Eu não estava cá, mas não me parece que o país esteja pior do que há 40 anos, como alegam 46% dos 1002 inquiridos pelo Projecto Farol. Parece-me sim que devemos ler nas entrelinhas o desalento e o cansaço de um povo que não acredita em si nem nos seus líderes.
Eu voto há metade da minha vida e nunca, NUNCA marquei uma cruzinha crente de que "agora sim, com este/a é que a coisa vai para frente".
Nunca consegui ser de um partido e nem sequer eleger entre a esquerda e a direita (no contexto português) me é fácil. No alegado idealismo/socialismo da esquerda não vejo mais do que hipocrisia. No suposto pragmatismo da direita, sobra incompetência.
E fico sempre perturbada (desiludida, na verdade) de cada vez que vejo o incómodo de um/a amigo/a socialista quando alguém desdenha deste Governo e não é por não conseguirem encontrar motivos para tal, é mais porque lhes dói, porque preferem ver o ataque como um ataque ao partido, à ideologia em que acreditam, incapazes de perceber que foram traídos, tanto como ela. E o mesmo sucede com os laranjinhas quando o Governo é laranja. Constrangedor.
Estou cansada de optar pelo voto em branco, de não conseguir acreditar numa figura, numa estratégia, numa proposta.
Será assim mais uma vez no próximo domingo.
Ainda cheguei a inclinar-me para o Fernando Nobre, porque me parece que uma pessoa viajada, que sentiu o mundo, merece a minha confiança, mas depois, à medida que o senhor ia abrindo a boca, ia eu torcendo o nariz... E não. Não me convence.
Os outros candidatos não me merecem sequer comentários. Merecem todos o meu voto em branco.
No hay comentarios:
Publicar un comentario