lunes, 27 de diciembre de 2010

Podia bem ser cozido à portuguesa e fado

Já não me lembro se foi em 2009 ou em 2008 que vi "O segredo de um cuscuz" pela primeira vez. Revi-o no sábado e reforcei a minha convicção contra as generalizações e contra os preconceitos.

É este o tipo de cinema que justifica um subsídio. De repente, conhecemos melhor uma família de imigrantes, de repente conseguimos estar nesta família de emigrantes, porque algures já sentimos na pele como a discriminação corrói.

Nem todos podem viajar e conhecer outros povos, mas o cinema, como a literatura, como a Internet, deixam-nos sem desculpa para dizer coisas como "os muçulmanos são assim, os brasileiros são assado..."

Se olharmos mais de perto, nos defeitos e nas virtudes, somos menos diferentes do que parecemos. As diferenças culturais não interferem no carácter.

Mas, muitas vezes, é também a arte que ajuda a perpetuar o preconceito, a generalização, mesmo quando o faz encapotada de humor. Lembro-me da caricatura, quanto a mim preguiçosa, aos japoneseses, num filme de que até gostei muito, o "Lost in translation"... Outro exemplo é o da imagem da "família à portuguesa" no "Love actually", ainda por cima de influência italiana, porque os homens portugueses não costumam beijar-se na face (Lúcia podias tê-los poupado a esse lapso!). É que até uma caricatura deve basear-se num fundo de verdade e também me custa que seja apenas básica, como se para caricaturar fosse dispensável a imaginação.

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