Volta e meia recebo no mail histórias suspeitas e já aconteceu descobrir que se tratam de embustes depois de as googlar: artigos de opinião assinados por especialistas que não existem, a "descoberta da pólvora", nas suas mais diversas versões...
A aldeia global está cheia de minas, sobretudo para os que querem fazer jornalismo, e acreditar tornou-se ato* mais trabalhoso. Por outro lado, confirmar as fontes nunca foi tão fácil (salvo raras exceções)...
Na semana passada, a Visão tropeçou numa mina: publicou o que se revelou ser uma fotomontagem de Ronaldo a segurar um cartaz com uma mensagem a favor da Palestina.
É grave. Eu acho grave, sobretudo porque se tornou banal cometer este tipo de erros e as redações não investem tempo no contraditório.
Quando o jornalismo perde a obrigação (que o define) de contar a verdade, de a procurar, da obrigação decisiva para se distinguir da variedade de informação que circula online ao abrigo de outras capas, deixa de ser jornalismo.
*Passei a adotar o acordo ortográfico e passei a concordar com ele porque tenho uma filha que vai aprender a escrever com este português e porque o acordo ortográfico é também favorável ao jornalismo: há muito que nos circunscrevemos a um mercado de 10 milhões e desprezamos os milhões de leitores que falam, escrevem e lêem português. O acordo ortográfico impõe o português como uma ferramenta de trabalho mais inclusiva. Está na hora de os jornais e revistas portuguesas aproveitarem a oportunidade gerada pelo acordo e investirem a sério em delegações em África (no Brasil será mais difícil, dado o número de concorrentes...), para ganharmos publicações com uma cobertura expressiva (digna) do mundo lusófono. Faz sentido também do ponto de vista comercial, já que muitas empresas estão (finalmente) a levar as suas marcas para os países lusófonos e através de um só suporte poderiam chegar a estes mercados.
Enfim, contratem-me!
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