Tendo em conta que o único filme nomeado para melhor filme nos Óscares 2016 que eu vi foi o "Spotlight", pouco posso dizer da justiça ou injustiça da escolha da Academia.
O que eu posso dizer é que o filme tem um elevado poder de moralização (a Academia não resiste a colar-se a esse poder): não estou a referir-me ao crime que a igreja católica cometeu ao autorizar a impunidade e a persistência da prática de crimes sexuais (a esse respeito, o filme limita-se ao que já se sabia), mas sim ao mérito da investigação no jornalismo. Essa é a tecla em que vale a pena insistir.
Eu gostava de saber quantos editores, chefes de redação, diretores de órgãos de informação coraram de vergonha ao verem o filme?
A denúncia óbvia do filme é menos importante do que o que ele denuncia indiretamente: a falta que fazem "Rezendes" nas redações.
A denúncia óbvia do filme é menos importante do que o que ele denuncia indiretamente: a falta que fazem "Rezendes" nas redações.
E um filme que obriga a classe jornalística e a igreja a olhar-se ao espelho desta forma é capaz de merecer um óscar, mesmo sem ser um grande filme.