Se eu escrevesse as minhas memórias (que é mais ou menos o que estou a fazer), poderia recorrer à lamentável expressão "no meu tempo" e lembrar que, surpreendentemente, "no meu tempo":
- Versalles recusou "A Noiva" (candelabro gigante feito com tampões, que pode ser agora apreciado no Museu de Arte Contemporânea de Elvas) de Joana Vasconcelos na mega exposição que lhe dedicou!
- o parlamento sueco retirou da sua sala de jantar uma pintura barroca, do século XVII, onde figuravam seios!
- a imprensa portuguesa questionou o tamanho da saia da assessora de Cavaco!
- advogados "invejosos" fizeram queixas à Ordem dos Advogados de um vídeo feito por uma firma de advogadas, que não escondiam serem giras e eficientes ao ponto de ganhar para se vestirem com peças caras e de bom gosto (o que é discutível, mas não condenável)!
(E ao que consta, são mesmo eficientes! Também consta que o vídeo chamou a atenção de magnatas angolanos! Oh, que chatice! Vão roubar potenciais clientes chorudos às firmas mais "cinzentonas"! Go girls!)
- a sociedade lembrou-se agora de transformar os estudantes universitários em monstros, capazes de humilhar os seus semelhantes, sacudindo a culpa que realmente tem ao não preparar em casa, que é onde a Educação deve legislar, as crianças e os jovens para dizer NÂO, sem medo de retaliações sociais, para defender os que são mais fracos e que por isso não conseguem vocalizar esse Não, e, sobretudo, para distinguir o que é certo do que é errado.
Se a "praxe" está ao serviço da estupidez (como parece estar em vários casos), acabar com a praxe acaba com a estupidez? Que fácil seria a solução...
Pela minha experiência, que foi positiva, argumento a favor da praxe, que se ela serve de alibi para a estupidez, também serve de alibi para vencer a timidez, para o engate, para a paródia de todos os envolvidos... Tudo isto (estupidez incluída) pode acontecer com ou sem praxe.
Ainda não se sabe ao certo o que sucedeu no Meco (até pode ter sido só um lamentável acidente do mesmo calibre dos que vitimizam os curiosos "aventureiros" que gostam de ver as ondas mais de perto, sentir na cara a lama dos carros de rali e afins), mas a sapiente opinião pública já encontrou culpados, a mesma que não duvida da culpa dos pais da Maddie e dos pais do menino da Madeira!
Para quê Justiça, quando temos civis com tão elevadas capacidades, eivados de espírito de cruzada, prontinhos a moralizar os menos atentos, ingénuos, que como eu admitem a inocência destes "óbvios culpados"? Como ousamos relegar para a PJ a tarefa de investigar a verdade?
E COERÊNCIA? Essa virtude raríssima (inantingível, arrisco-me a rotular), já que muitos/alguns dos que não hesitam em "fazer justiça" na praça pública são os mesmos que optam pelo adjetivo "paneleiro" ou "preto", em vez do nome próprio, quando se referem, respetivamente, a um determinado homossexual, ou pessoa de raça negra, entre outras façanhas de equiparável potencial humilhatório, seja com a capa humorística ou não!
jueves, 30 de enero de 2014
miércoles, 22 de enero de 2014
O direito ao Amor incondicional
Acodem-me vários palavrões, mas não me sossegam a raiva que sinto perante a leviandade com que se sugere e agora se impõe um referendo sobre a co-adopção por casais formados por pessoas do mesmo sexo.
No fim da década de 90, visitei, em reportagem para um trabalho universitário, a Casa do Gaiato, em Paços de Sousa, onde, na altura, só havia rapazes e padres. Os rapazes conviviam com outros rapazes e eram cuidados por homens.
Acreditei na dignidade e no empenho, talvez até no amor, que os padres dedicavam àqueles rapazes, mas pareceu-me que lhes faltava conviver mais com raparigas e com mulheres, apenas porque elas fazem parte da sociedade. Que eu saiba ninguém sugeriu uma lei que proíbisse orfanatos formados apenas por crianças do mesmo sexo!?
Que eu saiba os casais homosexuais não vivem isolados. Convivem com homens e mulheres.
Nunca consegui aceitar os argumentos dos que recriminam a adopção por duas pessoas do mesmo sexo, simplesmente porque jamais batem os argumentos de uma criança confinada a um orfanato, sem sentir o amor incondicional de alguém.
Pressão social? Bulling? Sim, lamentavelmente, existe. São esses os comportamentos que devemos ferozmente combater. Mas acredito que ninguém melhor do que um homossexual, habituado a lidar com eles, para ensinar a criança a defender-se e a crescer mais justa e receptiva à diferença.
Serão a pressão social e o bulling comparáveis à violência da ausência do amor incondicional, de que só os bons pais, verdadeiros ou adoptivos, são capazes?
Acodem-me novamente vários palavrões e a vontade de distribuir chapadas.
No fim da década de 90, visitei, em reportagem para um trabalho universitário, a Casa do Gaiato, em Paços de Sousa, onde, na altura, só havia rapazes e padres. Os rapazes conviviam com outros rapazes e eram cuidados por homens.
Acreditei na dignidade e no empenho, talvez até no amor, que os padres dedicavam àqueles rapazes, mas pareceu-me que lhes faltava conviver mais com raparigas e com mulheres, apenas porque elas fazem parte da sociedade. Que eu saiba ninguém sugeriu uma lei que proíbisse orfanatos formados apenas por crianças do mesmo sexo!?
Que eu saiba os casais homosexuais não vivem isolados. Convivem com homens e mulheres.
Nunca consegui aceitar os argumentos dos que recriminam a adopção por duas pessoas do mesmo sexo, simplesmente porque jamais batem os argumentos de uma criança confinada a um orfanato, sem sentir o amor incondicional de alguém.
Pressão social? Bulling? Sim, lamentavelmente, existe. São esses os comportamentos que devemos ferozmente combater. Mas acredito que ninguém melhor do que um homossexual, habituado a lidar com eles, para ensinar a criança a defender-se e a crescer mais justa e receptiva à diferença.
Serão a pressão social e o bulling comparáveis à violência da ausência do amor incondicional, de que só os bons pais, verdadeiros ou adoptivos, são capazes?
Acodem-me novamente vários palavrões e a vontade de distribuir chapadas.
lunes, 20 de enero de 2014
"Penso eu de que..."
Não pensei sempre assim e até é provável que mude de opinião, mas, por agora, considero que há dois caminhos para se ser ainda de esquerda: um é utópico e tem todo o meu apreço, mesmo que o considere relativamente inócuo, o outro é o da hipocrisisa. Merece desprezo.
E não é no meio que está a virtude.
E não é no meio que está a virtude.
jueves, 2 de enero de 2014
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