jueves, 17 de junio de 2010

Dignidade garantida, que a dignidade não é coisa mínima

A minha avó criou os filhos dela, os sobrinhos dela e os netos dela, nos mesmos anos em que trabalhou muito no campo e em casa. Antes disso tudo ajudou a mãe a vender peixe na Ribeira e trabalhou numa fábrica. Nunca fez descontos por conta própria, porque não podia, nem por conta de outrem, porque o patrão meteu ao bolso o dinheiro que supostamente seria para o Estado previdente do país salazarento, sonolento e desatento.

A minha avó, que durante anos contribuiu para um país melhor, não teve direito a reforma, nem a rendimento mínimo, até à morte do meu avô. Depois herdou a parte da reforma dele, que lhe cabia por viuvez.

Pois que há muita gente que recebe reforma e reformas a mais, face ao que produziram e face ao que contribuíram, mas há muitos também a receber reforma e subsídios sociais a menos face ao que produziram.
As donas de casa e mães a tempo inteiro, cujos maridos ganham pouco mais que o salário mínimo... As avós e os avôs que não contribuíram, mas não sabiam. E os que a falta de saúde não permite laborar... Por todos eles se justificam os subsídios sociais e a melhor forma de os defender é pôr a claro os seus teres e haveres.

Se defendo que quem tem bom corpinho deve trabalhar em vez de relaxar as peles à custa do Estado inconsequente, também sou a favor de que se acautelem os direitos de quem andou demasiado ocupado a trabalhar e não teve engenho para os acautelar.

O Governo não me perguntou nada - incompreensivelmente nunca me pergunta nada, à excepção daquela pergunta retórica que de quatro em quatro anos, às vezes menos, me vai fazendo - mas discutia-se o tema no Fórum de hoje da TSF e precisei de escrever isto.

1 comentario:

Ana paula dijo...

Eu fui criada pela tua avó, essa grande mulher, que muita falta nos faz.

beijos