre alguma coisa...
Acho que faz tão pouco sentido a rejeição de algumas mentes pequeninas aos imigrantes, que chego a ter vontade em dar-lhes a provar do próprio veneno, ou seja: em relação a essas pessoas fico eu muito pouco tolerante e apetece-me desatar à estalada quando ouço comentários menos simpáticos em que o sujeito é a palavra imigrante, como se a designação explicasse o defeito que lhes atribuem. É que até podem estar a falar de um criminoso de outra nacionalidade, mas o que ressalta é o facto de ser imigrante: a causa do delito! Claro que há muiiiitos imigrantes de má índole, como também há muiiiiiiiiitos portugueses em Portugal e espalhados pelo mundo também de má índole, mas, sinceramente, até acredito que os que viajam, os que emigram, melhoram com o contágio das diferenças que vão absorvendo.
Aqui há uns tempos o embaixador de Espanha em Portugal, Alberto Navarro, dizia que gostaria de ver o Erasmus esticado ao universo profissional porque de cada vez que alguém passa um ano fora do país de origem melhora como pessoa e melhora o país que o acolhe. Apesar de não ter nunca passado mais do que dois meses fora do meu país de origem e me sentir mais pobrezinha de espírito por isso, estou completamente de acordo com o Agualusa.

Bom Natal!

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