Já não me lembro muito bem da história, mas ficou-me que na Califórnia há uma comboio que faz um percurso temático por entre vinhas e com direito a refeição a bordo devidamente acompanhada pelos vinhos que sustentam a paisagem. Na altura pensei: fantástico! E depois pensei outra vez: fantástico! E depois pensei: como é que isto ainda não se faz no Douro????
Há duas semanas fui ver o Pare escute olhe e voltei a pensar nisso. Jorge Pelicano, autor do documentário, deu outro exemplo: um comboiozinho turístico numa terra atrás do sol posto serpenteia cheio entre as montanhas suíças... A terra de que se fala é Vers L'Eglise e, de acordo com o que mostra o documentário, não é comparável em beleza ao percurso da linha do Tua.
A certa altura um deputado (não decorei o nome), eleito por Bragança, argumenta que não se pode manter uma linha como a do Tua, que não é rentável. O que ele, os autarcas da região e a CP deveriam estar a perguntar é: "não é rentável porquê?"
A Alemanha queria comprar as ilhas à Grécia e eu sonho com alemães, espanhóis, ou outros empreendedores com dois dedos de testa... Comprem a linha do Tua à CP e aproveitem aquele ENORME potencial turístico, acautelando devidamente as condições de segurança! E os efeitos colaterais positivos para a região e para o país que a coisa geraria!
Enfim, gostei do filme (mesmo quando a argumentação era ingénua) e perfilho a causa.
Não tenho nada contra barragens, depois de ficar provado que são o último recurso, depois de recuperadas as bem menos problemáticas mini-hídricas, por exemplo... Claro que essas não dão jeito à EDP, mas é de micro, pequenas e médias empresas que este país é sobretudo feito... Mas também estamos a desistir delas, como temos vindo a desistir dos comboios...
Por teimosia e sobretud0 por gosto integrei o lote (primeiro éramos muitos, depois poucos) dos que saíam da Covilhã de comboio à sexta e partiam no domingo de Campanhã para uma viagem que chegou a durar seis horas (o dobro do que fazia a camioneta da Joalto).
Numa dessas vezes o comboio parou tal era o nevão junto à Guarda... Parámos para brincar com a neve e vê-la a brilhar na paisagem serrana. A Natureza impôs o "Pare, escute, olhe"...
Eram sobretudo estudantes, donos de todo o tempo do mundo, que viajavam no comboio académico (chamava-se assim). Durou pouco, talvez por falta de gente, porque não era rentável, porque os sucessivos governos e equipas directivas da CP não acharam rentável investir na modernização da linha da Beira...
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